TERCEIRA PARTE DOS
COMENTÁRIOS DA Dra MÁRCIA OLIVEIRA SOBRE AS:


QUESTÕES SIMPLES QUE O CRIACIONISMO NÃO RESPONDE

Entro aqui na terceira parte deste diálogo que outrora se iniciou num aparente debate entre mim e Frank de Souza Mangabeira, e só recentemente este me informou que na verdade as respostas e comentários já eram da Dr. Márcia Oliveira de Paula.

Ao final devo atender uma justa solicitação da doutora e da maioria dos criacionistas em ilustrar como a Teoria Evolucionista vê o processo de criação de novas espécies, porém num nível mais abrangente, pois em meu exemplo anterior, que será comentado aqui, me referi apenas a algo que os criacionistas chamam de Micro Evolução.

ILUSTRAÇÃO DE PROCESSO EVOLUTIVO

Para evitar repetir exemplos clássicos de livros ou usar exemplos reais, formularei um raciocínio que ainda que hipotético, reflete bem a maneira como a Biologia entende o processo de especiação.

Imaginemos uma ilha onde há uma extensa planície de vegetação rasteira ao centro, uma floresta a oeste e formações arenosas a leste. Entre outras espécies, vive um tipo de felino de tamanho médio que chamaremos Grifon, devido a um tipo de juba nas costas que lembrariam assas.

Esses Grifons possuem um tamanho médio, e variam naturalmente cerca de 20% para maior ou menor, assim como pode ser observado em qualquer animal. Também a cor de seu pelo, normalmente amarela, varia para um amarelo claro ou escuro.

Essas variações se dão devido a Deriva Genética, o fato de que cada espécie produz descendentes ligeirmente diferentes de si, ou filhos seriam absolutamente idênticos aos pais. Isso ocorre devido ao processo de cruzamento resultar em misturas de genes, informações sobre as características da espécies, que sempre podem trazer novidades.

O que você citou acima não é deriva genética, é apenas consequência da recombinação. A deriva genética consiste em flutuações nas freqüências gênicas que ocorrem em populações pequenas, devido ao efeito do acaso. Enquanto a seleção natural favorece genes vantajosos em determinados ambientes, na deriva genética genes deletérios podem aumentar a sua frequência e até mesmo se fixar em uma população.

Bem, já o vi o termo Deriva Genética ser usado nesse sentido, como o responsável pela diferenciação normal entre membros da mesma espécie, mas concordo que ele possa ter sido mal empregado. De qualquer modo isso não afeta o conteúdo do texto.

Os Grifon maiores e mais pesados são mais fortes, os menores e mais leves são mais ágeis e rápidos. Eles podem caçar herbívoros grandes ou pequenos. Os maiores preferem pegar os grandes, que também são mais lentos, os menores preferem não enfrentar o herbívoros grandes, mas sim caçar os menores que são também mais rápidos. Os de tamanho médio possuem uma gama de opções maior.

A cor de pêlo amarela favorece o mimetismo a luz do dia, a capacidade de se disfarçar no ambiente e surpreender a caça, cores mais escuras favorecem o desempenho em período menos iluminados do dia, e as cores mais claras são menos vantajosas.

Porém a espécie está muito bem adaptada ao ambiente, de modo a ser estável. A maioria dos indivíduos apresenta a pelugem amarelada média e o tamanho médio, sendo que os escuros, claros, pequenos e grandes constituem parte minoritária da população, pois a Seleção Natural favorece a média.

Então numa certa época, devido ao movimento de placas, e erupções vulcânicas, a ilha acaba por se dividir, separando a população de Grifons, que ficam isoladas em ilhas distintas.

Na ilha Oeste a vegetação é mais alta e mais escura, ficando mais próxima a uma densa floresta, na ilha leste a vegetação é ainda mais rasteira, se aproximando de formações de areia clara. Com isso, as populações estarão agora submetidas a condições ambientais diferentes.

O ambiente da ilha Oeste favorece os indivíduos de pelo mais escuro, e de tamanho menor, pois a vegetação é mais emaranhada, e dentro da floresta não há grandes herbívoros mas sim pequenos.

Na ilha Leste a vegetação mais baixa e as planícies arenosas favorecem os indivíduos de pelo mais claro, assim como a presença de muitos herbívoros grandes favorece aos Grifons maiores e mais fortes.

