A "QUASE" INFINITA EXTENSÃO DO UNIVERSO
A afirmação já possui uma construção bizarra ao afirmar "quase infinita"! Isso não faz
sentido. É como dizer que alguma coisa é quase eterna. Entre uma quantidade Finita e uma Infinita
existe uma distância INFINITA! Nada pode ser "Quase Infinito"!
Mas indo ao que interessa, vejamos novamente o versículo:
"Porque, assim como o céu é mais alto do que a terra, assim são os meus
caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos
pensamentos." [Isaías 55:9]
Tenho a impressão que a pessoa que usa esse argumento está contando com o fato de que seu
ouvinte não se dará ao trabalho de examinar o versículo, pois ao fazê-lo, notamos uma distância
"quase infinita" entre o que pode ser extraído do versículo, e a idéia de Infinitude ou mesmo
Imensidão do Universo. Que relação pode haver entre eles?
O versículo apenas diz que os desígnios divinos são muito mais amplos que os humanos, que
a natureza divina é maior que a humana. Apenas isso. Pode-se até argumentar que sendo a
Natureza divina infinitamente maior que a Humana, poderíamos correlacionar isso com o fato de
Céu ser infinitamente maior que Terra, entendendo-se céu como Espaço Sideral.
Mas isso implica
em atribuir arbitrariamente esses significados, uma vez que muitas vezes "Céu" é usado para
figurar um domínio celestial místico, ou já o teríamos descoberto com nossos aviões e satélites,
e por vezes é igualado ao termo "Firmamento" [Gênesis 1:8], que é mais comum para se referir ao
"local" onde existem as estrelas, que é o que estaria muito mais próximo de nossa idéia de
Espaço.
Não obstante, a Bíblia declara:
"Acaso podes, como Ele, estender o firmamento, que é sólido como um
espelho fundido?" JÓ [37:18]
Nem creio que haja muito a acrescentar nesse ponto, o versículo é tão desvinculado de qualquer
idéia de Vastidão Espacial que só mesmo omitindo a citação para que tal argumento não seja de
imediato esvaziado. Na verdade, para a Bíblia, o espaço seria uma espécie de
"Universo Aquático".
CONSERVAÇÃO DE MASSA E ENERGIA, E ENTROPIA
Como esses dois tópicos estão relacionados, sendo relativos à
TERMODINÂMICA decidi tratá-los juntos. Para o primeiro
conceito usou-se o versículo:
"mas os céus e a terra de agora, pela mesma palavra, têm sido guardados
para o fogo, sendo reservados para o dia do juízo e da perdição dos homens ímpios."
[II Pedro 3:7]
Onde sinceramente não consigo ver qualquer relação com o Primeiro Princípio da Termodinâmica,
que diz basicamente que a Energia e a Matéria não podem ser criadas ou destruídas, mas apenas
convertidas de uma forma à outra, ou seja, declara explicitamente que NÃO EXISTE CRIAÇÃO NEM
DESTRUIÇÃO, SOMENTE TRANSFORMAÇÃO.
Mas o apóstolo Pedro neste capítulo está falando sobre o dia do Juízo Final, para ouvintes
que, já há quase 2000 anos atrás, estavam impacientes com a demora do cumprimento das profecias.
Curiosamente no mesmo contexto há margem para uma idéia que exatamente violaria a Lei de
Conservação de Massa e Energia, que seria a Destruição do Mundo atual para o surgimento de uma
nova Terra, como dizem os seguintes versículos:
"Ora, uma vez que todas estas coisas hão de ser assim dissolvidas, que
pessoas não deveis ser em santidade e piedade, aguardando, e desejando ardentemente a vinda do
dia de Deus, em que os céus, em fogo se dissolverão, e os elementos, ardendo, se fundirão? Nós,
porém, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e uma nova terra, nos quais habita a
justiça." [II Pedro 3:11-13]
É interessante notar como o apologeta seleciona o versículo que lhe interessa, e despreza o
contexto! Essa "Nova Terra e esse Novo Céu" muito provavelmente seriam Criados por Deus assim
como o foram na Gênese, conceitos que violam diretamente o Primeiro Princípio da Termodinâmica.
Mais interessante ainda notar que segundo essa mesma interpretação apologética, haveria
então um conflito com o seguinte versículo:
"Desde a antigüidade fundaste a terra; e os céus são obra das tuas mãos.
Eles perecerão, mas tu permanecerás; todos eles, como um vestido, envelhecerão; como roupa os
mudarás, e ficarão mudados. Mas tu és o mesmo, e os teus anos não acabarão."
[Salmo 102:25-27]
Que interpretada como sendo o Segundo Princípio da Termodinâmica, vulgo Lei de Entropia,
termina por afirmar que o mundo, e consequentemente sua Massa e Energia, não será conservado!
Curiosamente este último também se chocaria com outra passagem bíblica, que diz:
"Uma geração vai-se, e outra geração vem, mas a terra permanece para
sempre." [Eclesiastes 1:4]
Que é no mínimo estranho, visto que contraria a própria Criação e o Apocalipse.
No mesmo livro temos:
"O que tem sido, isso é o que há de ser; e o que se tem feito, isso se
tornará a fazer; nada há que seja novo debaixo do sol. Há alguma coisa de que se possa dizer:
Voê, isto é novo? ela já existiu nos séculos que foram antes de nós. Já não há lembrança das
gerações passadas; nem das gerações futuras haverá lembrança entre os que virão depois delas."
[Eclesiastes:9-11]
O que só poderia ser explicado mediante o mito do Universo cíclico, Eterno Retorno, caso
contrário como poderíamos dizer que uma inovação tecnológica não seria nova sobre a Terra?
