Parabenizo pelo site. Estou enviando um texto sobre criacionismo x evolucionismo, não tem caráter nem religioso nem ateísta, acho que a discussão saiu do foco básico, e é hoje uma discussão de torcida entre duas correntes. Procuro mostrar no texto equívocos de ambos os lados,... bem mas no texto está tudo. Agradeço muito a atenção e crítica. Obrigado. 28/05/2005
EVOLUCIONISNO E CRIACIONISMO
“DESIGN” INTELIGENTE - DI

A longa discussão e controvérsia entre o criacionismo e o evolucionismo a respeito do ser vivo e de todo o Universo, como generalização, tem mostrado duas facetas importantes.

- Por um lado, argumentos objetivos mas que enfocam muito mais as próprias especialidades do argumentador do que propriamente a questão das origens.
- Por outro lado, argumentos subjetivos de posições acirradas de convicções pessoais, que tornam a discussão um exercício de ataques e defesas.
As duas facetas são válidas do ponto de vista de liberdade de expressão, contudo, não tem levado a consenso algum sobre algo que é fato, os seres vivos e o Universo estão aqui e são como são. A idéia é utilizar as próprias argumentações para expor uma visão pessoal pragmática sobre a questão, tentando mostrar que pode haver um caminho de consenso sobre questões mais amplas do que parece mostrar a discussão.
A linha básica é baseada na premissa de que se dois objetos são muito similares em tudo, e se uma deles tem perfeitamente conhecida a origem e evolução, e outro similar não se conhece, a hipótese tida como racional é que as origens teriam que ser no mínimo similares. Nas diversas argumentações existem várias comparações semelhantes, porém não há a conclusão na mesma linha, que por sua vez não tem a pretensão de ser modelo de nada, muito menos científico, é apenas opinião.
Interessei-me pelo assunto após ler há 30 anos atrás num livro de administração que falava sobre a capacidade técnica e financeira da humanidade em suprir toda população com as necessidades básicas como alimento, vestuário, moradia, etc. Contudo, a maior parte da população vivia em dificuldades, uma outra grande parte permanecia sem nada, incluindo alimentos, ao lado de uma pequena parte vivendo na abundância e no desperdício. Onde estava a origem de tal paradoxo? Eu pensava, na época, ser um problema da ciência, entretanto, a ciência evoluiu muito de lá para cá, mas o problema continua o mesmo, senão pior. A FAU relatou em 2002 que a humanidade produziu alimentos para 12 bilhões de pessoas, a população era perto de 6 bilhões, e grande parte dela tinha dificuldade para alimentar-se, o que parece agravamento. Então, decidi estudar melhor o assunto nos últimos 10 anos, conclui que a religião pode estar na base do problema, até chegar à querela em pauta.
Não sou um cientista, biologista ou pesquisador especializado, nem tampouco um teólogo ou filósofo, somente um engenheiro mecânico que trabalhou toda a vida em indústria, de sorte que o texto não tem intenção de ser teoria, como antropomorfismo, kantismo, antropomorfismo, ou qualquer outro “ismo”. Respeito toda e qualquer igreja de qualquer religião, incluindo o ateísmo, porque eu penso ser um direito de cada um seguir sua própria convicção e crença. Assim gostaria de expor somente uma idéia pessoal sobre questões gerais a respeito do assunto, sem agredir a convicção de ninguém. Se alguma explicação não atende esse propósito, a explicação está ruím ou está errada.
O texto é dividido em quatro partes, na primeira aponto alguns equívocos de ponto de partida na controvérsia, na segunda faço algumas críticas aos argumentos tanto criacionistas como evolucionistas, na terceira exponho um ponto de vista sobre o DI (“Design” Inteligente), e por fim, faço uma conclusão final. Como referência serão utilizados os livros de Richard Dawkins (O Relojoeiro Cego) e Michael Behe (A Caixa Preta de Darwin), apenas para ilustrar mas também serão utilizados argumentos genéricos de vários outros autores alguns mencionados outros não. Não há a idéia de balisar o argumento em eruditos de qualquer espécie, nem de se fazer uma crítica, mas apenas de expor uma concepção conceitual que possa ser considerada tanto por uma corrente como pela outra..

I -PONTOS DE PARTIDA EQUIVOCADOS

A par das considerações iniciais sobre a maneira como a discussão se torna complicada principalmente pelo aspecto das convicções pessoais, no meu entender, há alguns pontos de partida ou premissas de ambos os lados que parecem levar à maior parte da divergência na questão. Não se trata de complementar ou opor os inúmeros argumentos encontrados de ambos os lados no sentido de ataque e defesa, mas apenas identificar pontos simples de equívocos que eliminariam grande parte dessas divergências. Seguem na seqüência não necessariamente de importância.

1.1 - RELIGIÃO/IGREJA e CIÊNCIA/INSTITUIÇÃO

Não encontro qualquer espécie de distinção entre os pares de conceitos acima, e penso que uma grande parte de divergência seria eliminada somente por diferenciar um do outro. Não quero ser pretensioso, mas acho inevitável revisar algumas definições no sentido de dar suporte aos argumentos.
Há um grande número de definições para ciência, todos corretos porém parciais. Sobre a religião não se encontra tantas definições, parece ser mais complicado. Assim pretendo expor minha própria visão das mesmas para chegar a uma definição pessoal. Acho que Einstein foi bem sucedido quando escreveu sobre ciência e religião, resumindo a diferença entre “o que é” “d’aquilo que deve ser”, e também sua conclusão de que “a ciência sem a religião é manca e a religião sem a ciência é cega”, que será aproximadamente a linha de raciocínio. No caso das igrejas e instituições será feito apenas um alinhamento de características, sem se chegar a uma definição propriamente dita.
a) CIÊNCIA E RELIGIÃO
1) Ciência e Religião são resultados da evolução da inteligência dos homens e historicamente a ciência é a “filha” da religião. Os outros animais, exceto o homem, não necessitam de religião ou ciência, assim elas surgiram da racionalidade humana.
2) CIÊNCIA e RELIGIÃO são ACERVOS DO CONHECIMENTO HUMANO. Elas não fazem nada, não são boas nem ruíns, etc., somente os homens fazem as coisas.
3) A Ciência focaliza os fatos observados pelos homens na natureza, e eles significam “aquilo que é”. A Religião focaliza o homem como corpo mais “espírito”, mostrando sua destinação depois da vida, e isso significa o “que deve ser”. Isso define o aspecto espiritualista da religião e não conheço qualquer religião que não seja espiritualista, considerando que marxismo, positivismo, freudismo, darwinismo e similares, que obviamente descartam o espírito, ainda não possam ser consideradas como tais.
4) A ciência focalizando os fatos, não pode olhar para o futuro, somente para o passado por evidenciar e/ou prová-lo. Contudo, o cientista fazendo teoria, olha para o passado e para futuro, mas é apenas uma “revelação” ainda que baseada em constatações. Ampliando o acervo de conhecimento, entendo que a teoria faça parte da ciência, contudo, está no aguardo de comprovação, e nisto está a essência da ciência. Podemos provar e até interpretar o passado, mas o futuro só podemos “revelar”. Por outro lado, todas as coisas da natureza são objetos da ciência, incluindo os seres vivos como matéria, e, portanto, passíveis também de teorias.
5) A religião focalizando o “espírito” do homem e seu futuro, não pode provar, somente pode “revelar”. Além disso, a religião não se preocupa com os outros objetos do Universo inclusive os seres vivos, exceto o homem, e quanto fala das coisas da natureza, está falando sobre a relação dos homens com elas. Quando alguma “revelação” da religião possa ser provada, pode perfeitamente passar a ser objeto da ciência, desde que atenda seus paradigmas.
6) Há uma certa justaposição entre os focos da religião e da ciência, principalmente no que concerne às doutrina e teoria, mas, na minha opinião, apenas clarifica ou enfatiza seus próprios focos de atenção. Dessa forma, pode ser muito fácil identificar o que seja objetivo da religião ou da ciência sobre um mesmo assunto mesmo nessa área de sobreposição. Por exemplo, a Bíblia não fala sobre ciência, mas somente sobre os homens, mesmo quando esteja falando sobre alguma informação “científica”, como é o caso, por exemplo, da Gênese. Parece que já há uma aceitação mais ampla sobre a questão de interpretação da “Bíblia literal”, mesmo por parte do criacionismo, mas ainda origina controvérsias absolutamente solúveis.
7) Não existe planejamento para o passado, somente para o futuro. A ciência e religião não planejam, mas dão subsídios para que os homens o façam através igrejas e instituições. Planejar significa o que e como se deve fazer algo agora para o futuro, assim tanto a religião como a ciência dão apenas suporte a um planejamento.
8) Por conseguinte, a ciência e a religião não são mutuamente excludentes, mas uma complementata a outra, pois objetivam focos distintos porém sinérgicos, e isto justifica o que disse Einsten.