Em ambos os casos, a Seleção Natural deixa de favorecer a média, e passa a favorecer os extremos. Antes, um indivíduo 20% maior tinha mais dificuldade em obter comida, agora, na ilha Leste passa a ter mais facilidade, e vice-versa.

Esses indivíduos dos extremos, que antes viviam menos, em piores condições e tinham menos chances de se reproduzir, agora passam a se beneficiar dos ambientes em que estão. Em algumas dezenas de anos, na ilha Oeste, o tamanho menor deixa de ser minoria para ser maioria, e o tamanho grande praticamente não tem chances de sobrevivência, sendo então eliminado. Temos então na ilha Oeste uma população de Grifons menores e de pelo escuro, e que também passa a cada vez mais adquirir hábitos noturnos.

Por outro lado na ilha Oeste, passa a haver Grifons maiores e de pele mais clara, de hábitos diurnos. O Grifon em sua forma original, tamanho médio e pelo amarelo em tom mediano, acaba sendo extinto.

Centenas de anos depois, as diferenciações vão se acentuando. Antes um tamanho 10% menor já era pouco comum, 20% era raro, e menor que isso praticamente inexistente. Agora na ilha Oeste, a média é um tamanho 20% menor que o original, e então ocorrências de tamanhos ainda menores tem mais chances para acontecer. O oposto ocorre na ilha Leste.

Chegara um momento em que a Deriva Genética terá se acentuado tanto, em direções opostas, que essas populações passam a ter códigos genéticos excessivamente diferentes para serem capazes de cruzar entre si, ficando então reprodutivamente isoladas, e finalmente se tornando espécies diferentes.

O exemplo que você citou não foi provocado por Deriva Genética, como já explicado acima, mas sim por isolamento geográfico seguido de seleção natural diferencial nas duas ilhas, devido ao ambiente ser diferente.

Aqui eu discordo, a Seleção Natural só funciona se tiver o "Quê" selecionar, ou seja, é necessário que haja uma variedade de características nos indivíduos, produzidas pela Deriva Genética. A não ser que o termo seja muito diferente de Variabilidade Genética, embora em muitos livros de biologia os dois sejam aplicados da mesma forma.

A especiação está concluída.

Se posteriormente elas puderem se encontrar de novo, devido a junção das ilhas a uma ilha maior, ou algum fenômeno tectônico reverso, não mais poderão se misturar, mantendo então seu estado de espécies distintas. Teremos então Grifon Escuro da Floresta, menor e mais rápido, e de hábitos noturnos, e o Grifon Branco das Estepes, muito maior e mais forte.

Há inúmeras outras maneiras de haver isolamento geográfico, podem ocorrer surgimento de cordilheiras, abertura de fissuras, formação de desertos ou etc, que separem mais rapidamente as populações. Ou ela podem simplesmente se espalhar e perder o contato com seus ancestrais. Com o tempo cada população se adapta ao ambiente, sofrendo uma série de mudanças, a forma original tende a desaparecer.

Este seu exemplo é ótimo para explicar como espécies diferentes de animais poderiam ter se originado após o dilúvio, por diferenciação de espécies semelhantes.

Com esse exemplo, podemos entender porque os animais da América do Sul são diferentes dos da África, e ainda mais dos da Oceania, pois antes havia um único continente, e após muito milhões de anos existem vários, onde as espécies passaram a se especiar segundo suas condições específicas. Por isso embora haja felinos, caninos e roedores tanto nas Américas quanto na África, eles são diferentes entre si.

Como nunca existiu Dilúvio Universal, e a Terra possui 4,5 Bilhões de anos, esses animais tiveram tempo mais do que suficiente para a partir de ancestrais comuns, darem origem a novas espécies relativamente estáveis, e que não sofrem mudanças perceptíveis em período menores de tempo, como menos de 10 mil anos.

Isso explica a existência de Capivaras exclusivas no Brasil, Cangurus na Austrália, ao mesmo tempo que explica por que há Ursos tanto na Ásia quanto no Canadá, pois são continentes mais próximos. Quando maior a distância entre as terras, mais as espécies tendem a se diferenciar.