Isso seria até compreensível no contexto da época, uma vez que ao menos em termos de inovações
tecnológicas, o mundo deveria parecer sempre igual para a maioria das pessoas. Mesmo assim é
estranha tal afirmação num livro que entre outras coisas conta a história de um dilúvio global
que não mais se repetirá.
Um outro versículo que costuma ser citado pelos apologetas como Primeiro Princípio da
Termodinâmica está no livro de Hebreus:
"Porque nós, os que temos crido, é que entramos no descanso, tal como
disse: Assim jurei na minha ira: Não entrarão no meu descanso; embora as suas obras estivessem
acabadas desde a fundação do mundo; pois em certo lugar disse ele assim do sétimo dia:
E descansou Deus, no sétimo dia, de todas as suas obras;" [Hebreus 4:3-4]
Alegando-se que ao terminar Deus de construir o mundo, este permanece conservado. Desse modo
teríamos que admitir que o Princípio de Conservação de Massa e Energia foi violado no ato da
criação, ou foi criado após o ato da criação, e desde então se estabeleceu.
Além da abusiva interpretação, esse idéia também esbarra no fato de que a Terra não é
um planeta "pronto". Ela não está realmente terminada. A Terra está em constante processo de
formação, até hoje temos movimentos de placas, surgimento de ilhas e demais fenômenos geológicos
e puramente naturais que vão transformando o ambiente. Serão necessários ainda bilhões
de anos para que o planeta para de sofrer transformações significativas e de fato se acomode
em termos de estrutura geológica. Nesse sentido, o mundo não é uma obra acabada.
Como podemos ver, mais uma vez, a afirmação de que quaisquer conceitos termodinâmicos possam
ser retirados destes versículos se baseia numa tremenda forçação de interpretação, que se usada
em outras passagens, poderia resultar num afirmação oposta.
Os responsáveis pelo texto sequer podem afirmar que não conheciam passagens que permitissem
tal oposição, pois é do mesmíssimo livro do Eclesiastes que eles retiraram versículos para
defender o próximo argumento.
CIRCULAÇÃO ATMOSFÉRICA E CICLO HIDROLÓGICO
Essas duas afirmações se baseiam em duas passagens que ocorrem juntas no livro
ECLESIASTES, da seguinte forma:
"O vento vai para o sul, e faz o seu giro vai para o norte; volve-se e revolve-se na sua
carreira, e retoma os seus circuitos. Todos os ribeiros vão para o mar, e contudo o mar não
se enche; ao lugar para onde os rios correm, para ali continuar a correr."
Diz claramente que o vento circula, o que qualquer pessoa atenta pode reparar no dia a dia,
uma vez que o vento costuma na maioria dos lugares soprar de várias direções em ciclos regulares,
mas isso pouco ou nada pode configurar em um afirmação de "Circulação Atmosférica", que vai
muito além de uma simples e óbvia mudança de direção horizontal, mas envolve troca entre massas
de ar também na vertical. O Vento é basicamente um fluxo de movimento de ar no sentido de uma
área de Maior Pressão atmosférica para uma área de Menor Pressão. Como a atmosfera terrestre
está em constante movimento dado a vários fatores que geram diferenças de temperatura e pressão,
as correntes de ar são inevitáveis. O Eclesiastes porém, descreve apenas a percepção óbvia de
um observador comum sem qualquer profundidade maior.
Já nem mesmo algo simples assim é dito a respeito de um Ciclo Hidrológico. Diz apenas que os
rios sempre vão para o mar, mas este nunca se enche mais do que já está. Não há nada de ciclo
da água aqui!
Ciclo da água seria dizer que os rios desembocam no mar, parte do mar se evapora, forma
nuvens e cai como chuva, que penetra nos solos e desce aos lençois freáticos, de onde nascem
os rios que voltam para o mar.
Mas não há nada disso no Eclesiastes! Apenas uma afirmação simples e poética submetida a um
abusiva interpretação. Curioso é que uma interpretação muito menos forçada poderia tirar da
Bíblia a afirmação exatamente contrária, baseada no versículo:
"Porque, assim como a chuva e a neve descem dos céus e para lá não
tornam, mas regam a terra, e a fazem produzir e brotar, para que dê semente ao semeador, e pão
ao que come," [Isaías 55:10]
Note que este versículo é retirado do mesmíssimo capítulo de onde o entusiasta da inerrância
bíblica retirou a afirmação da
"quase infinita extensão do universo",
sendo imediatamente posterior. Será que o autor dessa apologética nunca viu esse versículo?
Se podemos forçar o Eclesiastes a uma afirmação sobre o ciclo hidrológico, porque não fazer
o mesmo com o Isaías, que permite a interpretação clara de que a água que caí dos céus nunca
mais retorna para ele?
O VASTO NÚMERO DE ESTRELAS
"Assim como não se pode contar o exército dos céus, nem medir-se a
areia do mar, assim multiplicarei a descendência de Davi, meu servo, e os levitas, que ministram
diante de mim." [Jeremias 33:22]
Há que se discutir se 'exército dos céus' realmente pode ser entendido como estrelas, como de
fato o fazem algumas outras traduções bíblicas. Muito teólogos defendem que essa passagem se
refere às hostes celestiais de Deus, com seus incontáveis Anjos.
Mas mesmo que seja, a afirmação é irrelevante por um lado, e errônea por outro. Primeiro, que
é um fato óbvio que há um "vasto" número de estrelas no céu, qualquer um que já tenha olhado
um céu noturno e limpo percebe imediatamente isso, portanto não haveria nenhum tipo de
conhecimento superior nessa trivialidade.
