RESPOSTA AO TERCEIRO TEXTO
Criacionismo: Fatos e Fé

de Rafael Augusto Borges Pavani


Esclarecimentos Iniciais aos Leitores

Mais de 3 anos separam este texto da publicação do Terceiro Texto DE
Rafael AB Pavani
, e considerando que o intervalo médio entre nossas mensagens foi de 70 dias, dos quais o maior prazo de espera foi 108 dias, é inevitável começar justificando o porquê desta atual resposta ter durado mais que dez vezes isso.
O primeiro motivo, evidentemente, é o tamanho do texto. Ele é maior que todos os 4 textos anteriores (2 de cada um de nós) combinados. Portanto, se o debate até então se desenvolvera em meio ano, um texto muito maior que isso não deveria mesmo ser abordado num tempo não maior. Em segundo lugar, confesso uma flagrante redução de interesse no assunto uma vez que constatei que sua produtividade não foi das mais defensáveis, por mais louvável que o texto tenha sido. Em terceiro lugar, evidentemente, tempo escasso. E em Quarto, eu já havia iniciado uma abordagem, há cerca de um ano atrás, e creio que ficou cerca de 20% pronto. Mas eu não faço a menor idéia do que aconteceu com o arquivo. Sumiu!
Ao longo de seus 145 mil caracteres, Rafael abordou pela terceira vez um desafio lançado por mim há 8 anos, as Questões Simples que o Criacionismo não Responde, que a meu ver, continuam irrespondíveis pela pura e simples estrutura conceitual em si.
Todo esse diálogo é sem sentido e incompreensível sem termos em mente essas questões, que são:
No modelo do Criacionismo "Científico" (De Terra Jovem, Dilúvio Universal e Arca de Noé), sobre a diversidade da vida ao longo do globo;

1-COMO OS ANIMAIS ESPECÍFICOS DE CADA REGIÃO FORAM CHEGAR ATÉ LÁ? (Seus próprios habitats.)

2-COMO AS MILHÕES DE ESPÉCIES VEGETAIS DE CADA REGIÃO DO MUNDO SOBREVIVERAM AO DILÚVIO? HAVIA NA ARCA DE NOÉ EXEMPLARES DE VEGETAIS DE TODAS AS PARTES DO PLANETA?

3-COMO AS MILHÕES DE ESPÉCIES DE ARTRÓPODOS SOBREVIVERAM AO DILÚVIO? HAVIA NA ARCA UMA SEÇÃO COM MILHÕES DE COMPARTIMENTOS PARA "CASAIS" DE INSETOS, ARACNÍDEOS, CRUSTÁCEOS E SIMILARES?

4-COMO SOBREVIVERAM OS ANIMAIS AQUÁTICOS DE ÁGUA DOCE?

5-COMO SE DESENVOLVERAM AS DIVERSAS ETNIAS HUMANAS EM TÃO POUCO TEMPO? (Cerca de 3 mil anos.)

Com isso esclarecido, passo agora para a abordagem direta.


