QUAL A IDADE DA TERRA?
Menos de 6.000 ou mais de 4.500.000.000 anos?

Começarei este texto com a citação do emérito criacionista Thomas G. Barnes: "...os criacionistas estão perdendo tempo ao se empenharem em tentar refutar cada uma das gafes da linha evolucionista. A mais forte refutação à posição evolucionista é a idade jovem do universo e da terra; isto refuta toda a gama da evolução de uma só vez." Oceano de gafes na doutrina Evolucionista

Apesar de seu, com o perdão da palavra, esandecido texto, Thomas G. Barnes tem toda razão nessa afirmação. Se for demonstrado que a Terra é jovem, todo o paradigma evolucionista desaba imediatamente.

É curioso que muitas vezes os Criacionistas questionem a cientificidade da Teoria da Evolução, por vezes a acusando de ser Metafísica, não testável, quando na verdade eles mesmos se esforçam em demonstrar que ela é testável e refutável, condição fundamental para uma Teoria ser Científica. Para isso bastaria demonstrar que a Terra é mais jovem do que aparenta. Não precisaríamos nem mesmo chegar à marca de 10 mil anos como gostariam os Criacionistas, se a Terra tivesse menos de um Bilhão de anos já seria suficiente para comprometer o Evolucionismo.

Por outro lado, o mesmo não aconteceria com o Criacionismo. Quer seja a Terra Jovem ou não, o Criacionismo não seria refutado, mesmo porque há o Criacionismo de Terra Antiga. Isso é uma evidência de que o Criacionismo sim é uma hipótese intestável, não científica.

Mas não é sobre isso que trata este texto, mas sim sobre como e porque os cientistas entedem que a Terra é tão antiga. Meu Primeiro objetivo é demostrar que os motivos que levam os cientistas a considerarem uma Terra de 4,5 Bilhões de anos não são tão insondáveis como podem parecer. Com um pequeno mas divertido esforço, podemos entender boa parte deles.

O Segundo objetivo, no próximo texto é examinar a natureza das "provas" que os criacionistas alegam ter para argumentar que a Terra é Jovem, onde se pode ver que TODOS os argumentos, SEM EXCEÇÃO, podem ser desmenbrados numa estrutura tão simples que qualquer pessoa pode criar um novo a hora que quiser. Temos então um kit júnior: "Faça você mesmo seu Argumento para uma Terra Jovem!".

OS MITOS E A NATUREZA

Todos concordam que quando os seres humanos surgiram o mundo já existia, portanto desde os primórdios da história nos deparamos com uma imensa e misteriosa Terra à nossa volta. Para explicá-la os primitivos inventaram inúmeros mitos que contavam a criação do mundo, ou simplesmente declaravam que a Terra sempre existiu, que são as duas únicas possibilidades lógicas.

Talvez pelo fato óbvio que a mudança está em toda parte, e que nem mesmo as montanhas são eternas, chegamos a um consenso atualmente que o mundo e o Universo nem sempre existiram, como mitos muito antigos como a Gênese Bíblica já afirmavam. Segundo esta Cosmogonia, se vista literalmente, o Cosmo foi criado em 6 dias por um Deus Criador, e teria uma idade estimada entre 6 e 12 mil anos, não se tem certeza devido a imprecisão bíblica sobre certos períodos de tempo.

Há diversos outros mitos sobre a criação do Universo, mas um outro tão importante quanto o mito hebráico que baseia as religiões abraâmicas é o mito Hindu, que declara que o Universo foi criado por um deus chamado Bhraman. Mas há uma enorme diferença, é que na cosmogonia hindu, o Universo é criado e destruído num ciclo infinito, cada qual de 12 milhões de anos, que constituem um dia na vida do deus Bhraman. A idade total do Universo no Hinduísmo pode chegar a mais de 300 Bilhões de anos.

Os hindus possuíam a vantagem de ter desenvolvido uma Astronomia, herdada depois pelos Babilônicos, que entre outras coisas era capaz de detectar o ciclo do movimento de precessão terrestre, que dura 26 mil anos, coisas que os hebreus jamais sonharam nem mesmo depois do cativeiro babilônico.