Creio que esse exemplo sirva para ilustrar e responder algumas das perguntas feitas por Frank de Souza Mangabeira. Como eu disse, não precisei apelar para nenhum conceito que fuja a compreensão da maioria das pessoas, Seleção Natural e Deriva Genética são simples. Não precisei de nenhum milagre ou evento altamente improvável como migração organizada de animais através de extensos caminhos. Diferente do que os Criacionistas pensam, também não é necessária a participação da Mutação, pois ela em geral, sendo uma mudança muito drástica, tende a deixar o indivíduo em desvantagem com relação ao ambiente onde sua espécie está adaptada.

Esse exemplo pode até não ser cientificamente comprovável, pois não temos como promover uma experiência deste tipo, mas ele se baseia em fenômenos que de fato existem, e é perfeitamente coerente. Qualidades que o Criacionismo não tem.

Aqui está o grande problema de sua argumentação e de outros evolucionistas. Vocês se baseiam em pequenas mudanças plausíveis, que são observadas na natureza, ou seja, surgimento de novas espécies a partir de uma espécie ancestral e EXTRAPOLAM que mudanças muito maiores, nunca observadas na natureza e nem experimentalmente, seriam possíveis, bastando-se apenas ter ocorrido milhões ou bilhões de anos.

É exatamente isso! Se você aceita este exemplo, basta simplesmente multiplicá-lo em vários outros. Eu descrevi apenas um único processo que diferenciou duas populações de uma mesma espécie. Agora basta usar a imaginação e conceber processos semelhantes se repetindo em cada uma das populações, dividindo-as, e outros processos afetando as subdivisões mais e mais e assim por diante. Em milhões ou bilhões de anos os elos originais deverão ter desaparecido, e cada vez mais as espécies divergem entre si até serem tão diferentes que constituam filos distintos.

Esse processo porém jamais poderia explicar a variabilidade de espécies que temos hoje nos termos propostos pelos criacionistas, períodos de poucos milhares de anos. Simplesmente não há tempo sequer que de uma espécie original de felinos surjam animais tão diversos como leões, gatos, linces, panteras e etc.

E, ao contrário do que você afirma acima, as mutações teriam sido não só necessárias, como também indispensáveis. Afinal, o Neodarwinismo se apóia totalmente no tripé: Mutação, Recombinação e Seleção Natural. De acordo com o Neodarwinismo, "A mutação é a fonte básica de toda a variação hereditária; os demais mecanismo evolutivos utilizam a variabilidade que é produzida pelas mutações. Por isso, as mutações têm sido chamadas de "matéria-prima da evolução". (CARVALHO, I. S. Paleontologia. Rio de Janeiro, Editora Interciência, 2000. Cap. 5, pág. 65).

Espere! Eu disse que NESTE EXEMPLO não precisei utilizar o conceito de Mutação, e não que ela não faça parte! É evidente que a Mutação, principalmente ocorrendo em níveis discretos, fornece, juntamente com a Recombinação, a Variabilidade Genética, que é a Matéria Prima sobre a qual a Seleção Natural trabalha.

Mas nós sabemos que a grande maioria das mutações são deletérias e, como você citou acima, tendem a deixar o organismo em desvantagem.

Não. A grande maioria das mutações são inócuas, não implicando em diferença significativa. Quando há uma mutação drástica aí sim ela pode implicar em vantagem ou desvantagem, geralmente neste último caso pelo simples fato de que em geral as espécies já estão adaptadas a seus ambientes.

No entanto, é no carater recessivo de diversas mutações que muitas vezes está a chave do processo evolutivo quando as condições ambientais mudam, pois com isso qualquer diferença antes insignificante pode vir a ser vital, assim como a recombinação em novas condições podem tornar dominantes os genes recessivos.

Se uma bactéria que tem cerca de 4.000 genes evoluiu até dar origem ao homem, que possui cerca de 50.000 genes, como processos casuais e deletérios como a mutação poderiam levar a origem de todas esta informação genética?

Por que as mutações nem sempre, e geralmente não, são deletérias, elas são em geral insignificantes até que certas condições ambientais as forcem a fazer diferença. Quanto ao acaso, é por isso que a maioria esmagadora das espécies que já existiram se extinguiu, apenas uma porcentagem ínfima foi bem sucedida.

E lembre-se que a evolução não tem também a menor explicação acerca da origem deste 4.000 genes da bactéria.

Tem sim. Como eu já disse antes. Mas isso é outra história. O Criacionismo sim, não tem explicação alguma que não seja Milagre divino, e mais uma vez, tudo o que ele consegue explicar com um mínimo de propriedade o faz com o evolucionismo.