Prezado Rafael, creio que nada mais posso dizer para justificar essa imperdoável demora, portanto, só me resta agora ir direto ao ponto e não prolongar ainda mais essa espera de mais de 3 anos.
Devo porém insistir num tema onde devo ser franco. Ao longo deste debate, em suas duas mensagens anteriores, sustento que o que foi feito basicamente foi construir um pano de fundo teórico para que tais respostas pudessem ser dadas, mas como já disse, não creio que tais respostas em si, tenham sido realmente apresentadas. Em minha sincera opinião, nesse terceiro texto ocorreu a mesma coisa.
As perguntas não foram respondidas, nem de forma simples, que era a proposta original, nem de forma complexa. O que houve, mais uma vez, foi que você conseguiu reunir elementos que aumentam muito a possibilidade de uma resposta, o que é indiscutivelmente meritório. No entanto, tal estruturação nos leva a algo aparentemente inédito, o início da construção de uma teoria criacionista razoavelmente séria.
Com 10 criacionistas como você em tempo integral, creio que poderíamos finalmente dizer que o Criacionismo tivesse atingido o estatuto de apresentar uma Teoria, que até hoje tem sido totalmente ausente. É preciso lembrar então que não é um simples caso de apresentá-la, mas uma vez construída, ela deve ser confrontada com a teoria evolucionista, no que creio que dificilmente sobreviveria,
Sem mais delongas, vou manter aquela divisão de temas que desenvolvemos ao longo do diálogo, mas devo advertir de imediato que este meu texto não terá, nem jamais pretendeu ter, a extensão desse seu Terceiro Texto, por isso procederei uma abordagem bem diferente das anteriores, onde ocorreu uma leitura progressiva que interceptou trechos e os comentou gradualmente. Ao invés disso, vou sintetizar os temas e discutir não trechos destacados, mas a síntese, o que nesses 8 anos em debates via internet aprendi ser muito mais apropriado. Você deve ter notado que há muito tempo eu não uso mais o recurso de comentar as mensagens dos visitantes por partes.
Assim, você poderá discordar de duas coisas, da minha síntese, isto é, o modo como entendi sua explanação, e de minha resposta a esta síntese. Não que isso não acontecesse antes, mas ocorria de forma confusa, pois as vezes a discordância se dava devido ao modo como respondi, e por vezes devido ao modo como entendi. Creio que agora isso ficará mais claro.
Em nome do espírito deste site, continuarei sempre insistindo na importância secundária das formalidades acadêmicas no que se refere a bibliografia e citações. O que importa são as idéias, e o modo como podem ser debatidas. Se as idéias são ruins, nem todas as fontes bibliográficas do mundo poderão mudar isso, se foram boas, devem sê-lo por si próprias. Ademais, o público alvo principal deste site jamais foi o acadêmico e científico, o qual sempre esteve imunizado das investidas criacionistas, mas sim o público comum, que este sim, é vulnerável. Isso inevitavelmente irá exigir uma sintetização que por vezes será simplificadora, caso contrário, meu objetivo principal terá sido perdido.
E dito isso, vamos tentar simplificar as respostas complexas para as questões simples.


I) Diversidade Humana e Genética Populacional.

Tema da Questão:
5-COMO SE DESENVOLVERAM AS DIVERSAS ETNIAS HUMANAS EM TÃO POUCO TEMPO?

Como espero ter deixado claro, o grande problema aqui é, e sempre foi, o Tempo disponível. Desde sua primeira mensagem, eu admito que suas explanações sobre a genética e diversidade em geral não são o problema. Por mais imprecisões que haja em suas afirmações, elas não são relevantes e acho que você mostrou que domina bem o assunto, escorregando somente onde a literalidade bíblica o obriga. É por esso motivo que não abordarei diretamente dois dos 3 subtópicos que você criou em sua resposta, os Conceitos Evolutivos e a Evolução Humana e Genética de Populações, enfocando minha análise em seus argumentos as respeito do TEMPO.
Perdoe-me a franqueza, mas embora eu não acredite que você tenha qualquer má intenção, eu não poderia repreender alguém que ache que toda a digressão e 'complexização' desenvolvida por você em todo este tópico for um mero recurso para desviar o foco do assunto principal. De modo algum em pedi explicações sobre genética de populações e nem creio que qualquer pessoa estivesse esperando uma aula sobre diversidade étnica, mas tão somente, respostas que dessem conta da pergunta.
Mas essa sensação é flagrante se partirmos para o final de seu tópico e observarmos as respostas que você deu às minhas perguntas mais específicas, que basicamente tomam um questionamento a respeito de nossos parâmetros de tempo. Eu não esperava em momento algum discutir o tempo aqui em seu sentido físico ou psicológico, mas isso acabou ocorrendo. Quanto as conclusões, e inevitável reproduzí-las, minha perguntas anteriores estão em VERDE, e os sublinhados são meus:

“Se foi possível uma diferenciação étnica tão grande num período de tempo tão curto, porque não notamos variações menores em períodos proporcionalmente menores?”. O que é um tempo “tão curto”? O que é uma diferenciação “tão grande”? De quanto são esses períodos menores, 300 anos? As variações menores são a diferença entre pais e filhos e em 300 anos nenhum de nós observaria nenhuma variação maior. Isso para populações homogêneas, porque nas miscigenadas e originalmente versáteis a diferenciação é óbvia em menos de 30 anos, ou uma geração.
“Se em 3 Mil anos tal variação drástica é possível, por que há arianos habitando a África do Sul há cerca de 300 anos e não há nenhum indício de escurecimento de pele em seus descendentes não mestiços? Por que há negros habitando a América do Norte há quase 300 anos e não há nenhum indício de clareamento de pele em seus descendentes não mestiços?” já foram devidamente respondidas no tema B (reler se houver dúvidas). As variações drásticas só ocorreriam nas populações pouco especializadas, e não nesses exemplos.
“Por que há japoneses habitando o Arquipélago Japonês há MUITO MAIS que 3 MIL ANOS, e jamais nasceu um Japonês Loiro, Negro ou Ruivo?”, a resposta pode ser obtida utilizando-se o conhecimento de potencial genético, como está em B.
“Você colocou "Portanto, é possível que os genes para todas as características estivessem presentes há cerca de 6000 anos sem diferença aparente entre as pessoas." mas sendo assim porque essas mesmas características não estão presentes atualmente nas etnias específicas? Ou melhor, onde podemos encontrar uma etnia qualquer que apresente o mesmo potencial de variação?” é difícil de responder. Talvez a recombinação constante possa ter diminuído o potencial genético, como foi demonstrado em B. Na verdade, apenas poderíamos saber se uma população tem grande potencial genético ao fazer um rastreamento de DNA, que não sei se já foi feito ou como seria, ou pegar vários grupos e colocar em ambientes diversos sem possibilidade de se protegerem adequadamente das intempéries ambientais, esperando algumas gerações para ver o que acontece. Mas fazer isso com humanos não parece muito ético. O exemplo que temos de grande potencial genético é nos brasileiros muito miscigenados, onde um mesmo casal pode gerar filhos loiros de olhos azuis e pardos. Outro exemplo para essa pergunta é o que já foi citado da pesquisa na Jamaica, em que Davenport pesquisou os genes para cor da pele, conseguindo pessoas mulatas, brancas e negras. Já para as etnias específicas não é esperado grande potencial de variação.
“Como se desenvolveram as diversas etnias humanas em tão pouco tempo?” é muito vaga, mas vamos tentar.
Em primeiro lugar, é necessário compreender o que se quer dizer com “se desenvolveram”. Se essa ação for a de surgir novas etnias através de mutações, não há como explicar em pouco tempo, e talvez nem mesmo em muito, afinal isso nunca foi observado (exceto, como eu já disse, a possibilidade de pequenas variações em características já existentes no material genético). Caso o significado seja o de explicar como as etnias se formaram, podendo-se basear na pré-existência genética de todas as possibilidades, não haverá problemas, como já foi demonstrado no tema C (favor reler essa parte se houver dúvidas).
Em segundo, precisamos deixar claro o conceito relativo de “tão pouco tempo”, já que para 1 bilhão de anos 10.000 é pouco, mas para a diversificação (e para nós) é mais que o suficiente. Basta compreender que alguns genótipos não permitem a sobrevivência ou reprodução dos indivíduos em certos ambientes, selecionando dentre as características existentes aquelas que não prejudicam as funções vitais mínimas. Esse processo pode não demorar mais que algumas gerações. Também precisamos considerar o cruzamento de pessoas dentro de uma mesma família após uma segregação, “fixando” as características em certa população, como foi explicado em C.