Mas ainda assim, mitos são mitos, eles repousam em última instância na imaginação humana e na autoridade de sacerdotes. Se quisermos saber a Idade da Terra com precisão, devemos observar cuidadosamente a natureza, e ver o que ela nos sugere.

Algumas árvores gigantes podem viver mais de 5 mil anos, e se vemos uma delas já grande, podemos deduzir que ela está ali há muito tempo, e se ela veio da semente de uma outra, e de outra e de outra, podemos retroagir indefinidamente para o passado.

Mas por mais que tentemos examinar a natureza, não nos livramos da influência dos mitos, e nosso mito ocidental mais popular diz que Deus criou tudo, inclusive as árvores gigantes, há menos de 10 mil anos. Portanto, a primeira das grandes árvores, assim como os primeiros animais, não teriam nascido e crescido, mas sido criados já prontos.

Mas deixemos os mitos e voltemos à natureza. Examinando atentamente, percebemos que nada é estável, mesmo as rochas sofrem mudanças. É e exatamente examinando as rochas que muitos pensadores começaram a desconfiar que algumas características da natureza não concicidiam muito bem com a idéia de uma criação repentina.

Observemos essa imagem por exemplo. A ação da erosão que desgasta as rochas revelou parte de sua estrutura interna, e podemos ver claramente camadas sobrepostas. Por analogia, imaginemos como se fazem bolos confeitados.

Se misturamos e assamos a massa toda de uma vez e despejamos numa bacia, e depois cortamos o bolo depois de esfriado, notamos que ele fica como uma massa homogênea. Mas se fazemos primeiro uma camada e despejamos na bacia, e depois esperamos esfriar para depositar outra, vemos que podemos fazer um bolo com vários níveis de massas diferentes.

Olhando para a foto acima, o que parece mais provável? Que as camadas de pedra foram depositadas de uma só vez ou que foram acrescentadas separadamente por intervalos de tempo?

Algumas montanhas como essa demonstram centenas de faixas, sugerindo que ocorreram centenas de deposições de rocha. Notamos também que as formações rochosas são bem irregulares, algo muito diferente do que quando fazemos esculturas cuidadosas com argila. Na maioria das vezes elas não parecem ter sido moldadas seguindo qualquer padrão. É como se a rocha antes estivesse líquida, tal como a massa de uma bolo ou massa de cimento, e depois secou com o tempo.

Porém uma quantidade enorme de rocha líquida com certeza não seca tão rápido como uma fina camada de bolo. Quem vive perto de vulcões pode confirmar isso. A lava derretida pode demorar dias para esfriar, e se percebemos o fato óbvio de que quanto maior a massa, mais tempo ela demora para esfriar, podemos deduzir que uma montanha como essa da foto demorou no mínimo algumas dezenas ou centenas de anos para ficar como está.

Mas o mais importante, é que percebemos que ela condiz muito mais com a idéia de uma construção lenta e gradativa, em etapas, do que com a idéia de uma criação repentina e instantânea, e que seu formato irregular combina muito mais com a idéia de uma mistura desordenada, tal como quando deixamos cair respingos de cimento no chão, do que com a idéia de que houve um cuidadoso e planejado processo de construção.

É claro que podemos dizer que um Deus todo poderoso poderia ter feito a montanha instantaneamente com essa aparência, bem como poderia ter criado um mundo que não apresenta nenhuma regularidade geográfica de propósito. Mas isso é apenas uma das possibilidades, se continuarmos considerando a outra, podemos continuar examinando a natureza e procurando respostas que ela mesmo nos dá.


BATATA QUENTE

Os mitos podem ser muito belos e fascinantes, mas a natureza pode ser ainda mais. Mesmo na Idade Média, os teólogos admitiam que existia a Teologia Revelada, que se baseava na Bíblia, e a Teologia Natural, que seria o estudo da Natureza, e como Natureza e Bíblia seriam obras do mesmo autor, a teologia natural era outra forma, indireta, de se conhecer Deus.