Concluo com a definição: “a religião é um acervo de conhecimento humano relacionado ao “como o homem deve ser e fazer para si mesmo e aos demais””, e “a ciência é o acervo de conhecimento humano relacionado a “como a natureza e o Universo são”“. Essa definição não pressupõe nenhuma preocupação à priori sobre a existência de Deus, e muito menos como é ou como faz, mas contempla tanto as religiões onde a crença da existência de Deus não altera nada, como também o ateísmo na outra ponta, onde a admissão de sua inexistência também é inóqua. Assim as convicções pessoais de cada um são preservadas, mesmo que o objetivo da definição não tenha sido esse.

b) IGREJA e INSTITUIÇÃO (governo, empresa, etc.)

Todas as coisas que o homem faz tem por base seu próprio conhecimento, e normalmente são feitas através de alguma organização corporativa. As igrejas são as que se propõem colocar em pratica suas respectivas religiões, e as instituições devem colocar a ciência em prática. Descreverei apenas algumas características dessas entidades corporativas como segue:

1) Todas elas são entidades temporais feitas e administradas por grupos de pessoas que se propõem respectivamente a praticar os acervos de conhecimentos humanos e procuram como objetivo básico suas próprias sobre-existências na busca de cumprir uma doutrina ou teoria.
2) São grupos de pessoas que são capazes de agir e fazer algo, então, atos e decisões bons ou maus, são de sua competência, dependem do respectivo nível de evolução do grupo e das pessoas que têm autoridade sobre o mesmo. A ciência não constrói edifícios, assim como a religião não faz sinos, mas as entidades sim.
3) Elas não têm doutrinas ou teorias, mas somente regras e leis que podem ter diferentes nomes (cânones, estatutos, constituição, etc.), baseadas em doutrina e/ou teoria tanto da religião como da ciência
4) Assim falar, por exemplo, de igreja A como se estivesse falando da religião B, confunde uma argumentação. É menos comum haver essa confusão no caso da ciência e das instituições.

Não apresento uma definição porque não me ocorre na mente. O objetivo básico é clarear a diferença entre igreja e a religião, ou instituição e a ciência, e não uma definição propriamente dita, ainda no item anterior ela ocorreu.

Não é o propósito detalhar mais, mas devo adicionar alguma ilustração.

- Em geral, não é as mesmas pessoas que fazem uma doutrina ou uma teoria, e aquelas que a põem em prática tanto na religião como na ciência. Basta olhar para uma igreja e uma empresa para ver isso. Nisso é importante o planejamento na forma unívoca no que diz respeito ao como e ao quê fazer. Quando ciência e instituição não convergem, o cientista vai numa direção e o executor pode ir em noutra, ainda que utilizando as mesmas técnicas, o mesmo ocorrendo com a religião e a igreja. Não há, portanto, unicidade nos planos quando a pessoa trata de acervo e quando trata de execução ou ação.
- Um religioso pode ser um cientista, e vice versa. Se um religioso trabalha num laboratório dentro de sua igreja, um monastério, por exemplo, as regras da instituição têm prioridades para ele. Num caso deste, uma experiência teria que ser interrompida na hora da oração do monge, mesmo com prejuízo da mesma. Contudo, se o mesmo religioso está trabalhando num laboratório de uma empresa, as regras são outras, e uma experiência talvez não possa ser interrompida por oração alguma, ainda que mentalmente a pessoa desvie sua atenção. Em ambos os casos, contudo, tanto a religião como a ciência podem e estão perfeitamente presentes nos atos do pesquisador, tanto religioso como leigo. O exemplo não é uma generalização, apenas ilustração Além disso, sempre que fazemos algo, ele está ligado a alguma finalidade, que normalmente envolve uma duplicidade: a finalidade da entidade envolvida e a finalidade pessoal. Em alguns casos, contudo, pode não ser encontrada essa duplicidade, como alguns artistas que vivem da arte, e outros a usam apenas como deleite. Essa é a realidade das pessoas nas suas respectivas atividades, tanto faz religiosa como científica ou artística. Considera-se a arte como parte da ciência, e não da religião, mas é apenas um critério pessoal.
-Tanto uma igreja como uma empresa ou instituição, atendem condições e circunstâncias típicas de sua vivência no tempo e espaço, assim, elas não são necessariamente reflexão especular de uma doutrina ou de uma teoria científica. O ritual de uma igreja não é uma doutrina religiosa, mas apenas um aspecto canônico e prático dessa igreja, ainda que com objetivo certamente de se procurar atender a uma doutrina. Da mesma forma, a administração e organização de uma empresa procuram antes os requisitos de sobrevivência própria na circunstância em que se encontra, ainda que usando a ciência como suporte prático. Não é difícil dessa forma encontrar igreja que se apresente como a legítima e única expressão de uma doutrina, da mesma forma como empresas ou instituições que se mostrem como a última tecnologia. São argumentos e práticas de sobre-existência, pois ambas precisam de seguidores e clientes. Essa é a realidade dessas organizações temporais, por mais que as mistifiquemos. Se houvesse uma única igreja, não haveria a mínima necessidade de se mostrar como única expressão de uma doutrina, o mesmo podemos entender sobre as empresas ou instituições se também pudesse haver uma única, onde teríamos a situação conhecida de monopólio ou autocracia, mesmo que uma análise profunda ainda não mostre a verdade especuclar de suas respectivas bases teóricas. Por isso os monopólios e autocracias nunca foram exemplos de boas entidades entre os homens.

Assim, na discussão em pauta, é muito diferente falar-se em doutrina ou teoria, ou falar-se de situações práticas de igrejas ou instituições, pois são coisas diferentes, apesar de sinérgicas.

1.2 - DEUS

Falar sobre Deus é básico porque toda a discussão tem sua principal divergência nesse ponto, como presumo.
O criacionismo começa no ponto em que todas as coisas foram criadas por Deus, subitamente ou não, baseadas nas “revelações religiosas”. Fica mais complicado ainda com a concepção de Deus como pessoa (antropomorfismo), onde se acaba desviando o foco da discussão na direção das convicções pessoais.
O evolucionismo, omitindo Deus, tem de encontrar um outro ponto de partida, na minha opinião, mais difícil. A base parece ser a teoria da evolução de Darwin, mas ela não é tão clara. Não há ponto definido onde as coisas comecem e como acontecem, e não é clara a explicação sobre o que aconteceu antes. A alegação mais comum é o “acaso”, mas isso é somente uma “crença”. Se assim fosse, não vejo problema algum porque cada um de nós pode acreditar em sua própria convicção. A teoria da evolução e a doutrina religiosa da criação do ponto de vista da crença pessoal, se equivalem.
Não há a pretensão de “provar ou não” a existência de Deus, mas mostrar algumas assertivas equivocadas de ambos os lados, além de que nesse contexto, crença e fé são coisas muito diferentes, mas não são objetos deste texto.

- DEUS E OS HOMENS

Ambas as partes assumem na discussão que somente o homem existe ou que somente o homem e Deus existem na questão de fazer alguma coisa no Universo, o que parece resquício ainda de um egoísmo humano de que seja o centro do Universo. Algumas religiões admitem outros “espíritos”, anjos e demõnios, mas estes não estão preocupados com a criação e evolução do mesmo. Essa conclusão explícita ou não da existência de apenas um ou dois atores, contudo, não é uma conclusão racional.
Se Deus é verdade (criacionismo) como algo infinito (definição religiosa), por que Ele teria criado apenas o homem para “ajudá-lo ou secundá-lo” e apenas bilhões de anos depois? Por outro lado, se há somente o homem inteligente (evolucionismo), é racional admitir que todas as coisas que já estavam aqui antes dele, pudessem ser apenas por “acaso”? É claro e racional para mim que entre Deus ou o “acaso” e o homem deve haver alguma outra coisa que poderia ser capaz de fazer tudo o que não foi feito pelo homem. Acho que é por isso que M. Behe na sua hipótese de “planejamento inteligente” emite o “autor”, pois um ser infinito não poderia ser questionado em pontos aparentemente controversos, e não adianta muito tentarmos explicar as pressupostas intenções desse ser infinito.