O que de imediato já devo lamentar são as partes sublinhadas. O que elas fazem é não responder, questionar o que significam os conceitos temporais, ou mandar reler a parte B. Ocorre que desde o comecinho pensei ter ficado claro que o "pouco tempo" em questão é 3.000 anos, ou em sua proposta, 1656, e que o tempo proporcional no caso seria 300. Não vejo o que pode haver de complicado nisso.
No que se refere a parte B, creio que ela toda pode ser resumida na idéia de que se uma população tem potencial de variação baixo, ela tem baixo "pool gênico", e vice-versa. Basicamente, esse sistema tenta dar um nome à condição dos povos pré e recém-diluvianos, que apresentariam alto pool gênico, ou seja, uma alta capacidade de variação, em contraste com todos os povos atuais, que apresentariam um pool baixo.
Basicamente, o que ocorreu nessa explicação foi rechear de fórmulas e tabelas uma idéia extremamente simples, que tentou superar a dificuldade que apresentei no trecho seguinte, em minha segunda resposta: "Portanto, é possível que os genes para todas as características estivessem presentes há cerca de 6000 anos sem diferença aparente entre as pessoas." mas sendo assim porque essas mesmas características não estão presentes atualmente nas etnias específicas? Ou melhor, onde podemos encontrar uma etnia qualquer que apresente o mesmo potencial de variação?
Em resumo, tudo isso serve apenas para substanciar a idéia de que os povos antigos tinham uma alta capacidade de variação que se perdeu nesse pouco tempo, e hoje não pode mais ser encontrada. A fraqueza dessa idéia, no entanto, pode ser vista na seguinte passagem deste último texto no tema B, quando falei do Japão: “Em termos históricos perfeitamente confiáveis, podemos dizer que são ao menos 2.500 anos de estabilidade étnica. Não existe nenhum caso de nascimento de um exemplar com fenótipo significativamente diferente. Isso é uma evidência clara de que a humanidade não tem tal potencial super acelerado de diversificação étnica”. Essa conclusão é absurda. A única evidência é a de que os japoneses não têm grande potencial genético, como pode ser perfeitamente entendido através da Genética de Populações.
Eu não sei porque a conclusão é absurda, pois o que eu disse é que era uma evidência clara, que, claramente, poderia ser confrontada com outras evidências contrárias, que, apesar de tudo, inexistem. Não só os japoneses, mas etnia alguma no mundo tem o alto potencial de variação por você sugerido. Em síntese, para sustentar uma hipótese obscura baseada, na gênese bíblica, você recorreu a uma outra hipótese obscura, de que a humanidade possuía um alto pool gênico que convenientemente se perdeu e não pode ser detectado.
Sintetizando, todo esse seu primeiro tópico não fez mais do que tentar desenvolver um argumento que viabilizasse uma resposta para um problema que eu já havia antecipado desde minha primeira resposta, que diz: Me parece que mais uma vez a única saída seria argumentar que essa grande capacidade de variação se perdeu pouco após o Dilúvio, na verdade, isso já teria acontecido há milhares de anos, pois desde que há qualquer registro histórico tudo indica que os grupos étnicos não miscigenados são consideravelmente estáveis. E foi o que você fez com dedicação e vontade religiosas. Como eu disse, você adaptou um sistema explicativo do qual pode emergir uma resposta, mas não deu uma resposta em si, pelo simples fato de que até agora não ficou claro porque os recém-diluvianos perderam esse alto pool gênico tão rápido.
Esse sistema todo, no entanto, continua sendo atormentado pelo simples fato de que, se tivermos uma etnia bem definida, NÃO VEMOS CASOS de descendentes significativamente diferentes! Nem mesmo em 30 anos! De um casal de arianos não nascem etnias chinesas, e nem mesmo de casais mestiços se espera descendentes diferentes dos ascendentes ao menos em duas ou 3 gerações.
Meu caso é interessante. Por parte de pai tenho negros e brancos, de ascendência italiana. Meu pai passa tranquilamente por branco, tendo olhos verdes, mas alguns irmãos dele, de mesmos pais, são inequivocamente mulatos, pois há ascendentes negros em meus bisavós. Por parte de mãe tenho brancos e índios. Uma de minhas tias, irmã de minha mãe, dos mesmos pais, pode se passar por uma silvícola sem problemas, outras passam facilmente por brancas. Portanto, 3 gerações acima de mim há negros, índios e brancos, descendentes de italianos e portugueses. Mas nem mesmo nos inúmeros cruzamentos de todos os meus primos, não há um só caso de um de meus sobrinhos nascer um negro ou índio "autêntico", nem mesmo um branco que realmente convencesse um europeu. Somos todos mestiços, alguns mais claros, outros mais escuros.