Mas voltemos ao mero exame da natureza. Se investigarmos a Terra notaremos que seu interior é quente. Existem vulcões que expelem fogo e lava das profundezas para nos lembrar disso, e basta descer alguns quilômetros no subterrâneo para percebermos que o calor aumenta.

Os naturalistas, principalmente a partir do século XVIII, já haviam percebido isso. Se quanto mais descemos na Terra, mais ela esquenta, se toda vez que lava é jogada na superfície ela esfria, e considerando que a superfície não fica cada dia mais quente, não seria então razoável supor que ela esteja esfriando?

Se esquentarmos um objeto qualquer num forno e depois o deixarmos esfriar, notamos que a parte externa esfria mais rápido que a interna. É como uma batata quente. Ela pode até parecer fria por fora, mas uma abocanhada descuidada pode nos levar a queimar a língua. E quanto maior for o objeto, mais tempo ele demora a esfriar. Uma abóbora grande pode ficar fria por fora e conservar o miolo quente por um dia inteiro.

Desconfiado de algo semelhante, um naturalista chamado Lorde Kelvin resolveu fazer algo como descobrir quanto tempo uma "batata quente" do tamanho da Terra demoraria para esfriar.

Ora, uma pedra na verdade demora muito mais para esfriar do que uma batata, e a Terra é basicamente rochosa. Além disso, a Terra tem quase 13 mil km de diâmetro.

Considerando os materiais de que a Terra é feita, considerando seu tamanho, e supondo que um dia toda ela foi quente inclusive na superfície, Lorde Kelvin fez um cálculo matemático e descobriu que a Terra deveria estar esfriando há pelo menos alguns Milhões de anos, o que já é bem mais tempo do que nosso mito hebreu nos sugere.

Na verdade qualquer um pode fazer um cálculo bem simplificado que, mesmo sendo impreciso, fornece idades bastante maiores do que as de nosso mito hebráico. Imaginemos que uma batata doce arredondada de cerca de 13cm de diâmetro demore 1 hora para esfriar totalmente após sair do braseiro, e sabendo que o tempo de resfriamento é maior quanto maior for o tamanho da batata podemos fazer o grosseiro cálculo de que uma imaginária batata de uns 13 metros de diâmetro, 100 vezes maior, demoraria cem vezes mais tempo para esfriar, ou seja 100 horas, vamos arredondar para 4 dias para facilitar o cálculo. (E evitar o trocadilho "100horas" e Senhores!)

Considerando que a Terra tem cerca de 13 mil kms (13 milhões de metros), um milhão de vezes mais que 13 metros, basta então multiplicar 4 dias por um milhão. Quatro milhões de dias, que equivalem a mais de 10 mil anos!

Nesse momento um criacionista poderia dar um grito de vitória e afirmar que é exatamente essa a Idade da Terra, (baseado num cálculo infantil sobre uma batata quente), acontece que segundo esse raciocínio, a Terra estaria insuportavelmente quente na superfície, nenhum ser vivo sobreviveria! A Terra teria que estar esfriando há bem mais tempo.

Vimos então como mesmo um cálculo bobo, simples e ao alcance de todos, já é capaz de dar uma idade para a Terra bem maior que a do mito hebráico. Quanto tiramos esse cálculo da brincadeira e começamos a levar a sério, teremos que considerar vários outros fatores.

O primeiro deles é que materiais densos como rocha demoram muito mais para esfriar do que uma batata quente. E toda superfície da Terra é rocha sólida ainda que 3/4 dela estejam abaixo d'agua. Depois perceberemos que dobrando o volume de uma esfera quente, ela não necessariamente demora apenas o dobro do tempo para esfriar, mas sim bem mais que isso. Depois veremos que enquanto uma batata é aquecida a não muito mais do que 100 ou 200 graus, a lava que os vulcões despejam revelam que o interior da Terra é de milhares de graus.