- OS HOMENS E DEUS

Se admitirmos haver alguma continuidade entre uma entidade infinita até à entidade limitada do homem, podemos eliminar um grande número de pontos divergentes. Não quero, contudo, propor como deve ser essa(s) entidade(s) intermediária(s), nem criticar qualquer crença de alguém. Contudo, uso novamente as palavras de Einstein, que dizia: uma doutrina que não é capaz de se sustentar à “clara luz”, mas somente na escuridão, está fadada a desaparecer ... para justificar a mim mesmo como uma boa base para uma doutrina (religião) ou uma teoria (ciência), mas cada pessoa tem o direito de escolher qual seja sua própria convicção quando se depara com uma questão de crença. Podemos evidenciar pelo menos indiretamente essas inteligências intermediárias, desde que despojados de um fanatismo tanto religioso como científico frente aos fatos. Será mostrado mais abaixo.

1.3 - A NATUREZA E O SER VIVO

Podemos admitir que todas as coisas materiais que existem na natureza e no Universo podem ser explicadas pela ciência, ou serão um dia Uma dificuldade é explicar cientificamente o ser vivo, porque nele a matéria ‘nasce’ como ser vivo, permanece como ser vivo por algum tempo, e depois morre, e a matéria retorna à natureza sem vida alguma. O que acontece no começo e no fim da vida? A dificuldade é menor para aqueles cuja crença já seja a resposta satisfatória, tanto faz ser religiosa como científica, mas é difícil para aqueles cuja razão procura resposta mais pragmática. Qualquer crença, entretanto, tende a simplificar muito, mas explicar pouco pois apenas se acredita, enquanto a defesa pela razão pode complicar muito, sem também concluir melhor muitas vezes.
A religião diz algo claramente sobre o espírito ou alma do homem e das coisas inertes que não teriam esse espírito, mas há uma confusão sobre os outros animais e plantas no mesmo sentido. Eles têm ou não têm “espírito”, e o que é um ser vivo e um ser animado? A explicação destas coisas relativas à crença no espírito (ou alma) externo é algo confuso, ainda que seja objeto de fé para quem o admite.
Por outro lado, as pessoas evolucionistas procuram explicar somente baseadas na matéria ou na ciência, e apenas diferenciando ser vivo e não vivo, como o Sr. Richard Dawkins, que diferencia um objeto de um ser vivo, porque o primeiro não é feito de “carne e osso”, ainda que fosse uma figura pictorial para explicar artefatos humanos (ver “O Relojoeiro Cego” - R. Dawkins). Dispensando a crença no espírito, acho que se complica mais.
Tentarei apresentar uma conceituação que julgo melhor quando falar sobre DI abaixo.

1.4 -CRIAÇÃO E/OU EVOLUÇÃO - MEIO AMBIENTE

O criacionismo não admite a evolução, e o evolucionismo não admite a criação, como presumo numa postura geral. Contudo, penso que ocorrem ambas, porque elas dependem das mudanças no meio ambiente, cuja origem não é cogitada na discussão. Presumo, ainda, que se admite que o ambiente não é objeto de criação ou evolução, mas isso não é verdade. O homem pode mudar o ambiente, e ele faz isso diariamente. Assim, a adaptação ao ambiente tem sua origem na mudança do mesmo. Para haver evolução ou mutação de espécies, precisa antes haver alguma mudança no ambiente. O ambiente não é um dado fixo da natureza e nem um acaso, mas há de ter a mesma origem como tudo o mais, com respeito à discussão. O que é aquela “sopa” onde a vida teria surgido (evolucionismo)? O homem não pode simular aquela “sopa” no laboratório? E ele faria isso “por acaso”? Falarei mais abaixo.

CONCLUSÃO DO TÓPICO

Penso que os itens acima possam ser os mais importantes pontos de partida equivocados na discussão, omitindo a defesa pessoal de convicções. Falei pouco sobre a igreja (pessoas religiosas) e a instituição (empresários, governantes, operários, etc.), mas a ciência e a religião não discutem nada, somente as pessoas o fazem. Assim, os problemas relatados são na realidade problemas das pessoas. Apenas suponho que a diferenciação falando sobre religião ou ciência e sobre igreja ou negócio, pode ajudar a se chegar a um consenso. A ciência não fez bomba atômica, ela apenas supriu conhecimento para o homem fazê-la, e a religião não fez “inquisição”, mas a igreja a fez. Nós tivemos coisas ruins mas tivemos também coisas boas, e todas elas foram feita pelos homens e somente para eles, através de suas organizações, assim nem a ciência nem a religião erraram ou acertaram, apenas os homens assim procederam. Isso significa um planejamento desencontrado. A religião que só olha para o futuro, deveria estar catalisando o planejamento unívoco. Essa discussão, entretanto, ainda não vi em argumento algum.
Por outro lado, a discussão prioriza os erros de uma pela outra corrente, mas eu penso que seria melhor priorizar as congruências ao invés das incongruências. Assim, por que não inverter o foco da discussâo? Não haverá problemas se procuramos encontrar as congruências comuns ou consenso, haverá problemas quando se apontam apenas as incongruências.

II - ARGUMENTOS EVOLUCIONISTAS E CRIACIONISTAS

A divergência entre as partes começa na partida e não depois de um dado ponto, ainda que no meio surjam pontos isolados de convergência. Minha idéia é que poderia haver consenso até determinado ponto, e depois surgiria alguma divergência, que é típica da inteligência em desenvolvimento. Penso que isso é possível pela eliminação de pontos de partida equivocados. Lembra-me aquela caricatura dos dois asnos atrelados e teimosos para comer seus próprios montes de feno. Se o feno é o mesmo, não é racional transformá-los em alimento particular, sem evidentemente fazer qualquer analogia pejorativa e pessoal. Assim, pretendo mostrar discrepâncias na argumentação de cada um, que eliminadas, convergiria para um ponto de vista geral.

2.1 - ARGUMENTOS EVOLUCIONISTAS

A principal base do evolucionismo é a Teoria de Darwin, onde todas as espécies teriam surgido de um único e simples indivíduo, e este poderia ter sido uma célula viva ou uma bactéria simples, como minha interpretação apenas, e daí para frente explodiu numa árvore da vida, como conceito. Claro que como não se dispõe desse “indivíduo” inicial e nem das “ramificações” como ocorreram, o que se tem é uma “interpretação” de alguns fatos que são as descobertas paleontológicas. Isto é, uma teoria que apresenta a “revelação” de como as coisas poderia ter acontecido. Mas é como dirigir por um retrovisor “embassado”, assim a teoria não consegue apontar para nada no futuro.
Mas e antes do ser inicial? Há inúmeras argumentações mostrando a inconsistência da teoria, como também inúmeras outras mostrando o contrário. Contudo Darwin apresentou um desafio que é (nas minhas palavras): se alguém puder mostrar algum objeto mais complexo que pode não ter sido originado de outro(s) mais simples, essa teoria (Darwin) falha. Acho que aqui reside o conteúdo máximo da teoria da evolução, e é ótimo desafio, porque por ele podemos chegar até um Deus! Hoje sabemos que a célula é muita complexa, e também o átomo é muito complexo. Regredindo para coisas mais simples, chegaríamos necessaruanebte a uma partícula unitária que não seria composição de nenhuma outra (minha conclusão), e isso seria de fato a “origem”. Tentarei mostrar abaixo que isso significa ter chegado a Deus!!! Assim o argumento da evolução poderia presumir também algum “princípio” como Deus, e aí praticamente desapareceria o principal mote da discussão. A maneira como as coisas acontecem, isso sim continuaria sendo teorias com suporte científico ou não.
Por outro lado, a argumentação tem sido sempre baseada em sofisticado amontoado científico e técnico de detalhes que, para quem não tenha a especialidade do argumentador, se torna difícil identificar o ponto básico de como a vida aparece ou evolui. Parece-me que é mais importante ressaltar o nível de “autoridade” do argumentador do que a questão básica. Acho que a ciência só pode explicar a origem das espécies até onde suas ferramentas o permitem fazer, a partir daí, é apenas teoria de alguém, sem nenhum desprestígio à teoria. Crer numa teoria é o mesmo que se crer em outra com o mesmo peso de autoridade para quem crê.
Enfocando Darwin, temos de distinguir o cientista pesquisador do cientista teórico. As pesquisas relatam fatos que podem ser provados. A teoria é interpretação e “revelação” de alguma conclusão pessoal a respeito das pesquisas, não é fato mas teoria. Assim podemos acreditar ou não acreditar, e isso é uma convicção pessoal ou “crença”, conclusão que vale para qualquer pesquisador ou pensador ou escritor.
É similar ao Big Bang. Existem algumas “observações” que são fatos, que podem levar a uma “interpretação’ que pode por sua vez levar alguém a concluir que foi o início do Universo, mas isso é somente uma teoria. Os cientistas falam que o Big Bang teria ocorrido há 10 ou 15 bilhões de anos atrás, mas os mesmos cientistas já informam que há “astros” distantes mais de 25 bilhões de anos luz!!! Assim há incoerência na interpretação. Minha opinião é que o Big Bang foi um fenômeno de grandes proporções, se um dia a ciência prová-lo. Mas também é apenas uma opinião, até menos do que uma teoria, mas como eu acredito nela, qualquer outro pode acreditar em outra coisa. Apenas o respectivo fanatismo pode tornar uma crença em verdade para aquele que crê, ainda que toda crença tem um finalidade pessoal para cada de um nós. Por isso a crença é importante em qualquer religião.