Mas mesmo assim, essa afirmação acaba sendo errada, pois o número de estrelas visíveis no
céu é perfeitamente contável ao menos num determinado período de tempo, para isso existe uma
ciência denominada Uranografia, parte da Astronomia, e mesmo os Astrólogos antigos, incluindo os
babilônicos, observavam e catalogavam os astros.
Claro que se considerarmos as estrelas não visíveis, então podemos extender esse número para
trilhões ou mesmo infinito, mas o versículo ficaria muito mais comprometido, pois a descendência
de Davi evidentemente não é tão grande.
Mais uma vez, uma citação irrelevante é defendida como uma evidência da "Acurácia Científica"
bíblica, com uma boa dose de abuso interpretativo.
A IMPORTÂNCIA DO SANGUE
"Porque a vida da carne está no sangue; pelo que vo-lo tenho dado sobre o altar,
para fazer expiação pelas vossas almas; porquanto é o sangue que faz expiação, em virtude
da vida." [Levítico 17:11]
Essa afirmação não deveria merecer mais que uma gozação, será que o seu proponente considera que
quem nunca leu a Bíblia achava que o sangue poderia ser desperdiçado à vontade?! Será possível que
após ver claramente o que a perda de sangue faz, alguma cultura humana não saberia claramente
que ele é vital para a vida?! É difícil imaginar uma coisa mais óbvia. Qualquer tribo isolada
e primitiva sabe disso!
Notemos ainda que o versículo está inserido num contexto onde o sangue está sendo nitidamente
mistificado, nada tendo haver com declarações metabólicas.
Mas o pior é quando se lê todo o livro de LEVÍTICO, onde se pode
ver um "programa de saúde" completo no mínimo hilário. Entre outras coisas, prega esterilização
de ambientes infectados por doenças usando sangue de animais sacrificados, atribui ao
esperma e à mestruação características totalmente fantasiosas e propõe métodos de tratamento de
doenças completamente primitivos. Apresenta também conceitos absurdos sobre resguardo pós parto e
ainda declara que lebres ruminam, que morcegos são aves e que há insetos de 4 patas.
Alguns são citados Aqui.
Portanto até agora não só não encontramos qualquer suporte para a idéia de que a Biblia possua
qualquer "Acurária Científica", como na verdade antes encontraríamos o exato contrário por meio
de tal interpretação.
Sacar versículos isolados da Bíblia e reiterpretá-los pode resultar em qualquer coisa, não
é atoa que alguns vêem na Bíblia evidências de Reencarnação, OVNIs ou previsões da Viagem à Lua,
mas todos eles pecam pela descontextualização da capítulo e pela invalidação da própria mensagem.
OUTROS TEMAS
Voltemos ao nosso texto apologético bíblico.
É significativo também que nenhum erro jamais foi
demonstrado na Bíblia, seja em ciência, história ou qualquer outro assunto. Muitos erros foram
de fato declarados, mas eruditos bíblicos conservadores sempre foram capazes de encontrar
soluções para esses problemas.
Não foram poucas as vezes que vi esse argumento ser usado, tanto pessoalmente quanto pela
Internet. Basicamente isso resume a crença da Inerrância Bíblica, declarada por inúmeros
fundamentalistas cristãos.
Não obstante, não poderia haver mais flagrante distorção ou inverdade. A Bíblia não só
possui inúmeros erros, como é forte candidata ao livro mais contraditório e errôneo já escrito,
principalmente se insistirmos em interpretá-la de forma literal.
Se a interpretação for predominantemente moral, poética e espiritual, a grande maioria dos
"erros" bíblicos ficam anulados, da mesma forma que uma fábula de esopo não é considerada
"errada" por apresentar animais que falam. Ainda assim restariam erros menores, como
discordâncias narrativas de várias espécies.
Mas quando aplicamos literalidade, marca registrada do fundamentalismo, a quantidade de erros
científicos e históricos e contradições econtradas na Bíblia é pouco menor que seu número de
páginas, o que demonstra que a interpretação literal da Bíblia é bastante desaconselhável.
Curiosamente, são exatamente os adeptos dessa literalidade que insistem na Inerrância Bíblica
em todos os aspectos, inclusive científicos. Para defender tal ponto de vista há vários métodos,
mas que podem ser resumidos em Distorções Interpretativas, e também
na Recusa de Aceitação dos Dados Científicos.
Como exemplo do último caso, temos o Criacionismo, que recusa a Teoria Científica de Evolução
da Espécies Biológicas, e muitas vezes o modelo cosmogônico do Big-Bang, bem como teorias
geológicas de formação da Terra. Como numa interpretação literal é impossível negar que a
Bíblia descreva uma criação mítica de mundo em 6 dias há não muito mais que 6 mil anos, não
parece haver outra alternativa ao fundamentalista a não ser recusar o conhecimento científico
atual.
Para o outro caso, das Distorções Interpretativas, temos exemplos de conhecimentos
científicos que não podem ser negados mesmo pela grande maioria dos fundamentalistas, embora
ainda haja poucos que acreditem até mesmo numa Terra Plana. Como várias passagens da Bíblia
mostram uma concepção de mundo primitiva, com todos os erros comuns aos antigos, não resta
outra opção ao apologenta a não ser alterar o significado destas passagens.
Mas as declaraçãos que tivemos aqui são na verdade uma passo ainda mais adiantado. Para
compensar esses versículos frágeis em termos de inerrância científica, como o episódio de
Josué parando o Sol sobre Jericó, que os apologetas espertamente evitam, tentam isolar outros
para dar a impressão que a Bíblia apresentava de forma poética tal "assombrosa precisão
científica".
Como pudemos ver, todos eles pecam pela distorção interpretativa e pela falta de conhecimento
científico, e não são os únicos. Em minhas conversas com defensores bíblicos recolhi vários
outros argumentos da suposta sapiência científica atemporal do livro sagrado.
