KIT CASEIRO DE CRIACIONISMO "CIENTÍFICO"
FAÇA VOCÊ MESMO SEU ARGUMENTO DE IDADE JOVEM DA TERRA!

Se você pretende ser um Criacionista de Terra Jovem, bem que poderia tentar ser não apenas um, mas um dos grandes. A diferença de um Criacionista obscuro qualquer para um Henry Morris ou Thomas G. Barnes é que estes foram criativos, e desenvolveram eles mesmos seu material.

Portanto você precisa inovar e criar você mesmo os seus argumentos, que poderá até chamar de evidências para uma Terra Jovem, ou de "provas" se quiser!

Como a questão da idade da Terra é talvez a mais decisiva, vá direto ao ponto e use este Kit "Criacionismo ao Alcance de Todos", e verá que construir um argumento em favor de uma idade jovem para a Terra é muito fácil! Tanto que há dezenas deles por aí.

São necessários apenas 3 passos para criar um argumento contra a Idade Antiga da Terra:

1 - UM FENÔMENO NATURAL
Selecione um fenômeno qualquer da natureza, ou invente um, depende do nível de credibilidade que você pretender.

2 - UMA TAXA DE VARIAÇÃO
Atribua ao fenômeno uma taxa de variação regular, com um valor que satisfaça o Passo 3.

3 - UM CÁLCULO APROPRIADO
Faça um cálculo multiplicando sua taxa de variação para a idade de 4,5 bilhões de anos da Terra. Por menor que seja seu índice de variação, o número final será bem grande. Aí e só argumentar que se a Terra fosse tão antiga, o valor numérico do fenômeno resultaria em algo absurdo! (Se o cálculo não obter o resultado satisfatório é só voltar ao Passo 2 e aumentar a taxa.)

Exemplo:

Pode-se inventar qualquer coisa, e tomarei o cuidado de bolar algo que eu nunca tenha visto, embora é bem provável que cedo ou tarde surgirá um argumento parecido.

1 - Fenômeno Natural: Velocidade de Translação da Terra, que é de cerca de 107.500 km/h, arredondemos para 108 mil para facilitar o cálculo.

2 - Taxa de Variação: A velocidade diminui em 1km/h por ano. Taxa de variação inventada! Mas a maioria das pessoas não irá se preocupar em confirmar isso.

3 - Cálculo: Se a Terra perde 1km/h a cada ano, significa que quanto mais recuamos no passado, maior será sua velocidade, então a Terra deveria ter:
4.500.000.000 km/h a mais no passado, o que é absurdo, mesmo porque a velocidade da Luz é de
1.080.000.000 km/h.

Para completar basta agora efetuar o cálculo levando em conta a Idade da Terra pelos criacionistas, que é de 10 mil anos, e dessa forma a velocidade inicial da Terra seria de 118 mil km/h, o que não traz nenhum problema, e a diferença seria praticamente imperceptível em termos históricos.

Portanto, segundo esse raciocínio, a datação criacionista se encaixa melhor com os dados da natureza! Poderia nesse caso até mesmo diminuir bastante a taxa de variação, 0,1km/h por exemplo, o que já daria uma velocidade inicial de 450 milhões de km/h, o suficiente para se considerar o resultado absurdo.

FALANDO SÉRIO

TODOS os argumentos contra a Antiguidade da Terra feitos pelos Criacionistas seguem esse mesmíssimo padrão. Não conheço exceções. Uma pessoa leiga, e pouco crítica, sem dúvida ficará bem impressionada, por não perceber nenhum dos erros básicos deste raciocínio.

Há ao menos 3 possibilidades de erros nessa estrutura de raciocínio que sempre ocorrem com os argumentos criacionistas, mas que porém são invisíveis para a maior parte da população, principalmente os crentes.

Primeiro, que na maioria das vezes os fenômenos alegados são distorcidos, exagerados, baseados em dados falhos ou obsoletos, quando não totalmente falsos.

Segundo, que a taxa de variação quase sempre é arbitrária, no mínimo exagerada e muitas vezes inventada, ainda que o fenômeno seja mesmo real. Além disso costuma-se ignorar que a "taxa de variação" TAMBÉM PODE VARIAR. A taxa de variação antiga pode ser bem diferente da atual

Terceiro, que mesmo mantendo a existência do fenômeno e a taxa de variação, costuma-se omitir outros fatores que concorrem para compensar ou neutralizar o resultado final.

Neste argumento acima, o fenômeno é provavelmente verdadeiro. A Terra deve perder a velocidade média de translação ao longo da história geológica, devido ao fato de que o espaço não é um vácuo absoluto, mas com certeza essa perda de velocidade deve ser quase impossível de detectar.

De fato provalmente ocorre uma variação da velocidade em certas eras geológicas, onde a distância média do planeta provavelmente varia. Quanto mais longe do Sol, mais lentamente a Terra deve se mover e vice-versa, além do fato que nos referimos à velocidade média, pois ao longo do ano a velocidade de translação COM CERTEZA varia, uma vez que a órbita é elíptica.

Esses simples fatos, bem manipulados, já ajudam na credibilidade do argumento. O criacionista pode até citar publicações científicas e cientistas respeitados que façam referência a algum tipo de perda de velocidade de translação, basta omitir outros detalhes.

Os argumentos criacionistas para defender uma Idade Jovem da Terra podem então ser classificados exatamente de acordo com onde cometem seu erro. Esses argumentos podem ser facilmente encontrados na maioria dos sites criacionistas.