Não vou me arvorar a dizer que, como criacionista, tenho a explicação para tudo. Concordo que, para algumas das questões que você colocou, nós não temos boas explicações. Mas você termina o seu texto dizendo que vai ficar devendo uma explicação para o aumento da complexidade. Nem você, nem nenhum outro evolucionista, tem a menor explicação para isso. E com certeza ela não pode ser atribuída a mutações e seleção natural.

So se for com a "certeza" de que Deus fez tudo. Fora isso é a única explicação. Quanto ao que fiquei devendo, quitarei logo em seguida, mas mesmo sem fazê-lo creio que basta apenas um pouco de imaginação para se conceber o aumento da complexidade.

Não se trata de explicar como surgiram membros maiores, trata-se de explicar como surgiram membros em organismo que não os tinham. Não se trata também de explicar vértebras a mais, mas sim de explicar a origem de um esqueleto completo em peixes, que supostamente evoluíram a partir de animais que não os tinham. Não se trata de explicar o aumento da massa encefálica, mas sim o surgimento de cérebros completos e funcionais.

Aqui está o velho erro, ou sofisma, dos criacionista. Dizendo desta forma é como se alguém em são consciência tivesse dito que de um invertebrado, de repente, surgiu um animal com esqueleto completo, ou que de um ser acerebrado, subitamente, surgisse um ser com cérebro complexo.

Não é nada disso!

E não são apenas os criacionistas que questionam como a seleção natural poderia ter originado organismos complexos. Muitos bólogos evolucionistas que examinam organismos completos também especulam como o darwinismo pode explicar suas observações. Mae-Wan Ho e Peter Saunders queixam-se da seguinte maneira: “Passou-se aproximadamente meio século desde a formulação da síntese neodarwiniana. Grande volume de pesquisa foi realizado dentro do paradigma que ela define. Ainda assim, os sucessos da teoria se limitam às minúcias da evolução, tal como a mudança adaptativa da coloração de mariposas, ao mesmo tempo que pouquíssimo tem a dizer sobre as questões que mais nos interessam, como, para começar, de que maneira surgiram as mariposas.” (BEHE, M. A Caixa Preta de Darwin. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 1997, pág. 37). O texto se refere ao famoso exemplo de seleção natural, das mariposas claras e escuras, usado em quase todos os livros de biologia.

Sim, não são apenas os Criacionistas. Mas o evolucionistas não o fazem com o propósito de dizer que a Evolução não existe, mas sim que ainda há o que se explicar sobre ela. Mesmo assim, esse exemplo citado acima reflete, a meu ver, falta de imaginação.

Vou também terminar o meu texto com um exemplo simples. Segundo a teoria da evolução, todas as ordens de mamíferos existentes atualmente surgiram a partir de uma ordem de mamíferos do Mezozóico, que está extinta. Estes animais eram pequenos, tinham quatro patas e se assemelhavam a alguns mamíferos insetívoros que vivem atualmente. Animais como cães, leões, ursos, veados, esquilos, coelhos, morcegos, tamanduás, tatus, leões-marinhos, golfinhos e baleias se originaram supostamente a partir destes ancestrais. Veja que as diferenças existentes entre estes animais são muito grandes, embora sejam todos mamíferos. Quando observamos o registro fóssil dos mamíferos, vemos que não existem fósseis de elos intermediários entre estes grupos. Por exemplo, os primeiros morcegos a aparecerem no registro fóssil são muito semelhantes aos atuais, com asas completamente formadas. Portanto, é questão de opinião aceitar que estes animais tenham um ancestral comum, na ausência de evidência fóssil, e que se diferenciaram nos diversos padrões corporais citados acima, na ausência de um mecanismo evolutivo que explique isso.

Embora eu não aprove, eu até entendo porque certos evolucionistas se recusam a discutir certas questões. Os criacionistas insistem sempre nas mesmas teclas. AS EVIDÊNCIAS FÓSSEIS EXISTEM!!! Quem quiser fechar os olhos, azar! Mas mesmo que não existissem, hoje em dia temos espécies vivas em estágios evolutivos intermediários. Ainda hoje temos pequenos mamíferos quadrúpedes insetívoros, assim como médios mamíferos frutívoros e grandes mamíferos carnívoros e etc.

Somente com as espécies vivas atualmente, já é possível demonstrar umaa gradação, aliás foi isso, principalmente, que fez surgir as teorias evolucionistas.