Prefiro até omitir os autores para evitar maiores constrangimentos, apesar de seus textos
originais estarem disponíveis neste site.
2Sm 22:16 afirma que há montanha e canyons no leito do mar. A Oceanografia descobriu que isso
era verdade em 1880.
Vejamos:
"Então apareceram as profundezas do mar; os fundamentos do mundo se descobriram, pela
repreensão do Senhor, pelo assopro do vento das suas narinas." [II Samuel 22:16]
Nada de montanhas nem canyons.
Gn 7:11; 8:2 afirma que há fontes de água no leito do mar. Em 1948 Basticafos descobriram.
Esse tema está melhor desenvolvido em meu novo texto O Universo Aquático da Bíblia, mas deixo aqui a resposta anterior.
Sl 8:8 afirma que há correntes, caminhos no mar. Em meados do século XIX Matthew Fontaine Maury,
ministro da Marinha americana, movido pela Bíblia, descobre correntes, premiando quem achasse
garrafas semeadas por navios.
"...as aves do céu, e os peixes do mar, tudo o que passa pelas veredas dos mares."
[Salmos 8:8]
Se eu afirmar que os lobos percorrem veredas na florestas, significa que há correntes,
fluxos, no chão!?
Gn 1:21 afirma que vida vem de vida e da mesma espécie. Em 1862 Pasteur mostrou que moscas
não se "geravam espontaneamente": vida só vem de vida. Em 1865 Mendel provou: vida só vem da
mesma espécie.
"Criou, pois, Deus os monstros marinhos, e todos os seres viventes que se
arrastavam, os quais as águas produziram abundantemente segundo as suas espécies; e toda ave
que voa, segundo a sua espécie. E viu Deus que isso era bom." [Gênesis 1:21]
Não só nada diz sobre os viventes se reproduzirem "somente" segundo suas espécies, como
se dissesse estaria errada. Há vários exemplos na natureza de espécies que produzem descendentes
que não podem ser considerados "da mesma espécie", a exemplo dos híbridos estéreis, das
aberrações cromossômicas ou mutações.
Gn 2:1-3 afirma que no universo, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma. No século
XVIII Lavoisier formula a 1ªlei da termodinâmica, uma das duas leis mais universais da ciência.
"Assim foram acabados os céus e a terra, com todo o seu exército. Ora, havendo Deus
completado no dia sétimo a obra que tinha feito, descansou nesse dia de toda a obra que fizera.
Abençoou Deus o sétimo dia, e o santificou; porque nele descansou de toda a sua obra que criara
e fizera." [Gênesis 2:1-3]
Voltando ao tópico
Termodinâmico, mais uma vez essa passagem nada tem haver com a 1ª Lei,
que sequer foi formulada por Lavoisier. E vale lembrar que CRIAÇÃO é uma violação direta da
Lei de Conservação de Massa e Energia.
Is 65:17 afirma que na 2ª lei da termodinâmica, a tendência à degradação, não existirá na
nova criação que será perfeita, eterna, eternamente perfeita. A ciência reconhece que somente
assim é que o universo permanecerá eternamente.
Não me ocorre que "A Ciência" tenha reconhecido tal coisa, mas vejamos:
"Pois eis que eu crio novos céus e nova terra; e não haverá lembrança das coisas passadas,
nem mais se recordarão:" Isaías 65:17
Mais uma vez, nada haver com Termodinâmica, e se houvesse teríamos a violação da Primeira Lei
e além disso uma contradição com a já citada passagem:
"Uma geração vai-se, e outra geração vem, mas a terra permanece para sempre."
[Eclesiastes 1:4]
Lv 13:14 afirma que há contágios e a solução é a quarentena e o isolamento. Percebemos que
a vitória contra a lepra só ocorreu quando a Bíblia foi obedecida.
É preciso mais que o Versículo 14, abaixo sublinhado, para entender
tal idéia.
"Quando num homem houver praga de lepra, será ele levado ao sacerdote, o qual o examinará;
se houver na pele inchação branca que tenha tornado branco o pêlo, e houver carne viva na
inchação, lepra inveterada é na sua pele. Portanto, o sacerdote o declarará imundo; não o
encerrará, porque imundo é. Se a lepra se espalhar muito na pele, e cobrir toda a pele do que
tem a praga, desde a cabeça até os pés, quanto podem ver os olhos do sacerdote, este o examinará;
e, se a lepra tiver coberto a carne toda, declarará limpo o que tem a praga; ela toda se tornou
branca; o homem é limpo. Mas no dia em que nele aparecer carne viva será imundo.
Examinará, pois, o sacerdote a carne viva, e declarará o homem imundo; a carne viva é imunda; é
lepra. Ou, se a carne viva mudar, e ficar de novo branca, ele virá ao sacerdote, e este o
examinará; se a praga se tiver tornado branca, o sacerdote declarará limpo o que tem a praga;
limpo está." [Levítico 13:9-17]
A Lepra, Hanseníase, jamais foi vencida, pois diferente da Varíola, Grupe ou Peste Bubônica,
ela não foi erradicada, e quando for, o será pelo conhecimento científico, tal como as outras.
Sem comentários. Qualquer médico, enfermeiro, veterinário ou pessoa culta, até um sacerdote,
ou funcionário de posto de saúde pode atestar que tal procedimento é ineficaz contra Lepra, e
contra a maioria das infecções. Alías a descrição do versículo sequer sugere realmente Lepra.
Dt 23:12-13 afirma que devemos isolar e dar rápido sumiço aos excrementos. Até 1790: todos
excrementos eram lançados e permaneciam nas ruas, mesmo nas capitais e cortes! Seria melhor
terem obedecido a Bíblia há mais tempo.