Foi levando tudo isso e outras coisas em conta que Lorde Kelvin chegou a uma idade tão grande, e que depois outros naturalistas de sua época elevaram para algumas dezenas de milhões de anos e finalmente próximo a 100 milhões. Mas tudo isso antes da descoberta da Radioatividade, que viria a aumentar esse tempo imensamente.

DE MILHÕES PARA BILHÕES DE ANOS

É claro que um Deus todo poderoso poderia ter criado o mundo há menos de 10 mil anos, mas com a superfície já fria e o interior quente. Bem como poderia ter feito o mesmo há menos de mil anos, e se é todo poderoso, poderia ter criado tudo há um minuto atrás, inclusive as pessoas com as memórias já prontas, os livros de história já escritos, de modo que seria impossível descobrirmos isso por nós mesmos.

Qual o motivo disso permaneceria um mistério, mas uma coisa seria certa, ele provavelmente gostaria que nós pensássemos que o mundo é muito antigo, uma vez que forneceu várias evidências para isso.

Mas como já foi dito, essa idéia deriva de um mito, e mitos estão em toda parte do mundo dizendo coisas diferentes. Se o nosso mito hebráico dá um Universo de alguns milhares de anos, o mito hindu dá um de milhões, e o budismo dá um eterno.

Ao contrário dessa divergência de opiniões, a natureza nos diz sempre a mesma coisa. Ela é bem mais constante e harmônica do que nossas lendas e crenças. Em qualquer lugar do mundo pessoas, não importa quais suas crenças, podem assar batatas na fogueira, ou outro vegetal similar e perceber que ele esfria mais rápido por fora do que por dentro. Podem também observar camadas sobrepostas de montanhas e outros dados da natureza. O melhor de tudo, é que quando usamos a matemática, que é universal, para fazer cálculos sobre a natureza, obtemos resultados bastante mais próximos entre si do que o que nos dizem os diferentes mitos.

Já vimos que um simples raciocínio nos sugere uma idade de milhões de anos para a Terra, vários fatores contribuem para isso, como o fato de que, diferente de uma pedra quente que está perdendo calor em contato com o ar mais frio, a Terra está no espaço, e portanto perde muito menos calor para o vácuo. Além disso recebe constantemente calor do Sol e inclusive o impacto de meteoros que podem adicionar muito calor.

Mas o fato que mais acrescenta calor ao planeta é algo que pode ser entendido se voltarmos à analogia da batata quente. Imagine que introduzíssemos dentro da batata várias bolinhas de metal denso e depois aquecéssemos tudo. Isso já faria a batata demorar mais para esfriar, pois as bolinhas de metal acumulariam muito mais calor e demorariam mais para perdê-lo.

Agora imagine que, ao invés de simples bolinhas, adicionássemos pequenos objetos inflamáveis, que quando aquecidos permanecessem queimando durante vários minutos ou horas, aumentando indefinidamente o tempo de esfriamento.

É mais ou menos assim que acontece com a Terra, com a diferença que as reações químicas que ocorrem em seu interior não são simples materiais inflamáveis, mas o resultado da ação de vários elementos radioativos. Mas a importância desses materiais radioativos não é exatamente pelo tanto que eles podem ajudar a manter o calor da Terra, mas sim pela forma que eles oferecem de se medir a Idade da Terra quase como um Relógio.

Para isso, é necessário entender o fundamento no qual se baseia o mais famoso método, embora não o único, de medição da Idade da Terra. O Decaimento Radioativo, que infelizmente não é tão simples de ser entendido quanto a idéia de uma imensa bola de pedra incandescente esfriando. Mas, por incrível que pareça, ainda podemos usar uma didática analogia similar a da batata quente.

É simples. Imagine que temos um conjunto de bolinhas de metal magnéticas de igual tamanho e peso, e que podemos esquentá-las num forno preciso capaz de deixá-las sempre, cada uma, com 100 graus de temperatura. Uma coisa evidente, é que uma única bolinha demora menos para esfriar de que várias bolinhas juntas, agarradas magnéticamente. Com materiais, instrumentos e cálculos mais precisos, e sobretudo paciência, poderíamos prever com exatidão quanto tempo um conjunto de 40 bolinhas demoraria para esfriar por completo.