2.2 - ARGUMENTOS CRIACIONISTAS

Não sei por que os argumentos de pessoas religiosas são somente de Cristãos. Poderia ser somente minha ignorância, mas se for verdade, há algo incompleto nisso. Outra questão é que quanto mais acalorada é a discussão mais os “canones” de uma igreja são atacados, ao mesmo tempo em que são defendidos. O foco escapa do objetivo e se concentra nas convicções pessoais.
Com relação ao teor das argumentações, quando feitas por um cientista criacionista, ocorre o mesmo tom de detalhismo científico encontrado nos evolucionistas. Quando feitas por um religioso, a crença é o tom básico da argumentação. Em ambos os casos o foco fica deslocado para as convicções pessoais.
Podemos entender que Deus esteja criando continuamente, da maneira como os criacionistas parecem argumentar, conclusão que também teríamos com os evolucionistas na questão da evolução. Desta forma poderíamos “ver” como Deus “cria” ou como a natureza evolui a qualquer instante, o que, entretanto não costatamos. Na minha opinião é uma maneira confusa de explicar. Poderia ser mais claro se o processo de criação fosse de Deus, mas não sei se essa poderia ser a idéia criacionista. Retornarei ao tema abaixo.
Além disso, o criacionista apresenta Deus como uma “pessoa”, assim, além dos ateístas, também alguns religiosos como os Budistas, são bandeados por princípio. Como disse antes, não é importante para a discussão da origem de alguma coisa, se Deus é uma pessoa ou não, e até mesmo se existe ou não, por que os fatos e muito menos Deus, de qualquer forma, seriam diferentes apenas pela nossa própria crença, cuja finalidade é apenas pessoal. A crença não vale nada se não tem utilidade para quem acredita.

CONCLUSÃO DO TÓPICO

Assim, o excesso de simplificação de um lado pelo criacionismo, leva ao excesso de complexidade do outro, para, afinal, se pretender chegar a uma conclusão sobre um mesmo fato, conclusão essa que se torna impossível. Isso leva a uma definição de criacionismo e evolucionismo que parece ter pouco a ver com a criação e evolução propriamente ditas. São apresentados argumentos de difícil consenso, além de se encontrar inconsistências internas. A razão, contudo, parece mostrar que uma verdade poderia estar muito mais próxima daquilo que possa ser consenso, do que seja divergência. Uma análise conjunta dos dois livros citados, eu diria que seus autores poderiam apresentar consenso em mais de 90% do conteúdo dos livros, ficariam metade do restante como pontos de vistas que poderiam congruir, e apenas nos restante talvez 5% haveria realmente discordância baseada em convicções pessoais. Contudo, o objetivo dos dois livros foi exatamente tratar desse pequeno 5%! Trata-se, entretanto, apenas de uma opinião pessoal, nem mesmo crítica.

III - “DESIGN INTELIGENTE” (DI)

Das várias argumentações de criacionistas e evolucionistas, penso que a “teoria” DI (é teoria?) seria boa senão a melhor, por isso faço alguma consideração com o objetivo de ser possível um consenso. Essa ‘teoria’ está rolando hoje em considerar explícita ou implícitamente que o “projetista” (designer) é Deus, no caso do criacionismo, ou o nada (“cego”), no caso do evolucionismo, e esse é um problema de ponto de partida muito assentado numa premissa que se equivoca pelos pontos acima mencionados.

Na realidade, se Deus existe ou não, não fará diferença alguma se nossa crença ou descrença nEle é assim ou assado, assim toda a explicação cujo ponto de partida é a crença ou não em Deus, levará a um não-consenso. O Universo existe e o ser vivo está aqui, podemos gostar ou não, e eles não vão se adequar às nossas teorias ou doutrinas, mas elas devem se adequar a eles. Esse é o ponto de vista de minhas considerações. Assim, apesar da teoria DI parecer ser boa, também está eivada de equívocos de ponto de partida.

3.1 - O RELOJOEIRO (Willian Paley)

Presumo que o DI se originou do livro de Paley. O livro evolucionista (“O Relojoeiro Cego”) de R. Dawkins e o livro de M. Behe (“A Caixa Preta de Darwin’) são duas diferentes versões de uma mesma idéia. Penso que o exemplo de Paley foi pobre, o livro de Dawkins é uma grande explicação de biologia, Behe faz uma brilhante exposição de bioquímica, mas ambos explicam pouco sobre a evolução e a criação. M. Behe apesar de não se intitular criacionista, expõe um concepção do “Inteligent Design”, como o “planejamento inteligente”, aí confunde mais a questão, não obstante o brilhantismo de seu livro, bem como o de Dawkins nas suas respectivas áreas.
Vamos usar o mesmo exemplo de Paley (pedra e relógio), partindo do princípio que é origem do DI, mas em outras duas circunstâncias:

a) PEDRA - RELÓGIO QUEBRADO - PÁSSARO MORTO (pássaro por causa do livro de Dawkins).
b) PEDRA NUM ESTILINGUE – RELÓGIO NO PULSO DE ALGUÉM - PÁSSARO VIVO.

Temos os mesmos objetos materiais em duas circunstâncias. Na primeira temos os objetos como simples matérias mortas, caminhando para a degenerar de acordo com as leis da termodinâmica. Na segunda circunstância temos o objeto natural (pedra) que pode ser ‘animado’ através de um garoto e seu estilingue, o artefato humano (relógio) que pode ser ‘animado’ quando é usado por alguém para marcar as horas, e a terceira que é o ser vivo (por consequência, ‘animado’). A questão é qual a diferença entre um “ser animado’ e “um ser vivo”, ao invés e melhor do que qual a diferença entre o pássaro e o relógio, ou o pássaro e a pedra. Quando inanimados, basicamente são matérias iguais e carecem de maiores conjecturas.
Na primeira circunstância temos três objetos como matéria natural inertes seguindo as leis físicas. Na segunda temos os mesmos objetos capazes de “se” mover com alguma finalidade, e a partir daí se torna dispensável qualquer consideração sobre complexidade, etc. Do ponto de vista de origem, uma simples arruela ou um foguete da NASA são igualmente objetos decorrentes da inteligência humana, portanto, não é a complexidade que explica a origem. E aqui aparece a primeira noção de planejamento. Quem “criou” o estilingue, talvez estivesse pensando numa utilidade que não é a mesma do guri. Assim o fato da pedra se tornar um ser animado, vai ter o plano de quem esteja usando o estilingue, não necessariamente daquele que o tenha criado. O mesmo se pode dizer do relógio, ou de qualquer outro artefato. Dizem que Santos Dumont se suicidou porque o avião virou arma de guerra. Então o planejamento não está necessariamente ligado apenas a uma criação mas também à sua utilização.
No exemplo, apenas o relógio é um artefato humano criado e construído pelo homem através de sua própria inteligência. E por que os outros dois têm que ser uma criação direta de Deus (criacionismo) ou surgirem do “acaso” (evolucionismo)? Por que esses dois objetos (pedra e pássaro) não podem ser uma criação de alguma inteligência que não é Deus, mas similar à inteligência humana? Porque não podemos “ver” essas inteligências? Mas alguém já viu Deus? Ou alguém já viu a inteligência do homem? Ou, relacionado com a ciência, alguém já viu a gravidade terrestre?
Somente estudamos e pesquisamos algo se primeiro pudermos admiti-lo. Tentarei justificar abaixo que podemos admitir a existência de outras inteligências fora da inteligência humana.