"Também terás um lugar fora do arraial, para onde sairás. Entre os teus utensílios terás uma
pá; e quando te assentares lá fora, então com ela cavarás e, virando-te, cobrirás o teu
excremento;" [Deuteronômio 23:12-13]
Afirma apenas que se deve cobrir os excrementos. Os gatos podem nos ensinar isso. Para lidar
com o problema, questão de saneamento básico, é preciso muito mais cuidado. Curiosamente,
civilizações como a Japonesa ou a Asteca, que jamais haviam ouvido falar da Bíblia, já tinham
tal cuidado muito antes de 1790, porque é que as européias, bibliófilas até a alma, não o faziam?
Lv 7:22-27 afirma que devemos evitar certas carnes e misturas. Em 1960 foi descoberto que
certas carnes e misturas causam o colesterol. Isso mostra a perfeição bíblica nos mínimos
detalhes.
Mínimos detalhes?! Porque a Bíblia não orientou logo a uma dieta
mais frugal? Na verdade faz quase o contrário, mesmo porque até Deus preferia carne de ovelhas,
com muita gordura, do que frutas, como se vê em Gênesis 4. Mas vejamos:
"Depois disse o Senhor a Moisés: Fala aos filhos de Israel, dizendo: Nenhuma gordura de boi, nem
de carneiro, nem de cabra comereis. Todavia pode-se usar a gordura do animal que morre por si
mesmo, e a gordura do que é dilacerado por feras, para qualquer outro fim; mas de maneira alguma
comereis dela. Pois quem quer que comer da gordura do animal, do qual se oferecer oferta queimada
ao Senhor, sim, a pessoa que dela comer será extirpada do seu povo. E nenhum sangue comereis,
quer de aves, quer de gado, em qualquer das vossas habitações. Toda pessoa que comer algum
sangue será extirpada do seu povo." [Levítico 22-27]
Será que isso tem alguma coisa haver com evitar gorduras por eles serem prejudiciais a saúde?
Qual a diferença, em termos metabólicos, para a gordura de um animal morto por um homem e outro
morto por qualquer outro fator?!
Lv 15:7 nos fala sobre a purificação pela água. Até 1900 os cirurgiões eram sujos, não
praticavam e ensinavam higiene, 17% das grávidas que entravam no melhor hospital do mundo
(em Viena) morriam de infecção! Ainda hoje, purificação salva mais que todos os remédios
juntos.
"Purificação", no sentido medicinal, não é feito por água, mas sim,
por Éter ou Alcóol, e dizer que isso salva mais que todos os remédios juntos é improcedente.
A civilização de hoje seria inviável sem a penicilina.
Vamos não só ao versículo, mas ao capítulo inteiro. Um verdadeiro Clássico da típica
ignorância primitiva em termos de saúde! O Versículo 7 está em destaque.
"
Disse ainda o Senhor a Moisés e a Arão:
Falai aos filhos de Israel, e dizei-lhes: Qualquer homem que tiver fluxo da sua carne, por
causa do seu fluxo será imundo.
Esta, pois, será a sua imundícia por causa do seu fluxo: se a sua carne vasa o seu fluxo, ou
se a sua carne estanca o seu fluxo, esta é a sua imundícia.
Toda cama em que se deitar aquele que tiver fluxo será imunda; e toda coisa sobre o que se
sentar, será imunda.
E, qualquer que tocar na cama dele lavará as suas vestes, e se banhará em água, e será imundo
até a tarde.
E aquele que se sentar sobre aquilo em que se sentou o que tem o fluxo, lavará as suas
vestes, e se banhará em água; e será imundo até a tarde,
Também aquele que tocar na carne do que tem o fluxo, lavará as suas vestes, e se banhará
em água, e será imundo até a tarde.
Quando o que tem o fluxo cuspir sobre um limpo, então lavará este as suas vestes, e se
banhará em água, e será imundo até a tarde.
Também toda sela, em que cavalgar o que tem o fluxo, será imunda.
E qualquer que tocar em alguma coisa que tiver estado debaixo dele será imundo até a tarde;
e aquele que levar alguma dessas coisas, lavará as suas vestes, e se banhará em água, e será
imundo até a tarde.
Também todo aquele em quem tocar o que tiver o fluxo, sem haver antes lavado as mãos em água,
lavará as suas vestes, e se banhará em água, e será imundo até a tarde.
Todo vaso de barro em que tocar o que tiver o fluxo será quebrado; porém todo vaso de
madeira será lavado em água.
Quando, pois, o que tiver o fluxo e ficar limpo do seu fluxo, contará para si sete dias para
a sua purificação, lavará as suas vestes, banhará o seu corpo em águas vivas, e será limpo.
Ao oitavo dia tomará para si duas rolas, ou dois pombinhos, e virá perante o Senhor, à porta da
tenda da revelação, e os dará ao sacerdote,
o qual os oferecerá, um para oferta pelo pecado, e o outro para holocausto; e assim o sacerdote
fará por ele expiação perante o Senhor, por causa do seu fluxo.
Também se sair de um homem o seu sêmen banhará o seu corpo todo em água, e será imundo até a
tarde.
E toda vestidura, e toda pele sobre que houver sêmen serão lavadas em água, e serão imundas
até a tarde.
Igualmente quanto à mulher com quem o homem se deitar com sêmen ambos se banharão em água,
e serão imundos até a tarde.
Mas a mulher, quando tiver fluxo, e o fluxo na sua carne for sangue, ficará na sua impureza
por sete dias, e qualquer que nela tocar será imundo até a tarde.
E tudo aquilo sobre o que ela se deitar durante a sua impureza, será imundo; e tudo sobre o
que se sentar, será imundo.