O Decaimento Radioativo apresenta uma idéia similar, com a diferença que cada bolinha é um átomo de um certo elemento, e que a perda de calor é a emissão de párticulas radioativas. Com instrumentos adequados pode-se examinar a velocidade com que um conjunto de átomos decai.

Esse decaimento é basicamente emissão de radiação, algo similar ao que acontece com os objetos que "brilham no escuro", que também emitem luz por tempo limitado. Os cientistas descobriram que alguns elementos químicos são Instáveis, isto é, eles emitem radiação até que se transformem em elementos estáveis, que não emitem radiação.

Alguns elementos decaem em miléssimos de segundos, outros em bilhões de anos, o tempo que uma quantidade de elemento radioativo demora para metade dele se tornar um elemento estável é o que os cientistas chamam de Meia-Vida. Vejamos alguns exemplos:

O Potássio-40 decai para Argônio-40 em 1,25 bilhões de anos. Isso significa que nesse período de tempo, metade do Potássio-40 terá se transformado em Argônio-40, da mesma forma que nossas bolinhas de metal, ou uma batata quente, teriam perdido metade de sua temperatura, e que um interruptor fosforescente teria perdido metade de seu brilho.

Outro exemplo é o Rubídio-87, que se torna Estrôncio-87 na meia vida de 48,8 bilhões de anos. O elemento original costuma ser chamado de Elemento Pai, e o derivado evidentemente de Elemento-Filho.

E o mais famoso é o Urânio-238, que se torna Chumbo-206 com meia vida de 4,5 bilhões de anos.

Para medir a idade de uma rocha, simplesmente pega-se uma pequena quantidade dela, dissolve-se e conta-se a quantidade de átomos instáveis e estáveis relacionados, então aplicam-se alguns cálculos matemáticos um tanto mais trabalhosos do que os que já fizemos aqui, e pode-se dizer há quanto tempo a rocha está fria.

Isso ocorre porque quando está em formação, incandescente, diversas reações químicas ocorrem na rocha líquida, que deixam de ocorrer após ela ficar sólida, passando a haver então reações bem mais discretas e sutis. Quando a rocha esfria, diversos elementos químicos estão espalhados por ela, alguns dos quais são instáveis e vão decaindo.

Quando os cientistas começaram a usar esse método para medir rochas, logo descobriram que a maioria das rochas da superfície da Terra possuía altas quantidades do Argônio-40, e baixas de seu Elemento-Pai, o Potássio-40. Isso significa que a maior parte do Potássio-40 já se transformou em seu Elemento-Filho, portanto a rocha existe a um tempo maior que a Meia-Vida destes elementos, que é de 1,25 bilhões de anos.

Por outro lado, encontram-se grandes quantidades de Rubídio-87 e baixíssimas de Estrôncio-87, o que significa que a rocha é bem mais jovem do que a Meia-Vida do Rubíbio-87, que é de 48,8 Bilhões de anos.

Porém, costuma-se encontrar quantidades parecidas de Urânio-238 e Chumbo-206, sugerindo então que a rocha tem um idade próxima a da Meia-Vida do Urânio-238. Como a grande maioria das rochas antigas da Terra, isto é, aquelas que não foram depositadas recentemente por vulcões, têm apresentado leituras de idade implacavelmente homogêneas, os cientistas estimam a idade da Terra nessa faixa aproximada da meia vida do Urânio-238, que é de 4,5 Bilhões de anos.

Na verdade, as rochas mais antigas já encontradas apresentaram idades de menos de 4 Bilhões de anos. Porém temos que levar em conta que os métodos de datação radiométricas fornecem idades a partir do momento em que a rocha esfriou e se solidificou, portanto é preciso somar isso ao tempo que ela demorou para esfriar.