3.2 - OBJETOS MANUFATURADOS PELO HOMEM

Há uma maneira de explicar a inteligência através de entender como é uma charada no sentido de padrão ou lei. Se alguém é capaz de fazer uma charada e outro alguém é capaz de resolvê-la, concluímos que ambos são inteligentes, aliás, parece que esse é o critério que está sendo usado para investigar “mensagens inteligentes” de outros globos. É muito simples de entender, mas será uma grande dificuldade se primeiro quisermos decifrar para depois concluir que é uma charada. Se ela for difícil, poderemos levar a vida toda para ter a solução. O melhor seria descobrir que é uma charada sem que fosse preciso resolvê-la.
Assim, a questão da vida e do próprio Universo é uma charada?
O argumento evolucionista é, em geral, um grande esforço para primeiro resolver a charada da vida, e depois concluir como ela aconteceu. O argumento criacionista é uma simplificação de admitir a charada de antemão, por “revelação”, mas no embate com o evolucionista, também envereda pela solução da mesma.
O livro de Dawkins é um livro de biologia, não uma explicação de criacionismo e evolucionismo. Ainda não li o livro de Paley, talvez seja diferente, mas não aposto nisso. “A Caixa Preta de Darwin” (M. Behe) é mais um livro de bioquímica, argumentando que a questão da origem é mais complexa do que a simplicidade Darwin. Em comum, há a questão de que se está arduamente tentando resolver a charada, antes de admitir que assim seja.
De qualquer forma, do ponto de vista da razão, o argumento criacionista é mais lógico, pois basta que homem seja suficientemente inteligente para resolver uma charada admitida à priori, “feita por Deus” por definição, inteligente. Para o evolucionista, apenas existindo a inteligência do homem, e como ele não fez o Universo, ele próprio não pode ser o ‘criador’ da charada também. Assim resta apenas a saída de todo o Universo ser uma charada do “acaso”, o que na minha opinião não é lógico, isto é, o homem inteligente resolvendo uma charada que não foi de outro alguém inteligente. Não é dessa forma que a própria ciência procura evidenciar vidas alhures da Terra.
Entre os dois extremos, vejo solução mais prática, através de entender melhor os nossos próprios artefatos.

a) AUTOMÓVEL - CRIAÇÃO

Penso que não há dúvida de que o carro é uma ‘criação’ ou ‘projeto’ da inteligência do homem. Agora, como ele funciona? Através de componentes ou ‘õrgãos’ específicos ele é capaz de processar alguns materiais e energias da Terra e do Universo, como ar, água, combustível, eletricidade, óleo, calor do sol, etc., e é capaz de ter seu próprio movimento, isto é, se torna ‘animado’ por isso. O carro é também feito com material da Terra como ferro, alumínio, plástico, borracha, vidro, etc., mas nenhum deles são de fora da Terra. Por outro lado quando uma pessoa assume seu comando (motorista), o carro se torna ‘animado’ e também ‘inteligente’, porque o conjunto tem a inteligência do próprio motorista, exatamente o que acontece com a pedra no estilingue do garoto.
Vejamos agora como é o corpo humano. É feito de materiais orgânicos, mas todos esses materiais são da Terra, não são de fora. E como ele funciona? Através de órgãos específicos ele é capaz de processar algum material e energia da Terra e do Universo, como ar, água, alimentos, óleo, calor do sol, etc., e é capaz de ter seu próprio movimento, i. e, ele se torna “animado” por isso. Mas o homem é também inteligente, e como acontece esse “fenômeno”?
Como o carro é muito similar ao corpo humano, e ele se torna inteligente quando o motorista e ele formam um conjunto, é absolutamente lógico e racional que no corpo do homem deve haver alguma forma de “motorista” similar ao homem em relação ao carro. O problema é saber ‘quem’ é esse motorista, mas só podemos encontrá-lo se primeiro admiti-lo. Podemos ter o mesmo resultado se compararmos o carro com outro animal qualquer, bastando imaginar que o “motorista” no animal, seria algo como o “condutor” do metrô, com muitíssma pouca autonomia racional.
Essa é a primeira questão.
Uma outra questão é como o carro é criado e fabricado. Se pusermos todos os componentes do carro um ao lado do outro, a probabilidade de que esses componentes possam formar o carro por acaso, será a mesma do “milagre evolucionista”, isto é, zero. Mas alguns homens em algum lugar o projetaram, e outros homens em outros locais o fabricaram, e outros ainda em outros locais o dirigem, todos através de suas próprias inteligências, e acho que isso não deva ser objeto de controvérsia. O homem, portanto, é capaz de fazer um milagre de probabilidade zero, várias vezes!!
Outro problema se relaciona ao meio ambiente. Antes de existir o carro, os homens tiveram de mudar o meio ambiente com combustível, óleo, fábricas, estradas, etc., etc. A partir daí o homem pela sua inteligência foi também capaz de projetar, construir e também dirigir o carro. Podemos então concluir que o carro é um projeto inteligente do homem com alguma finalidade. E acho que isso não deva também ser objeto de controvérsia.
Temos agora dois objetos muito e muito similares, um quase que cópia do outro, e sabemos exatamente como um deles é feito, mas o outro não sabemos. Qual seria a conclusão racional? Que o homem, e por extensão, todas criaturas vivas, além de um “DESIGN INTELIGENTE”, são também objetos de uso de alguma inteligência como a do homem, com alguma finalidade.
Essa outra inteligência é chamada de “espírito” ou “alma” pela religião, a ciência pode dizer que “ainda não sabe”, e o evolucionista poderia chamá-la de “inteligência” apenas. E que problema poderia haver em ser admitida por todos, tanto evolucionistas como criacionistas?
Entretanto, temos de resolver mais um problema. Podemos admitir que o homem tem espírito ou inteligência, mas onde está a inteligência ou inteligências que projetou e “construiu” o ser vivo, inclusive o homem? É suficiente admitir que em algum lugar existam espíritos ou inteligências que ainda não sabemos nem onde nem como, mas que podemos admiti-los pelos resultados ou efeitos. Temos um monte de coisas como essa, por exemplo, a gravidade, a eletricidade, etc. Bem, mas e a crença pessoal em Deus? Mas que diferença faria se alguém chama essa(s) inteligência(s) exatamente como Deus? É como olhar para o céu durante o dia, e só ver o sol!
E surge novamente a questão do planejamento. O motorista terá seus planos muito diferentes do seu criador e construtor, vemos isso diariamente nas ruas Se houvesse necessidade de uma finalidade bem definida, isto é, um plano único, quem o poderia direcionar adequadamente? O simples fato de ser um artefato muito complexo, não diz quase nada sobre a questão de planejamento de quem quer que seja. Um carro tanto pode ter sido planejado como simples meio de transporte, e ser usado assim ou não, ou até planejado para ser um artefato de guerra. A ciência evidentemente se eximindo dessa cogitação, fica à religião a questão do que deve ser, que é o sentido de planejamento unívoco onde a finalidade do “projetista”, do “construtor” e do “usuário”, fosse o mesmo. Será que a pedra foi feita para servir de arma para matar um passarinho?
Desta forma estamos admitindo que uma coisa que tenha a mesma origem de outra muita similar, e se conhecemos perfeitamente a origem e até o plano da primeira e não conhecemos o mesmo da segunda, é lógica a conclusão de que devam ter origem e planos iguais ou similares. Não sei se isso é modelo científico, mas me parece ser lógico. Podemos estar errados, mas conceito não é ‘dogma’ ou ‘camisa de força’, se for comprovado o erro e é possível corrigir, deve ser corrigido, senão ele falha. Isso significa doutrina ou teoria que pode se sustentar à luz clara, e não apenas nas trevas de uma crença, tanto faz ser religiosa ou científica.