Também qualquer que tocar na sua cama, lavará as suas vestes, e se banhará em água, e será
imundo até a tarde.
E quem tocar em alguma coisa, sobre o que ela se tiver sentado, lavará as suas vestes, e se
banhará em água, e será imundo até a tarde.
Se o sangue estiver sobre a cama, ou sobre alguma coisa em que ela se sentar, quando alguém
tocar nele, será imundo até a tarde.
E se, com efeito, qualquer homem se deitar com ela, e a sua imundícia ficar sobre ele, imundo
será por sete dias; também toda cama, sobre que ele se deitar, será imunda.
Se uma mulher tiver um fluxo de sangue por muitos dias fora do tempo da sua impureza, ou quando
tiver fluxo de sangue por mais tempo do que a sua impureza, por todos os dias do fluxo da sua
imundícia será como nos dias da sua impureza; imunda será.
Toda cama sobre que ela se deitar durante todos os dias do seu fluxo ser-lhe-á como a cama da
sua impureza; e toda coisa sobre que se sentar será imunda, conforme a imundícia da sua
impureza.
E qualquer que tocar nessas coisas será imundo; portanto lavará as suas vestes, e se banhará
em água, e será imundo até a tarde.
Quando ela ficar limpa do seu fluxo, contará para si sete dias, e depois será limpa.
Ao oitavo dia tomará para si duas rolas, ou dois pombinhos, e os trará ao sacerdote, à porta da
tenda da revelação.
Então o sacerdote oferecerá um deles para oferta pelo pecado, e o outro para holocausto; e o
sacerdote fará por ela expiação perante o Senhor, por causa do fluxo da sua imundícia.
Assim separareis os filhos de Israel da sua imundícia, para que não morram na sua imundícia,
contaminando o meu tabernáculo, que está no meio deles.
Esta é a lei daquele que tem o fluxo e daquele de quem sai o sêmen de modo que por eles se
torna imundo;
como também da mulher enferma com a sua impureza e daquele que tem o fluxo, tanto do homem
como da mulher, e do homem que se deita com mulher imunda." [Levítico 15]
É simplesmente INACREDITÁVEL que um cidadão contemporâneo
e razoavelmente culto afirme que exista qualquer tipo de sabedoria médica no Levítico que esteja
à frente de seu tempo. Digo sem reservas, achar que um livro como esse apresenta conhecimentos
científicos relevantes é simplesmente uma SANDICE!!!
Porque tanta insistência em ser imundo até a Tarde? Se já se purificou o problema não
estaria resolvido?
Acaso o sangue mestrual impregna alguma coisa de "imundície" mesmo sem
contato direto? Sob essa orientação, mesmo usando O.B. uma mulher tornaria o assento de um
ônibus não reutilizável por um dia inteiro, mesmo que este fosse logo em seguida lavado com
desinfetantes e bactericidas!
Porque dar tal tratamento a um vaso de barro e outro de madeira, se é justamente o de barro
que é mais fácil de ser esterelizado por calor?
E quanto aos holocaustos com duas rolas ou dois pombinhos?!
É algo completamente atrasado e primitivo! E nem sequer é o pior se examinarmos outros
capítulos do Levítico. Não obstante, vejamos a próxima declaração:
A Lei mosaica (século 16 AEC) refletia conhecimento da existência de germes causadores
de doenças, milhares de anos antes de Pasteur ter associado os germes às doenças.
- Levítico, capítulos 13 e 14.
São os capítulos imediatamente anteriores aos festival de disparates do
Levítico 15, onde ocorreria o suposto tratamento contra a lepra anterioremente citado.
Os capítulos, cada um bem maior que o 15, são grandes demais para serem totalmente transcritos
aqui, mas para os quais vale a pena destacar alguns pontos.
No mesmo capítulo 13 citado acima, podemos encontrar:
"E quando homem (ou mulher) tiver praga na cabeça ou na barba,
o sacerdote examinará a praga, e se ela parecer mais profunda que a pele, e nela houver pêlo fino
amarelo, o sacerdote o declarará imundo; é tinha, é lepra da cabeça ou da barba."
[Levítico 13:29-30]
Lepra de Barba?! Aliás, pode-se notar que não se trata exatamente da Lepra que consideramos
hoje em dia, a Hanseníase, mas sim um termo genérico para infecções. Até aqui, absolutamente
nenhuma sugestão que reflita conhecimento sobre "germes causadores de doenças."
Já o capítulo 14 é um espetáculo à párte.
"Depois disse o Senhor a Moisés:
Esta será a lei do leproso no dia da sua purificação: será levado ao sacerdote,
e este sairá para fora do arraial, e o examinará; se a praga do leproso tiver sarado,
o sacerdote ordenará que, para aquele que se há de purificar, se tomem duas aves vivas e limpas, pau de cedro, carmesim e hissopo.
Mandará também que se imole uma das aves num vaso de barro sobre águas vivas.
Tomará a ave viva, e com ela o pau de cedro, o carmesim e o hissopo, os quais molhará, juntamente com a ave viva, no sangue da ave que foi imolada sobre as águas vivas;
e o espargirá sete vezes sobre aquele que se há de purificar da lepra; então o declarará limpo, e soltará a ave viva sobre o campo aberto.
Aquele que se há de purificar lavará as suas vestes, rapará todo o seu pêlo e se lavará em água; assim será limpo. Depois entrará no arraial, mas ficará fora da sua tenda por sete dias.
Ao sétimo dia rapará todo o seu pêlo, tanto a cabeça como a barba e as sobrancelhas, sim, rapará todo o pêlo; também lavará as suas vestes, e banhará o seu corpo em água; assim será limpo.