Voltando aos cálculos de Lorde Kelvin, similares aos da batata quente, quando os cientistas calcularam o quanto de calor os elementos radioativos incandescentes acrescentariam ao planeta, a idade aproximada da Terra saltou de 100 milhões para mais de 1 Bilhão!

Com isso, somando-se vários métodos e tirando uma média, chegou-se ao consenso de que a Terra tem por volta no mínimo 4 e no máximo 5 bilhões de anos, cuja média é 4,5 Bilhões de anos, o que explica porque encontramos Urânio-238 e Chumbo-206 em amplas e equivalentes quantidades em praticamente todas as rochas antigas.

Digo praticamente, porque algumas rochas apresentam dificuldades ou mesmo impossibilidades de medição. Sempre há o risco de que parte do Elemento-Filho escape da rocha, ou que parte do Elemento-Pai seja adicionado posteriormente à rocha. Mas há métodos para compensar essas falhas, baseados na medição de outros elementos, e isso aliado a diversas medições em lugares distintos do planeta, tem sistematicamente dado aos cientistas resultados muito próximos há várias décadas, sustentando a média de 4,5 Bilhões de anos.

O TAMANHO DO UNIVERSO

Mas o Decaimento Radioativo não é a única evidência a nos mostrar um mundo, ou ao menos um Universo, muito antigo.

Hoje em dia ninguém parece discordar que a Luz se mova na velocidade limitada de cerca de 1.080.000.000 de Km/h, fato comprovado mediante várias experiências. Nem de que o Universo é extremamente vasto. Há vários métodos para medir a que distância nosso planeta está de uma estrela ou galáxia.

Por incrível que pareça um deles é bastante simples. Basta que num certo dia e horário você marque a posição de um certo astro no céu. Com instrumentos adequados é possivel fazer isso como se ele fosse um ponto fixo no teto. Depois de exatos 6 meses, marca-se a posição do mesmo astro no mesmíssimo horário, onde pode-se notar claramente que o astro fica numa posição diferente.

Por que 6 meses? Por que aí a Terra estará do outro lado do Sol, como sabemos a distância Terra-Sol, a Terra estará então cerca de 300 milhões de kms distante da posição que estava há um semestre. Se você estudou geometria, deve saber que se soubermos a comprimento de um dos lados de um triângulo, e seus dois ângulos internos adjacentes, podemos sem dificuldade calcular a distância dos demais lados.

Os ângulos são as posições diferentes do astro no céu. Com isso calcula-se a altura do triângulo e descobre-se a que distância estão as estrelas. E é bom lembrar que descobrimos a distância da Terra ao Sol por um método similar, que envolve matemática básica, assim como descobrimos o tamanho da Terra.

É devido a essa simplicidade que ninguém tem coragem de duvidar que algumas estrelas estão a dezenas de milhares de Anos-Luz de distância, que é o espaço que a luz percorre dentro de um ano, e que algumas galáxias estão há milhões e outras a bilhões de Anos-Luz.

Se a luz, que tem velocidade limitada, já chegou até nós, é porque partiu desses astros há bilhões de anos, por isso concluimos que o Universo é tão velho. Hoje, com outros métodos de datação, estima-se sua Idade em 13,7 Bilhões de anos. Muitíssimo mais do que a Bíblia afirma que Deus criou o Universo, e muitíssimo menos do que um vida do Deus hindu Bhraman.

Ora, se tantas outras galáxias similares as nossas são tão antigas, porque a nossa também não seria? Se admitimos que nossa Terra também é um planeta como os outros do Sistema Solar, assim como o Sol é outra estrela como milhões de outras, porque ela também não seria tão velha como os demais astros do Universo?

Na verdade ela é bem mais jovem, e é simples de entender porquê. Pois se ela era cada vez mais quente no passado, houve época que era tão quente que estava em estado líquido, e época em que estava em estado gasoso, assim como outros planetas do Sistema Solar. Ela apenas esfriou e se tornou sólida mais tarde que alguns astros, e mais cedo que outros.