b) AUTOMÓVEL - EVOLUÇÃO

Vimos acima que o carro foi uma ‘criação’ da inteligência do homem num instante conveniente da vida humana. Primeiro foi preciso mudar o meio ambiente para ser possível aparecer (ou ‘germinar’) o automóvel ou carro. Mas antes do carro já havia a carroça animal. Não é difícil deduzir que o projeto do carro teve seu ‘ancestral’ na carroça. Mas nós não podemos encontrar o elo onde o “burro, por exemplo, transformou-se em motor”. Esse elo nunca existiu porque alguém que é capaz de projetar um objeto é capaz também de criar um novo objeto a partir do primeiro, sem ter que passar por qualquer forma de “evolução” intermediária. É como se fosse uma mudança “súbita” ou um “milagre” que não foi do acaso.
Nós temos hoje o carro e a carroça ao mesmo tempo, como também o homem e o macaco, sem qualquer complicação de origem. Também, o carro continua se desenvolvendo por novos projetos feitos por outros homens que não foram os primeiros, a carroça tem também evoluído, e assim por diante, sem problema algum. Assim a “mutação” da carroça para o carro foi súbita, e não foi necessária nenhuma espécie de evolução intermediária, porque a inteligência pode evitar “o acaso”. Se esses dois pares de exemplos são tão similares, então, por que seus processos não podem também ser similares? E aquilo que é verdade para o homem e o macaco, pode ser verdade também para qualquer espécie. Estamos falando em ciência como a conhecemos hoje, há apenas uns três séculos, quase nada num processo de evolução. O problema é saber como mudar o “projeto”.
Hoje temos a pesquisa do genoma e estou certo que o genoma é um projeto como o do carro, e alguém que foi capaz de projetá-lo é também capaz de modificá-lo. Por causa disso, o ser vivente é um projeto de alguma inteligência que não é Deus, mas certamente poderia ter sido “criada” por Ele, evidentemente. E a evolução do ser vivo tem a mesma origem nessa inteligência. A inteligência é capaz de eliminar o “acaso” no Universo, assim o começo de todo o Universo não foi por “acaso”, mas o efeito de inteligências. Poderia ser muito simples para qualquer de nós admitir “Deus” ou alguma outra “causa desconhecida” como origem dessas inteligências, tanto para os religiosos como para os ateus, ou entre evolucionista e criacionista, respectivamente, e já teríamos eliminado a grande controvérsia da origem inicial de tudo.
Há uma diferença entre o genoma e o projeto do carro, que na minha opinião, é apenas uma questão de evolução intelectual. Um cientista hoje é capaz de fazer um projeto melhor do que um analfabeto e também melhor do que um cientista da antiguidade. O genoma permite que o próprio ser vivo se “ajuste” a um meio ambiente, coisa que não acontece com o projeto do homem, pelo menos ainda. Mas esse ajuste, a ciência já sabe que precisa estar “escrito” no genoma, senão não acontecerá. E como isso pode ser considerado uma “evolução ou mutação natural”? Não, são apenas projetos de inteligências, e que comparados com os nossos, estão em níveis de evolução muito mais elevados, essa é minha opinião.

c) O CÉREBRO E O COMPUTADOR

Apenas para complementar os itens acima, tecnicamente o computador é muito e muito similar ao cérebro humano e não preciso gastar mais palavras nisso. Vejamos os modernos carros com um computador a bordo. O computador é similar ao cérebro do homem, a evolução tecnológica (ou inteligência) mais e mais torna o carro parecido com o corpo humano ou outro animal. Podemos imaginar o automóvel dos próximos 100 anos? Hoje já pordemos comandá-los pela voz, seria possível comandá-lo pelo pensamento, como o próprio corpo humano? Quem sabe?
E já que estamos “copiando” a natureza, por que a ciência e os cientistas logo de vez não a adotam como projeto original de tudo? Aquela descrição detalhada de Behe sobre o flagelo como um “micro-motor a ácido”, não seria um projeto base para os futuros micro-motores tão úteis aos artefatos eletrônicos? A questão do coágulo, que tal desenvolver “invenção” análoga para as grandes canalizações, como por exemplo, os oleodutos? Afinal o sangue tem sua própria utilidade básica, que é não apenas coagular, assim no transporte do petróleo por oleodutos, há um grande problema quando vaza. Que tal haver no petróleo a mesma tecnologia do sangue, no que concerne a capacidade de se estancar? Por acaso o radar não foi “cópia” do sistema de orientação dos morcegos, sitado por R. Dawkins? Inventar, na minha opinião, é apenas “descobrir”, essa é função do homem, e a ciência apenas registra.
Mas a pergunta mais importante é como será usado. Essa é a questão do planejamento, onde o que estamos pensando e fazendo agora tem sempre um objetivo futuro. Sempre há várias inteligências envolvidas num mesmo “projeto”, como juntá-las num mesmo plano certo e correto? Esse é o que chamei “planejamento unívoco”. Quem cria, quem constrói e quem usa deveriam estar envolvidos no mesmo tipo de planejamento ou finalidade.

d) SATÉLITE ARTIFICIAL – EDIFICIO - PLANTA VEGETAL

Disse antes que há alguma confusão sobre as plantas vegetais relativamente ao espírito. Assim vou compará-las com os satélites artificiais e um edifício, e por extensão, uma cidade com um floresta.
Um satélite artificial (não tripulado) é um artefato que gira em uma órbita, assim é animado sem qualquer espécie de “motorista” inteligente. É isso realmente? Um monte de pessoas está aqui no chão fazendo o controle do satélite. Quando esse controle parar, o satélite também parará como “ser vivo”, e morrerá. Assim, alguns objetos podem ser animados e ‘vivos’ sem ter qualquer ‘motorista’ ou ‘espírito’ diretamente, mas eles teriam outras inteligências fazendo o controle à distância. Essa pode ser uma explicação racional para as plantas em geral, no que concerne ao espírito. Seriam seres animados, controlados à distância, como os artefatos automatizados que o homem faz. Contudo, ainda não encontrei essa definição em religião alguma, é apenas uma opinião e crença minha, e respeito a crença de outrem.
Um edifício é outra forma de controle à distância, e é similar a uma árvore, que tem uma população nos seus ramos, mas é controlada à distância. Uma cidade é como uma floresta, e não precisamos gastar mais tempo nisso para mostrar o paralelismo.
Todos os artefatos humanos são projetados pela inteligência do homem e ele não precisou da intervenção direta ou pessoal de Deus. Pela similaridade mostrada entre o artefato humano e todo o ser vivo, por que precisamos asseverar que Deus precisou estar aqui na Terra para criar coisas, animais, plantas, homem etc.? Se aquelas inteligências ‘desconhecidas’ são capazes de criar e produzir o ser vivo, por que não seriam capazes de criar e produzir também outras coisas da Terra? E olhando para o céu, se o homem pode fazer e colocar um satélite em órbita, por que os outros astros do Universo não poderiam ter sido feitos e colocados em órbita por alguma inteligência similar à do homem, até utilizando as mesmas leis? Não é meu propósito questionar o dogma de qualquer igreja de alguma religião, mas fatos são fatos! Estou apenas dando uma explicação que me parece racional e pode ser admitida por alguém criacionista, evolucionista, religiosa. ateista, etc., se todos eles estão discutindo a origem das coisas na Terra, incluindo os seres vivos, e até a origem do Universo.
Entretanto, isso que estamos dizendo hoje desta forma, como alguém poderia ter dito há quatro ou seis mil anos atrás? Esse é o conceito de “revelação”, nada mais nada menos do que a maneira de dizer algo ainda desconhecido com os recursos que estejam disponíveis. Quem faz isso de maneira muito mais precisa e detalhada do que está sendo dito aqui, são as tais personagens excepcionais identificadas por Einstein, pouco importa se utilizando suas próprias inteligências, ou inteligências de outrem. A questão da revelação pode demandar um texto do tamanho deste ou maior.

3.3 O UNIVERSO COMPLETO

Acredito que pode ser consenso admitir que todo o universo é infinito, exceto nos detalhes matemáticos do conceito. Ele é infinito no espaço grande e pequeno, é infinito no tempo grande e pequeno, no sentido de Giordano Bruno que depois de um ponto, sempre haverá o seguinte. Temos a astronomia e a nanotecnologia para confirmar. Há alguma teoria sobre o Universo ser finito, mas se assim fosse, depois das “bordas” o que há? E o que significa “vários infinitos”?
A ciência estabelece duas importantes leis para o Universo material: a 1ª. (balanço) e a 2ª. (entropia) leis. Vamos falar um pouco sobre a entropia.