Ao oitavo dia tomará dois cordeiros sem defeito, e uma cordeira sem defeito, de um ano, e três décimos de efa de flor de farinha para oferta de cereais, amassada com azeite, e um logue de azeite;
e o sacerdote que faz a purificação apresentará o homem que se há de purificar, bem como aquelas coisas, perante o Senhor, à porta da tenda da revelação.
E o sacerdote tomará um dos cordeiros, o oferecerá como oferta pela culpa; e, tomando também o logue de azeite, os moverá por oferta de movimento perante o Senhor.
E imolará o cordeiro no lugar em que se imola a oferta pelo pecado e o holocausto, no lugar santo; porque, como a oferta pelo pecado pertence ao sacerdote, assim também a oferta pela culpa; é coisa santíssima.
Então o sacerdote tomará do sangue da oferta pela culpa e o porá sobre a ponta da orelha direita daquele que se há de purificar, e sobre o dedo polegar da sua mão direita, e sobre o dedo polegar do seu pé direito."
[Levítico 14:1-14]
E ainda mais:
"E, para purificar a casa, tomará duas aves, pau de cedro, carmesim e hissopo;
imolará uma das aves num vaso de barro sobre águas vivas;
tomará o pau de cedro, o hissopo, o carmesim e a ave viva, e os molhará no sangue da ave imolada e nas águas vivas, e espargirá a casa sete vezes;
assim purificará a casa com o sangue da ave, com as águas vivas, com a ave viva, com o pau de cedro, com o hissopo e com o carmesim;
mas soltará a ave viva para fora da cidade para o campo aberto; assim fará expiação pela casa, e ela será limpa.
Esta é a lei de toda sorte de praga de lepra e de tinha;
da lepra das vestes e das casas;
da inchação, das pústulas e das manchas lustrosas;
para ensinar quando alguma coisa será imunda, e quando será limpa. Esta é a lei da lepra."
[Levítico 14:49-57]
Não posso considerar outra coisa que não uma insanidade, ou uma piada, em declarar que esses
procedimentos reflitam qualquer conhecimento a respeito de bactérias. Espalhar sangue de animais
sacrificados pela casa, ou aplicá-lo sobre a pele de pessoas, é exatamente o oposto do que
se esperaria de alguém que tem noções avançadas de higiene e esterilização.
Não há nada de estranho no Levítico em si, a não ser a ignorância inevitável de seu contexto
cultural. Ele sem dúvida reflete o melhor conhecimento de sua época e local, ainda que um
conhecimento bastante inferior ao do Egito por exemplo, não deixando de ter
sua eficiência para diminuição da alastração de pragas, mas alguém da contemporaneidade afirmar
que isso é uma evidência de uma "acurária científica completamente de acordo com o fatos
modernos da ciência", não é mais ignorância, é estupidez!
Lendo diversos outros trechos do Levítico, e outros livros, é impossível contar o número
de conceitos primitivos, superticiosos e totalmente ultrapassados. Entre outras coisas, as
mulheres sempre são vistas como "essencialmente" mais impuras que homens, exigindo períodos
maiores de isolamento. O simples dar a luz a uma menina exige o dobro do tempo de "purificação"
do que o dar a luz a um menino [Levítico 12], e
Outros Exemplos.
A maioria dos conceitos destes livros antigos, em especial o Pentateuco, mesmo em seu sentido
simbólico e místico não são mais plenamente válidos nem mesmo para os Judeus, é impressionante
que cristãos insistam em citar tais livros para defender a Inerrância Bíblica.
Behemoth e Leviatã citados nos capítulos 40 e 41 de Jó são os Dinossauros, pois é nos
contado que o Behemoth era uma criatura muito grande e comia grama e tem 2 descrições no
capitulo 40 de Jó ( 17 e 23 ) que mostra que ele era muito maior que um elefante ou hipopótamo
descartando assim essa hipótese.
Vejamos:
"Contempla agora o hipopótamo, que eu criei como a ti, que come a erva como o boi.
Eis que a sua força está nos seus lombos, e o seu poder nos músculos do seu ventre.
Ele enrija a sua cauda como o cedro; os nervos das suas coxas são entretecidos.
Os seus ossos são como tubos de bronze, as suas costelas como barras de ferro.
Ele é obra prima dos caminhos de Deus; aquele que o fez o proveu da sua espada.
Em verdade os montes lhe produzem pasto, onde todos os animais do campo folgam.
Deita-se debaixo dos lotos, no esconderijo dos canaviais e no pântano.
Os lotos cobrem-no com sua sombra; os salgueiros do ribeiro o cercam.
Eis que se um rio trasborda, ele não treme; sente-se seguro ainda que o Jordão se levante
até a sua boca.
Poderá alguém apanhá-lo quando ele estiver de vigia, ou com laços lhe furar o nariz?"
[Jó 40:15-24], os versículos 17 e 23 são os destacados.
Algumas versões da Bíblia não traduzem a palavra Behemoth, que significaria Hipopótamo,
essa tradução pode estar errada mas um hipopótamo se encaixa nesta descrição. Ainda que pequena,
ele tem uma cauda, e ele não se preocupa que o rio transborde, mesmo porque sabe nadar.
Mas de fato, o versículo 17 deixa a narrativa estranha, pois enrijecer a cauda como cedro
não parece mesmo corresponder à pequena cauda de um hipopótamo, ou de um elefante, o mesmo
digo da menção à espada. Rinoceronte? Disso então podemos concluir se tratar de um Dinossauro?
Ora, ainda que fosse verdade, isso não provaria muita coisa, mesmo porque a hipótese de que
hajam remanescentes de animais jurássicos e triásicos em eras posteriores, e até na atualidade,
não é absurda. A Paleontologia e a Evolução nada teriam contra isso. Se fosse assim, a Bíblia
nada mais teria feito do que descrever algo de sua época.