Então, apesar de termos tido todo esse patrimônio genético ascendente, parece que temos baixo pool gênico. E o que dizer então dos japoneses? Não nasce um ariano ou um negro de um casal japonês, segundo o seu raciocínio, porque eles tem baixo pool gênico. Como essa estabilidade tem aos menos dois milênios e meio, na melhor das hipóteses, esse povo perdeu seu alto pool gênico em menos de 500 anos.
Mas, se meras 8 pessoas, os sobreviventes do dilúvio, conseguiam ter esse alto pool mesmo 600 anos após a expulsão do Éden, porque raios seus descendentes, sendo muito mais numerosos, os perderam?! Não é óbvio que quanto maior uma população, maiores devem ser as chances de um patrimônio genético alto? Porque com o aumento exponencial da população o tal pool diminuiu ao invés de aumentar por meio da recombinação?
Tudo isso seria bem menos grave não fosse o fato de uma das principais críticas ao pensamento evolucionista ser exatamente o fato de não se ter observado o surgimento de uma linhagem étnica específica, o que exigiria uma inviável observação de milhares de anos. No entanto, eis que a alternativa criacionista apresentada é um conceito de um alto pool que se perdeu em pouco tempo, o que evidentemente também não pode ser observado. Mas com uma diferença importantíssima. Bastaria um único exemplo de um segmento populacional com apresentasse o tal pool gênico alto para dar crédito a essa teoria, provavelmente devido a alguma anomalia, possivelmente mutações, que tivesse restaurado tal pool.
Finalizando, creio que a pergunta mais importante neste tópico ainda é:
“Se foi possível uma diferenciação étnica tão grande num período de tempo tão curto, porque não notamos variações menores em períodos proporcionalmente menores?”. O que é um tempo “tão curto”? O que é uma diferenciação “tão grande”? De quanto são esses períodos menores, 300 anos? As variações menores são a diferença entre pais e filhos e em 300 anos nenhum de nós observaria nenhuma variação maior. Isso para populações homogêneas, porque nas miscigenadas e originalmente versáteis a diferenciação é óbvia em menos de 30 anos, ou uma geração.
Mas sua resposta é inadimissível. Como não notaríamos nenhuma variação maior em 300 anos? Será que se em 1700 houvesse uma população etnicamente bem definida fora de seu ambiente original, e não havendo miscigenação, essa população alterasse sua fenotipia a ponto de no ano 2000 estar totalmente diferente, isso não seria percebido? Será que os W.A.S.P.s norte americanos não teriam percebido se os descendentes de escravos em Nova Orleans tivessem ficados brancos em 300 anos sem miscigenação?
E como nas miscigenadas a diferenciação em 30 anos é óbvia? As pessoas mais velhas de minha família tem o dobro disso, e como qualquer outro caso similar, não notaram essa diferenciação. O que aconteceu com o "originalmente versátil"?
Quanto a pergunta que vem logo em seguida, não houve resposta alguma, você simplesmente reafirmou que realmente não vemos variações drásticas nessas populações muito especializadas, mas que veríamos nas pouco especializadas, o que no entanto, não acontece, e nem há qualquer indício de que possa ter acontecido. Assim, postular tais grupos pouco especializados, a partir de 8 pessoas, com altíssimo pool gênico, num local específico, é mera solução mágica para viabilizar o sistema por meio de uma proliferação hipotética que mesmo quem nunca ouviu falar em Ockham pode achar abusiva.
No evolucionismo temos uma grande escala de tempo (Hipótese 1) onde a humanidade possui uma baixa capacidade de variação, tal como a que podemos constatar hoje (Fato 1), e como consequência da ação da seleção natural por meio da ação do ambiente em dezenas de milhares de anos podemos explicar o estado de coisas atual.
No criacionismo temos uma pequena escala de tempo (Hipótese 1) onde a humanidade possui uma alta capacidade de variação, (Hipótese 2), que posterioremente se perdeu (Hipótese 3 para explicar o Fato 1, que é contrário a Hipótese 2). E para piorar, ainda temos o (Fato 2), que é tecnologia suficiente para reduzir drasticamente, se não eliminar, a pressão seletiva do ambiente, pois essa humanidade evidentemente tinha roupas, o que praticamente anula o efeito nocivo do sol excessivo contra as pessoas de pele clara.
Há muitas coisas que eu ainda poderia comentar, como o estranhíssimo fato de que os povos se espalhariam rapidamente pela terra, em velocidade similar a dos espanhóis na Idade Moderna, e assim que chegassem a seus destinos se esqueceriam totalmente das tecnologias que os levaram até lá. Ou o fato ainda mais estranho de que uma capacidade de variação muitíssimo rápida para funcionar num tempo curto, velocidade esta que não é observada, misteriosamente se manteve por mais de 600 anos e depois se perdeu em menos de 600 anos, o que deve exigir a uma outra hipótese para explicar tal fato, como por exemplo a diferença ambiental pré e pós diluviana.
Mas concluo dizendo que, infelizmente, a validade de suas conclusões não foram proporcionais à extensão das explicações.