a) ENTROPIA

O propósito não é fazer explanação física e matemática dessa lei, até mesmo porque não sou apto para isso. Seguirei apenas a definição particular: “expontaneamente na natureza, todas as coisas tendem para dessarranjo ou degeneração indefinidamente”. Suponhamos agora que o Universo permanecesse à expontaneidade, o que aconteceria com ele? O Universo iria se degenerar até se tornar uma matéria na condição de entropia infinita. Podemos imaginar essa situação como aquele elemento básico unitário que falei anteriormente, inclusive sobre o desafio de Darwin. Sabemos também pela ciência que matéria e energia como as conhecemos, são a mesma coisa e a bomba atômica é o resultado. Assim, toda matéria e energia que conhecemos no Universo estariam nesse elemento básico único na condição de ”entropia infinita”.
Mas o Universo é hoje muito bem arrumado, e como isso foi possível a partir daquela hipotética condição? Qual seria a “energia externa” capaz de começar o arranjo daquela matéria básica na condição de entropia infinita? A condição é hipotética porque algo que tenha ponto de partida, não é infinito, seria talvez meio-infinito, e aqui surge outro equívoco comum, de as coisas necessariamente tenham que ter um começo! O infinito, na minha opinião, escapa da razão.
Vimos anteriormente que todas as coisas do Universo poderiam ser entendidas como o resultado de alguma inteligência. Então, temos que se de alguma forma, naquele instante hipotético, a inteligência estivesse juntamente como a matéria elementar, e se houvesse também para a inteligência alguma lei adequada, haveria condições de se iniciar uma organização, e chegar ao Universo como conhecemos hoje.
A ciência diz que se tivermos uma energia externa, podemos reverter a entropia, e podemos arrumar as coisas, ao invés de desarrumar. Agora se naquele hipotético instante de entropia infinita da matéria, tivéssemos também a inteligência sob uma lei irresistível de evolução através da matéria, isso seria a ‘centelha’ para iniciar o Universo. Então, podemos ter o princípio material e o princípio inteligente, e suas respectivas leis. Se admitirmos a origem deles em Deus, temos a definição de Deus Criador de tudo para os criacionistas, ou simplesmente um Princípio Maior de tudo para os evolucionistas (esse nome é meu) ou uma “Causa Primeira”, como já vi em alguns textos. Não sabemos como poderia ser nem como poderia acontecer, mas podemos acreditar que é uma maneira racional de entendê-Lo. Assim, aquele desafio de Darwin seria “endossado” por “Deus”, e Darwin teria tido a intuição de Deus nele! Nada mais que genial, como as pessoas que Einstein chama de “personalidades excepcionais”!! E nisso encontramos a charada, sem que fosse necessário resolvê-la.

CONCLUSÃO DO TÓPICO

Conclusão lógica: a força ou energia que atua no Universo se chama “inteligência”, é assim que o homem constrói seus artefatos também do “nada”, juntando de maneira adequada a própria matéria e energia existente na Terra. Com um simples dedo, o homem é capaz de levantar centenas de vezes seu próprio peso, essa é a força da inteligência. Através da inteligência o homem é capaz de alterar o meio ambiente, fazer seus artefatos, etc. Um empresário tendo apenas uma quantidade de dinheiro e a idéia de montar seu negócio, através de seu pensamento ele transforma esse dinheiro numa fábrica que faz o “milagre” de transformar ferro ou outro material num produto final que nem lembra a matéria prima utilizada pelo empresário, e que lhe retorna às mãos. O dinheiro é a matéria prima que pode ser “manuseada” pela inteligência, que tal se aquela partícula unitária também tivesse característica igual ou similar? A ciência já não identifica partículas que dependem de quem as observa? Tudo faz sentido.
A questão do planejamento tem muito pouco a ver com simplicidade e complexidade, mas tem a ver com uma perspectiva futura das várias inteligências em ação. A pedra no estilingue serve para derrubar uma fruta para comer, mas também para matar um passarinho descuidado apenas por “esporte”! Como juntar objetivos tão diversos, num mesmo “plano” inteligente mais certo e correto?
Assim, a teoria do DI me parecer a melhor, ainda que deva ser ajustada para os fatos e circunstâncias que somos perfeitamente capazes de entender. O “planejamento inteligente” baseado no aspecto de complexidade, não bate com os fatos, mas faz muito sentido quando ajustado às nossas próprias realidades de vida.

4 - CONLUSÃO FINAL

Pretendi apresentar uma nova maneira de se conduzir uma discussão de criacionismo e evolucionismo através de encontrar algum ponto de partida comum que permita prosseguir a discussão de detalhes após ele. Assim, o cientista continuaria suas pesquisas e teorias, bem como o religioso suas doutrinas e pregações, sem a mínima preocupação de confronto doutrinários ou teóricos, bem como um cientista pode perfeitamente ser religioso, como o religioso ser cientista, tendo cada um seus respectivos focos bem delineados a todo instante de suas respectivas atividades. O religioso pode ser cientista quando na instituição adequada, assim como o cientista pode ser religioso quando na sua igreja adequada.
Posso concluir como segue:
a) Todas as coisas do Universo têm sua origem em dois princípios: princípio material e princípio inteligente. O princípio material está sob a lei da entropia como explicado para entender a origem. Haverá mais leis como as que os homens já conhecem através da ciência, e outras que serão descobertas algum dia. O princípio inteligente está sob a lei da evolução, e certamente haverá outras mais nas mesmas condições. Se alguma coisa está em evolução, tem que ter iniciado como uma coisa simples, como intuiu Darwin. Em termos de inteligência podemos admitir como sendo a “absoluta ignorância” equivalente à entropia infinita da matéria. Como seria isso, não sabemos, pelo menos ainda. E isso é apenas uma conclusão, que de certa firna possa já fazer parte de qualquer doutrina ou teoria, e não há a mínima intenção de defesa das mesmas, mas se coincidem, me parecem boas. Isso pressupõe uma continuidade entre absoluta ignorância e absoluta sabedoria. A hipótese do espírito ou alma “nascer” juntamente com o homem, como é cânone de algumas igrejas, é apenas uma forma mais complicada de se ajustar aos fatos. Como estamos admitindo hipótese a partir dos fatos do próprio homem, a inteligência humana tem-se evoluído constantemente, e não “começa” quando nascemos, o que nos leva a admitir que essa inteligência vem duma existência contínua. Apenas a habilidade intelectual de cada um de nós individualmente, começa com o nascimento, e se aprimora com o treinamento e estudo, além de que as potencialidades nesse aprimoramento são bem diferentes de uma pessoa para outra. Estamos falando da inteligência da humanidade. Admitindo isso como fato, deduzimos uma hipótese análoga para todo o Universo. A hipótese do espírito ou a inteligência ‘nascer’ com o homem, o tornaria atributo do homem como corpo, o que parece ser uma hipótese de mais difícil defesa. Seria como admitir que a “inteligência do automóvel” não é a do motorista, mas que o conjunto a adquire do automóvel quando o motorista o assume!!! Mas cada um tem o direito de acreditar naquilo que lhe pareça melhor, tanto faz na ciência como na religião.
b) Esses princípios são criação de Deus ou de outro Princípio, de uma maneira como não podemos saber, pelo menos no nível atual de nossa inteligência, e deduz-se daí que as coisas não aconteceram por acaso, mas como efeito desses princípios. O Universo como é hoje, é uma consequência desses dois princípios e suas respectivas leis. Certa vez li que se ao invés da palavra Deus em muitas divergêncis, se usasse a palavra “lei”, as dúvidas desapareceriam. A crença numa “revelação” assim ou assado, não mudará o fato como é ou como foi, mas estará de acordo com a liberdade de pensamento de cada um naquilo que escolhe para si mesmo. Desde que tenhamos teorias melhores, ou se um dia conhecermos como de fato surgiu o Universo, elas poderão mudar ou simplesmente virarem certeza. Deus não precisa que acreditemos nEle, nós é que precisamos dessa crença, ou não, de acordo com cada um.
c) Se o exposto é verdade, somente a inteligência (ou o espírito) no Universo está em evolução e a matéria está sob constante mudança pela evolução da inteligência. Se admitirmos o conceito religioso de que a inteligência é atributo do espírito, só o espírito está em evolução.
d) Podemos concluir também que a evolução da inteligência é possível através do “trabalho” na matéria, assim, nós podemos admitir que o Universo arranjado está num equilíbrio balanceado com a partícula básica única (entropia infinita), algo parecido com a empresa acima onde o dinheiro e tudo o mais está em constante combinação. O fato de percebermos uma evolução ou uma involução, não passaria de uma limitação no espaço e no tempo. Vemos apenas parte das coisas, com os recursos que ciência dispõe, mas a inteligência está sempre indo adiante, isto é, sempre evoluindo.
e) Não é a complexidade que pressupõe um planejamento, mas é o uso que se faz é que indica um plano. A complexidade apenas indica o grau de evolução da inteligência. Em tudo a natureza nos parece perfeita, indicando um alto nível de inteligência associado a um unívoco plano de ação. Parece que essa é a questão básica da religião e ciência serem altamente dependentes e sinérgicas, isto é, elas têm a natureza como mestra, bastaria segui-la.
f) Há algumas evidências dessas conclusões, como as abaixo:
- A ciência tem calculado, não sei como, que o Universo conhecido deve ser apenas 5% da massa total do Universo, que indica uma limitada capacidade de observação da própria ciência. Isso faz sentido nas hipóteses acima e podemos concluir que aquelas inteligências têm mais 95% de matéria para “trabalhar”. Assim toda a “comunidade inteligente” deve estar numa certa escala de evolução, algumas ainda como ignorantes e outras como muito e muito desenvolvidas, e até é possível admitir que estejam mesmo sendo “criadas” continuamente. Podemos constatar isso entre nós mesmo, homens, e como a natureza já estava aqui antes de nós, só podemos estar num grau muito pequeno de evolução, aliás como dizem algumas religiões.
- Por outro lado, podemos ver que todas as coisas materiais estão “nascendo” ou “morrendo”, o que prova que a matéria não está nem degenerando nem em contínuo desenvolvimento. Às vezes a matéria está organizada e às vezes está destruída, e a força externa que faz isso é a inteligência, exatamente como podemos ver na Terra pela intervenção do homem. A percepção do homem, mesmo pela ciência, abarca apenas uma parte do Universo no espaço e no tempo, assim a “impressão” é que esteja ocorrendo assim ou assado.
- Ha catástrofes no Universo todo e a todo o tempo, e depois delas um novo “mundo” aparece, para confirmar que o Universo como matéria deve estar numa certa forma de equilíbrio, o que, aliás, vai de encontro com a 1ª lei da física. O Big Bang teria sido um grande evento no Universo, se ele for verdade. Suponha que amanhã a Terra desapareça, o que é mais do que concebível. O que acontecerá com nossas teorias? Nada, se elas forem apenas atributos de inteligências que as levam para onde forem, e não do homem como matéria que morre e desaparece. Assim uma teoria ou uma doutrina devem subsistir a uma catástrofe, se estão acima da mesma.
- E poderíamos apresentar muito mais exemplos, mas o é objetivo do texto é apenas apresentar uma opinião, menos ainda que uma teoria. Alguém pode acreditar como eu, ou simplesmente seguir sua própria crença.