Mas ainda seria muito estranho, esse animal deveria ser então bastante conhecido, para ser
citado de forma tão espontânea, porém não há em qualquer outro lugar da Bíblia uma descrição
semelhante, e em nenhum outro registro do passado, por isso, creio que um animal grande como
rinoceronte, elefante, hipopótamo, ou mesmo um remanescente de mamutes é muito mais provável.
Já no capítulo 41, onde fala-se do leviatã.
Da sua boca saem tochas; faíscas de fogo saltam dela.
Dos seus narizes procede fumaça, como de uma panela que ferve, e de juncos que ardem.
O seu hálito faz incender os carvões, e da sua boca sai uma chama." [Jó 40:19-21]
Essa descrição me sugere um dragão cuspidor de fogo! Isso é apoiado pela Ciência? Não
há nenhuma evidência de um Dinossauro pirogênico!
CONCLUSÃO
Esses são apenas alguns exemplos de como é inútil e contraproducente mesmo para os
fundamentalistas tentar extrair da Bíblia conceitos que ele não tem, bem como tentar argumentar
que ela possua qualquer conhecimento técnico e científico além de sua época.
A Bíblia é um livro religioso, de teor espiritual, moral e mitológico, e como tal está
subordinada a visão de mundo de seu tempo e local.
Deve-se admitir, e insisto nisso, que não é por isso que não creio na inspiração divina
da Bíblia, e não acho que a simples existência dessa ingenuidade sobre a natureza deveria
desqualificá-la, bem como a qualquer outro livro sagrado.
E perfeitamente possível aos cristãos estarem em paz com sua religião e seu livro sagrado
mesmo tendo consciência de suas concepções primitivas sobre o Universo e o Mundo, mesmo porque
como diria Frei Betto em seu texto
A Bíblia em 12 passos:
"Assim como ninguém deixa de tomar um remédio porque na bula há um erro de concordância,
também judeus e cristãos não se importam se encontram nos textos bíblicos um equívoco histórico.
A seus olhos, eles são, antes de tudo, textos religiosos. Não buscam ali noções de ciência
ou história e sabem que os autores bíblicos não pretenderam alcançar precisão metodológica
e científica. Entrelaçaram referências religiosas, históricas e científicas segundo os
conhecimentos da época. Mas que importa a qualidade da fiação ou dos condutos eletrônicos,
do poste ou do abajur, para quem busca luz para enxergar melhor?" FREI BETTO
A Bíblia em 12 Passos
Ou seja, uma fábula não tem seu conteúdo essencial invalidado pelo fato de descrever coisas
fantásticas, como Raposas Falantes. Da mesma forma, um mito não deve ser desvalorizado pelos
seus elementos fisicamente absurdos. Se eu não creio na inspiração divina da Bíblia, é
antes por muitos outros fatores, como os citados em
É a Bíblia Divinamente Inspirada?, o que ainda assim não
invalida seu valor cultural.
Os apologetas bíblicos até tem sorte que, graças a Igreja Católica Primitiva, apenas os 3
evangelhos sinópticos e o evangelho de João terem sido considerados canônicos. O que por si
só já apresentam miríades de "erros" de concepção sobre a natureza. Caso contrário, poderia
ser totalmente impossível não ver o Geocentrismo Bíblico, que apesar de presente não é tão
explícito.
Em Hebreus 11, o apóstolo Paulo faz referência à Transladação de Enoque, pai de Matusalém, que
não é descrita no Velho Testamento, apenas vagamente sugerida em Gênesis 5:22. O conhecimento
de Paulo com certeza vinha também de outros evangelhos, como o apócrifo
Livro de Segredos de Enoch, que conta a estória mencionada por Paulo,
o que faz com que esse livro tenha sido considerado como um pouco mais confiável que os demais
apócrifos, mesmo porque muito provavelmente é dele que Paulo retirou também a menção da
hierarquia angélica de Tronos, Dominações, Principados e Potestades, como a citada em
Colossenses [1:17], e em outros trechos de suas epístolas no Novo Testamento.
Pois bem, este livro, escrito na mesma época que os demais evangelhos por algum erudito que
conhecia o Geocentrismo Aristotélico, descreve explicitamente os mecanismos usados pelos anjos
para mover o Sol em torno da Terra, além das demais "esferas celestiais" que até os feitos do
trio Copêrnico, Galileu e Kepler, eram aceitas pelas maioria dos eruditos, e que apesar disto
já eram muito mais avançadas que as idéia primitivas de uma Terra Plana perdida num Abismo.
Provavelmente a incompatibilidade do geocentrismo helênico, que já conhecia a esfericidade da
Terra, com os conceitos muito mais primitivos da Bíblia, foi um dos fatores para a
desqualificação do livro apócrifo de Enoque.
É sem dúvida uma sorte. Pois os fundamentalistas já tem um tremendo trabalho em ocultar e
omitir a flagrante ingenuidade bíblica sobre a realidade da natureza, e em distorcer e
descontextualizar versículos.
Voltando a afirmação dos apologetas:
Muitos erros foram de fato declarados, mas eruditos
bíblicos conservadores sempre foram capazes de encontrar soluções para esses problemas.
Talvez tenham se esquecido de dizer que essas "soluções" só satisfazem mesmo aos consevadores
que já "solucionaram" sua racionalidade dentro do Fanatismo Religioso.
Marcus Valerio XR
Primeiro de Março de 2004
BÍBLIA X CIÊNCIA - Parte I----------
BÍBLIA DIVINAMENTE INSPIRADA?