Grupo dos Fenômenos Distorcidos ou Inexistentes.
São os mais simples de fazer, sendo os mais populares para os leigos. Alguns deles são tão espúrios, como o do "Pó da Lua", que nem mesmo os criacionistas mais ou menos esclarecidos os levam a sério, outros se baseiam em erros de medição isolados há muito desmentidos, como o do "Encolhimento do Sol". (Discutido Neste Debate)

Grupo das Taxas de Variação distorcidas.
São os mais numerosos, que simplesmente atribuem variações descabidas a fenômenos inegáveis, ou cometem o erro de achar que uma taxa de Variação atualmente verificável teria que ser constante ao longo da história. Um deles é o do "Crescimento Populacional" *1 que alega que a Terra deveria ter bilhões de vezes mais habitantes se fosse tão antiga, ignorando que crescimentos populacionais são extremamente inconstantes e que só foi possível uma taxa de crescimento realmente significativa há menos de 500 anos graças ao desenvolvimento científico. Outro deles, similar ao que eu inventei, é o da "Desaceleração da Rotação Terrestre", que se baseia num fenômeno real e frequentemente citado nos círculos científicos, mas exagerando imensamente sua taxa de variação.

Grupo da omissão de fenômenos compensatórios.
São aqueles onde apesar do fenômeno e da taxa de variação serem reais, omitem outros fatos que impedem o resultado. Um muito usado por Henry Morris é do "Acúmulo de Sedimentos Oceânicos" (examinado AQUI), que detecta a taxa de deposição anual de certos minerais nos Mares pela ação dos rios. Várias minerais são adicionados, e de fato causariam um resultado insustentável não fosse a ocorrência de outros fenômenos que dissipam tais minerais do oceano, impedindo sua excessiva concentração. Além disso os diferentes minerais sugerem resultados limites diferentes, alguns de centenas de milhares, outros de poucos séculos, evidentemente o Criacionista irá escolher aqueles que lhe convierem. Bastamte similar a esse argumento é também o do "Acúmulo de Poeira Cósmica" nos oceanos.

Há outros argumentos criacionistas que cometem todos os erros ao mesmo tempo. Um exemplo notável é o do "Decaimento do Campo Magnético da Terra", que se baseia em um fenômeno real porém parcial e temporário, pois o Campo Magnético do planeta apresenta diversas anomalias e variações cíclicas ao longo dos tempos e há fenômenos de queda e aumento ocorrendo simultaneamente em vários níveis. Esse argumento também extrapola ao afirmar que a taxa de decaimento seria exponencial, e ainda ignora que o Campo Magnético também é afetado por diversos outros fatores como raios cósmicos e ventos solares. (Pode ser visto Aqui e refutado Here.)

Porém existem também argumentos que funcionam de outros modos, sem exatamente atacar a Idade Antiga da Terra. Um deles, o dos "Registros Históricos", frisa que todos os eventos registrados historicamente datam de menos de 6 mil anos atrás. Essa é uma típica inversão de raciocínio. A escrita só surge a partir de 4.000 AEC, sendo impossível registros precisos anteriores, a Bíblia ao ser escrita só contava com registros confiáves de pouco tempo precedente, o que cria a ilusão de um breve período histórico. Esse argumento simplesmente inverte o fato de que se os Criacionistas acham que a Terra é Jovem, é justamente pelo fato da escrita, que possibilitou a Bíblia, ser recente.

Há também um argumento que de fato tem rendido uma boa discussão no meio científico, e que seria a única prova direta de uma Idade Jovem para a Terra. Trata-se do argumento dos "Halos radioativos do Polônio-218", que se baseiam numa descoberta científica feita por um fundamentalista cristão chamado Robert V. Gentry, que detectou um fenômeno radioativo real em algumas rochas, que foi publicado e debatido em revistas científicas especializadas. Até hoje não se chegou a uma conclusão definitiva sobre o que causa o fenômeno, embora muitos cientistas o tem visto como um efeito colateral do decaimento do Urânio, mas ninguém a não ser os criacionistas aceitam que isso permita concluir, como o faz Gentry, que eles indiquem que essas rochas já surgiram frias e em menos de 3 minutos. Entre outros problemas, Gentry afirmou ter recolhido rochas de diversas partes do mundo, mas somente em algumas de um sítio no Canadá o fenômeno foi comprovado. (Há um tratamento completo HERE, abordando ambos os lados.)

Fato é que apesar de todos os esforços dos fundamentalistas cristãos, que são os responsáveis por todos esses argumentos mesmo quando são cientistas, até agora não há nenhuma evidência capaz de por em dúvida a Idade Terrestre de 4,5 bilhões de anos que a grande maioria dos cientistas invariavelmente detecta nas mais diversas observações sobre a natureza. Para os fundamentalistas que insistem numa leitura literal da Gênese, isso só pode ser explicado mediante uma conspiração maligna, iniciada por Darwin e o geólogo Charles Lyell, para atacar o Cristianismo, e que depois se tornou uma ideologia política e filosófica compartilhada pela comunidade científica.

O fato de que entre os cientistas estejam pessoas de todas as denominações religiosas e não religiosas possíveis não importa para os fundamentalsitas cristãos, uma vez que quem não está com eles está contra eles, e que todas as demais religiões assim como o agnosticismo, ateísmo e o materialismo podem ser reunidos num mesmo grupo, o de obras de Satanás.

Para os Criacionistas Fundamentalistas Cristãos, diante dos inúmeros dados constantes e harmônicos da natureza, perante a precisão da Matemática e Física, em frente ao trabalho árduo de milhões de pensadores e cientistas para aumentar nosso conhecimento sobre o mundo e melhorar nossa vida, a frase "Sabemos que somos de Deus, e que o mundo inteiro jaz no Maligno." I JOÃO [5:19], é a única coisa que eles consequem ver.

Marcus Valerio XR
Janeiro de 2004

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