Como se vê, as hipóteses podem ser constatadas pelos fatos, e até pela própria ciência em vários casos. O relato acima pode mostrar uma maneira consistente de conhecer a Origem do Universo e das coisas, a partir do que somos capazes de saber e compreender perfeitamente, incluindo o ser vivo, e podemos concluir que o Universo é uma charada inteligente, mesmo antes de sermos capazes de resolvê-la. Podemos, então, a partir daí resolvê-la vagarosamente pela ciência. Assim, aquele que é capaz de resolver uma charada e aquele que é capaz de formulá-la, ambos têm que ser inteligentes, é assim que vejo a “teoria DI”.

Mas há um outro mundo complexo além do mundo da matéria, que devemos conhecer e que é o mundo da inteligência. O conhecimento do mesmo complementará a solução da charada, motivo pelo qual introduzi a ressalva da “percepção da evolução da intelgiência”, no ítem d) anterior. Como podemos responder questões como essas abaixo, a fim de se ter consenso de uma finalidade que resulte na nossa contribuição para todo o Universo, que, aliás, poderia ser objeto de outra discussão?
a) O que são coisas como sentimento, emoção, virtude, amor, ódio, justiça, liberdade, paz, crença e fé, moral e ética, etc.?
b) Por que há males no mundo? Seria um erro “inteligente”? A ciência não progride sobre os erros? Haveria erros também na natureza? O dono da empresa quando sucateia uma máquina, pode parecer erro para o operário!
c) Por que temos nações, e qual seria a melhor maneira de governá-las?
d) Por que temos igrejas e empresas, e qual seria a melhor maneira de administrá-las? O que seria “evangelizar”?
e) Por que temos coisas como o “dinheiro” que pode simular aquela partícula básica única do Universo? E como ele deveria ser administrado? O que é, e o que deveria ser Mundo Global?
f) O que significa na realidade dizer que o homem é a imagem e semelhança de Deus? Podemos entender isso e talvez chegarmos à conclusão de um Deus “como pessoa”?
g) Se a ciência e a tecnologia estão correndo tão rapidamente, por que temos o paradoxo do início do texto, que está longe de alguma solução? É por esta razão que suponho estar a religião no córner da questão.

E poderíamos formular um monte de outras questões, cujas respostas certamente estarão naquilo que devemos ser e fazer. A ciência mostra como as coisas são, e a religião como nós teriamos de fazer. A ciência e suas respectivas instituições estão correndo na velocidade de um avião a jato, mas a religião e suas respectivas igrejas estão correndo como uma tartaruga em relação à ciência, esse á minha opinião baseada nos fatos como constatados. Ambas têm que correrem juntas, essa diferença de velocidade é a razão daquele paradoxo no início do texto e da divergência de planos. Penso que as igrejas e seus líderes devem trazer a resposta. Imaginemos se a ciência hoje se estivesse sentada em cima de conceitos de 2.000 anos atrás ou mais ainda!! Contudo, não é objetivo deste texto discutir isso, que demandaria seguramente um livro inteiro, mas é apenas mais uma conclusão pessoal.

Gostaria de terminar fazendo duas considerações sobre dois livros que praticamente utilizei como referência neste texto;

O Sr. Michael Behe (A Caixa Presta de Darwin) fez um primoroso tratado de bioquímica no seu livro, para mim que não sou especialista, para chegar à conclusão de que o DI se justifica pela concepção de um “planejador inteligente”, e mais ainda, que a complexidade seja a indicação de origem inteligente, mas não vejo isso como conclusão inequívoca. Admite não identificar o que ou quem seja esse planejador inteligente, mas me fica claro que, até pela sua condição declarada de católico, que ele acena para “Deus”. É como se dissesse que “acredito, mas ....!” Em ponto algum de seu livro foi mencionado o fator “inteligência” comum como a nossa própria, como possibilidade de tal “designer”.

O Sr. Richard Dawkins (O Relojoeiro Cego) também é grande tratado de biologia, também para mim que não sou especialista, mas quase nada de evolução e ou criação. A fala do Sr “Peter Atkins” – “The Creation” citada no livro, sobre o “Criador”, e que se existisse, “esse Criador seria infinitamente preguiçoso”, e que entendi como resumo de sua argumentação de ateu, ainda que a definição de Deus como um princípio assim possa parecer, essa maneira de pensar, contudo, é semelhante à do operário na fábrica. Ele pensa que o diretor ou o dono da empresa são “preguiçosos”, porque não varrem o chão como ele. O operário pensa assim por causa de seu nível cultural. Contudo alguém que tenha uma cultura mais elevada pode pensar assim mas apenas por escolha pessoal. Podemos escolher pensar como Diretor ou como Varredor, e isso não fará diferença alguma para o Diretor, e muito menos para o Criador. Se ainda não somos capazes de saber perfeitamente por quê e como estamos aqui, como podemos entender como Deus trabalhou ou como trabalha? Por outro lado, a hipótese de “criador cego”, elege o “nada” ou o “acaso” como outro deus de crença, isto é, do ponto de vista da criação ou evolução se adiciona pouco ou quase nada, apesar de alimentar muito a fogueira de uma discussão sem fim.
Temos aqui dois altos cientistas que em seguramente 90% de seus livros, estariam em consenso, e apenas divergindo nos restantes 10%, divergências que poderiam ser facilmente eliminadas se estivessem olhando mais para suas próprias convergências. E se juntarmos todos os cientistas do universo, e todos os religiosos, e todos os empresários, governantes, etc.? Nisso vejo o papel da religião, através da missão de suas igrejas, mas será preciso “alcançar” a ciência e seus respectivos cientistas e pessoas ligadas às instituições. Na linguagem popular, basta que cada macaco esteja eficientemente no seu galho, e tenha em mente que a árvore é a mesma, além de que o mesmo macaco pode estar ora num ora noutro galho sem complicação alguma para árvore. Assim não porque se resolver problema de religião nas instituições que cuidam da ciência, assim como também não há porque se resolver problema de ciência dentro de qualquer igreja, pois os focos são diferentes.
Outra conclusão é que a humanidade é o que umas poucas elites fazem dela, e infelizmente, a religião ou a religiosidade ainda não chegou às elites, inclusive religiosas, mesmo que superabundem igrejas de todas as cores, e acho que reside aqui a grande questão religiosa. Ela tem que ser melhor explicada às elites, e isso poderia ser principal pista para a “evolução” religiosa, no sentido de que tudo o que se refere à inteligência necessariamente tem que estar em evolução.

Desculpe pelo tamanho do texto, e desejo paz para todos.

SBC, 25/05/2005
Ariovaldo Batista
Arioba05lycos.com


Deixe sua Opinião no