II) Diferenciação dos Animais.

Tema da Questão:
1-COMO OS ANIMAIS ESPECÍFICOS DE CADA REGIÃO FORAM CHEGAR ATÉ LÁ?

Aqui, pura e simplesmente, não há o que comentar, visto que esse tópico inteirinho não fez nenhum esforço no sentido de responder a pergunta. Quero frisar que não estou pedindo, nem precisando, de aulas de evolucionismo, mas sim saber como o Criacionismo responderia tais questões.
Embora me sinta tentado a fazê-lo, não vou responder os comentários que você fez sobre minha visão da evolução, ou sobre o fato de que deveria deixar de usar conceitos humanos. Não que não sejam interessantes, só que nada disso vem ao caso.


III) Pingüins.

Tema da Questão:
1-COMO OS ANIMAIS ESPECÍFICOS DE CADA REGIÃO FORAM CHEGAR ATÉ LÁ?

Interessante ver que o que outrora chegou a ser chamado de "O ENIGMA DAS CAPIVARAS", acabou se tornando "O ENIGMA DOS PINGUINS". Para darmos uma abordagem final sobre o tema, vamos recorrer a dados científicos facilmente disponíveis. Os mais acessíveis são os da wikipedia, e é recomendável usar tanto o verbete em português quanto o verbete em inglês e também o verbet em espanhol, que apresenta a taxonomia de modo mais organizado.
Volto a dizer que sua teoria do espalhamento dos pinguins a partir do local de desembarque da Arca e plausível, embora improvável em comparação com o modelo evolucionista, bem mais apoiado nas evidências. No entanto, mesmo que esse modelo se mostrasse perfeitamente satisfatório, lembre-se de que este á um caso fácil do problema da Questão 1, visto que tais animais podem se deslocar notáveis distâncias pela água. Bem mais difícil seriam as capivaras.