Além de rochas terrestres, também foram medidas as idades de Meteoritos, rochas que vieram do espaço, e também das rochas lunares. Todos os resultados confirmaram a idade aproximada de 4,5 Bilhões de anos, que deve então ser a Idade não só da Terra, mas de outros planetas e asteróides no Sistema Solar.

Contudo, o surgimento da Terra ainda está envolto em mistério, embora não para quem acredita em mitos, mas já sabemos pelo menos sua Idade, e que ela outrora fora uma nuvem de gás quente.


A IDADE DO SOL

Outra evidência da antiguidade do Universo é a Idade do Sol. Com nossos métodos é possível medir o tamanho do Sol em cerca de 1 Milhão 320 Mil Kms de diâmetro. E descobrimos que ele é composto principalmente de dois elementos simples, Hidrogênio e Hélio. Como é possível saber isso?

Em parte graças a um aparelho chamado Espectrofotômetro, que é capaz de detectar delicadas frequências de ondas, inclusive cores. Mediante experiências na Terra, descobriu-se que os elementos químicos quando a certas temperaturas emitem luz em certas cores, e a luz do Sol apresenta exatamente a frequência do Hidrogênio e do Hélio em certas condições de temperatura e reação química.

Com isso pode-se medir com precisão a temperatura da superfície do Sol em cerca de 6 mil graus centígrados, e com o conhecimento de Física Nuclear, estimar que ele é basicamente uma queima progressiva que transforma Hidrogênio em Hélio, Fusão Nuclear.

Conhecendo os parâmetros desta reação, e estimando-se a massa do Sol, que pode ser deduzida pelo seu tamanho e sua força gravitacional, é possível avaliar entre a proporção de Hidrogênio e Hélio que o Sol está brilhando há cerca de 5 a 7 Bilhões de anos.

Com isso, temos um Universo de 13,7 Bilhões de anos, um Sol de cerca de 6 Bilhões de anos, e uma Terra de 4,5 bilhões de anos. É evidente que eles deveriam ser progressivamente mais jovens uns que os outros.

Essas medidas e várias outras tem sido bastante regulares e harmônicas na história da ciência, de modo que a Idade do Universo e da Terra nos círculos científicos está mais do que estabelecida pelas mais diversas evidências que interagem entre si.

CONCLUSÃO

Apesar destes métodos e de vários outros estarem sempre confirmando a Idade da Terra e do Universo, ninguém pode negar que isso não exclui a possibilidade de que um Deus poderoso poderia ter criado tudo com aparência de antiguidade. Teria criado as rochas emitindo sinais radioativos que nos fariam pensar que elas tem bilhões de anos, da mesma forma que teria criado os animais e as árvores já adultos na Gênese. Teria criado até mesmo um Universo de bilhões de anos-luz de tamanho mas com a luz já a caminho de nosso planeta.

Um Deus poderia ter um bom motivo para fazer isso, mas seria muito estranho que ele, fazendo isso, não fosse esperar que nós acreditássemos na perfeita ilusão que ele mesmo criou. Portanto podemos até afirmar que mesmo que exista um Deus que tenha criado um Universo jovem com aparência de antiguidade, isso não muda nada. Teremos que continuar acreditando na infalsificável ilusão deste Deus. Mas se considerarmos que esse Deus é o mesmo Deus Bíblico, porque ele nos forneceria duas fontes de conhecimento, a Natureza e a Bíblia, com tamanha discordância? E não só nesse aspecto mas em vários outros, como explico em meu texto BÍBLIA X CIÊNCIA, e em Outros Exemplos de Bíblia x Ciência.

E além disso, porque motivo devemos acreditar em uma religião e não em outra? Por que a Bíblia seria mais confiável que o Mahabarata hindu? Será mesmo a Bíblia Divinamente Inspirada?

Os Criacionistas "Científicos" acham que sim, e também apresentam suas "evidências" para uma Terra Jovem, que podem ser vistas no Próximo Texto.

Marcus Valerio XR
Janeiro de 2004

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