IV) Dilúvio, Deriva dos Continentes e Hidroplacas.


V) Arca de Noé, Animais e Plantas no Dilúvio.

Infelizmente devo dizer que a parte que enfocou especificamente a Arca de Noé é provavelmente a pior parte de todo o texto. Urge reproduzir alguns trechos:
"A tecnologia é necessária para grandes construções e o que muda são os materiais disponíveis. Como eu já disse, as pirâmides têm uma engenharia muito complexa, e não precisaram de aço ou qualquer outro metal, enquanto muitos prédios hoje com alguma estrutura metálica não resistiriam tanto e são muito mais simples."
Como é?! Você quer comparar uma pirâmide com um edifício moderno, e ainda usar isso em favor da viabilidade da Arca?! As pirâmides foram construídas na forma "pedra sobre pedra", sua imensa base quadrangular e pouca altura relativa torna fácil sua sustentação. As grandes sempre tem uma largura e comprimento de base muito maiores que a altura, o exato contrário dos edifícios modernos. A pirâmide mais alta do mundo, a de Quéops, chegou a ter cerca 150m de altura, mas com cerca de 235m de largura. As grandes pirâmides americanas em geral são ainda mais largas em relação a altura. É evidente que com essa forma, não é sequer possível "derrubar" uma pirâmide, ela já está deitada! Podendo apenas desmoronar sobre si mesma. Agora, onde, no Egito ou em qualquer outro lugar da antiguidade, construíram estruturas altas e estreitas? Por outro lado, o maior obelisco do Egito não chegava a 30m, e isso sim é uma estrutura alta. Obelisk in The World
A engenharia dos prédios atuais é muitíssimo mais complexa, com espigões cujo mais alto já tem mais 500m, havendo torres, de metal, ainda mais altas. De uma olhada em Estruturas mais Altas do Mundo, onde há até mesmo um quadro histórico do surgimento dos prédios mais altos.
Agora, afora isso tudo... O que isso tem haver com arca?! Como a estabilidade de uma pirâmide de pedra pode servir como argumento em favor da viabilidade de uma arca de madeira?! São contextos totalmente diferentes!
"Também é preciso entender que a tecnologia dos navios não servia para aumentar o tamanho,..."
Então você acha que o fato dos navios terem ficado cada vez maiores nada deve a tecnologia?
"A Arca poderia ser construída apenas com madeira, como foram muitos dos navios antigos. Por exemplo, temos as barcaças egípcias de mais de 2000 a.C., usadas para transportar enormes pilares de pedras, mediam mais de 60m e carregavam quase 700 toneladas, e eram feitas apenas de madeira, com um formato levemente abaulado no casco e não a típica forma de navio (Enciclopédia Delta Universal, 1985, termo “Navio”, seção “História”)."
Isso não é nem metade do tamanho da arca, e a tecnologia dos egípcios já era muito mais adiantada do que a suposta tecnologia disponível a Noé, e SIM, eles já tinham metal! No caso Bronze, que mesmo que não tenha sido usado nos navios de certo foi usado na construção. Para afundar esse assunto veja Largest Wooden Ships, há uma lista dos maiores navios ao longo da história, citando inclusive a Arca de Noé. Curiosamente sendo descrita como tendo 137m, mas mesmo assim, seria o maior navio de madeira de todos os tempos. É claro que está no grupo dos navios "não confirmados", ao lado de outros muito provavelmente lendários de 128 e 126m. Mas no que se refere aos NAVIOS REAIS, o maior deles teve 115m, cheio de metal, e foi construído em 1865. Teria havido também o Caligula´s Giant Ship, de 104m, construído pelos romanos, ainda mais avançados do que os egípcios, já possuidores de Ferro.
O golpe final na pretensão de viabilidade de uma arca como essa está no fato de que além de maior que qualquer outro navio de madeira já construído, ela ainda por cima era fechada! Com paredes de 15m de altura e FECHADA no teto! O que exigiria uma tecnologia de sustentação muitíssimo mais complicada do que a de qualquer navio de madeira já construído.
"Não precisa parecer um navio pra boiar, pois icebergs, bóias, toras de madeira, e muitos outros materiais e estruturas flutuam sem possuírem nenhuma semelhança com um navio. A forma típica de navios pode até não ser a melhor para manter uma embarcação na água, mas sim a melhor para permitir seu deslocamento."
Boias e toras são estruturas curvas, um Iceberg mantem cerca de 80% de seu volume submerso, o que não seria o caso da arca. A comparação não procede. E não é uma questão de deslocamento, mas de estabilidade. Toda estrutura flutuante tem um fundo abaulado em contraste com a parte de cima achatada, ou então, como as plataformas, possuem grandes estruturas submersas, tal como um iceberg. A arca não parece ser nenhum dos casos, e embora isso não impeça que ela flutue, invibalizaria sua estabilidade.
"Os navios de 50m não usam árvores de 50m, mas sim tábuas que são unidas."
Unidas como? No caso dos navios realmente grandes, são unidas com pregos ou outros objetos de metal!
"Portanto, nesse parágrafo seu não há nenhum argumento consistente, pois aparentemente você só deu sua opinião sobre o assunto sem muita base. Eu mostrei as referências e elaborei a argumentação sobre elas e o conhecimento já existente sobre os navios e sua construção. Segundo suas palavras seria difícil existir até as caravelas de Colombo, e as pirâmides e muitas outras obras incríveis da antiguidade não deveriam existir. Para quem admira tanto a capacidade humana, você está ignorando-a para tentar convencer da sua opinião. Reflita melhor a respeito."
Minha "opinião" é que seria IMPOSSÍVEL CONSTRUIR UMA ESTRUTURA DE MADEIRA COMO A ARCA DE NOÉ. Pura e simplesmente. Não há evidência alguma de que uma empreitada assim seja minimamente plausível. Se você mostrasse um único exemplo de uma estrutura similar construída unicamente em madeira, teríamos algo com o que discutir. Apresentar estruturas muito menores e construídas com tecnologias bem mais avançadas não funciona. Aliás, seria uma excelente forma dos Criacionistas fortalecerem seus pontos de vista: Construir uma Arca funcional.
"Não precisaria de milagres para a construção da Arca. Deus, como nosso Criador, sabe da nossa capacidade, e bastou dar as instruções para então os seres humanos fazerem o resto. Eu não falei de milagres sobre milagres, tentei explicar de modo racional, mas você, aparentemente cego pelo preconceito, só conseguiu ver milagres na minha argumentação, a qual perdi muito tempo elaborando e pesquisando a fim de apresentar algo digno de discussão. Realmente, precisaríamos de milagres para explicar muitas coisas, como uma viagem à Lua, mas não é necessário para explicar algo que pode ser explicado de outra forma."
Ou você, aparente cego pelo fanatismo, não conseguiu ver que somente milagres realizariam tal feito? Não precisamos de milagre algum para explicar a viagem à Lua, que é um fato recente e muito bem documentado, mas que uma lenda absurda como a da Arca ainda seja levada à sério em pleno século XXI por pessoas que possuem curso superior já parece um milagre em si!


VI) Dispersão dos Animais pelo Mundo.


VII) Evolução Celular, Ontogênese, Estruturas Vestigiais.


VIII) A Ciência e as Escrituras.

Amigavelmente...

Marcus Valerio XR
29 de Fevereiro de 2008
TERCEIRO TEXTO DE
RAFAEL A. B. PAVANI
Questões Simples que o
Criacionismo não Responde