Eu queria muito saber com que autoridade os Criacionistas deram os debates sobre os fósseis transicionais por encerrado e provado que eles não são transicionais, se a comunidade científica os considera sim como tais. E queria saber também com que cinismo os criacionistas afirmam que deveria haver registros fósseis de todas as espécies que já existiram, se eles mesmos são incapazes de mostrar registros fósseis ou mesmo não fósseis de uma migração organizada de Capivaras, Tatus e Pangolins do Oriente Médio, passando pela Ásia, Alasca, América do Norte, Central e finalmente América do Sul!

E o mecanismo evolutivo não poderia ser mais simples. Variabilidade Genética e Seleção Natural, que exemplificarei melhor mais adiante.

Muito pior que o exemplo acima é dizer que invertebrados evoluíram para originar os peixes, que peixes evoluíram originando anfíbios, que anfíbios originaram os répteis e que répteis deram origem a aves e mamíferos. Aqui você tem um aumento gradual de complexidade e surgimento de novos órgãos, estruturas e muita informação genética.

Com certesa é péssimo dizer isso, pois embora as espécies vivas nos sugiram essa gradação, seria muito ingênuo querer vê-la desta forma.

Mas talvez o maior argumento contra a evolução não esteja a nível de células e organismos, mas sim a nível molecular. Michael Behe, no livro acima citado, faz um extensa revisão bibliográfica em revistas e livros evolucionistas e conclui: "Mas a pergunta fundamental permanece sem resposta: o que teria levado sistemas complexos a se formar? Ninguém jamais explicou de forma detalhada, científica, como a mutação e a seleção natural poderiam construir as estruturas complexas, intricadas, discutidas neste livro." Pág. 179. Os sistemas a que o autor se refere são flagelos e cílios de bactérias, o mecanismo de coagulação do sangue, a bioquímica da visão e os sistemas de transporte intracelulares. E o autor continua: "A evolução molecular não se baseia em autoridade científica. Não há publicação na literatura científica - revistas de prestígio, revistas especializadas ou livros - que descreva como a evolução molecular de qualquer sistema bioquímico real, complexo, ocorreu ou poderia ter ocorrido. Há afirmações de que tal evolução ocorreu, mas nenhuma delas com base em experimentos ou cálculos pertinentes". Pág. 189. E ele conclui dizendo: "Para uma pessoa que não se sente obrigada a restringir sua busca a causas não inteligentes, a conclusão óbvia é que muitos sistemas bioquímicos foram planejados. Eles foram desenhados não por leis da natureza, não pelo acaso ou pela necessidade; na verdade, foram planejados." Pág. 195.

E eu concordo plenamente com Michael Behe!

Não que eu discorde totalmente, pois como já disse considero a possibilidade de um Evolucionismo Teísta, mas essa simples frase já revela a precipitação de alguém que quer, com muita boa intenção talvez, provar que exista um Ser Inteligente por trás de tudo.

Talvez até seja verdade, e eu gostaria muito que fosse. Sou simpático à proposta do Design Inteligente e tenho pouco a dizer contra isto.

Mas eu gostaria de saber em que isso ajuda os Criacionistas. As questões que coloquei foram direcionadas ao Criacionismo de Terra Jovem Diluviano, ao qual Behe não dá o menor crédito.

Será que os criacionistas pensam que, após a razoavelmente bem articulada pesquisa de Behe surgirão, num processo evolutivo, pesquisas cada vez mais direcionadas e tão bem argumentadas até que se cheque a uma confirmação literal de tudo o que Bíblia diz?!

Os evolucionistas teístas, em especial os discípulos de Behe, tem até vergonha da existência dos criacionistas e detestam ser comparados a eles, muito mais ser confundidos, como infelizmente fazem alguns evolucionistas mais radicais.

Behe nada, ou muito pouco, tem a contribuir com o Criacionismo, talvez tenha a contribuir com o Evolucionismo em geral, e teria o grau máximo de contribuição para indivíduos como eu, propensos ao evolucionismo teísta.

Mesmo assim, eu ainda insisto em dizer que Behe não conseguiu colocar o Evolucionismo Tradicional em cheque. E muito me impressiona que os criacionistas, e certos evolucionistas não consigam ver outras possibilidades para os problemas que ele propõe.

É o que pretendo fazer a seguir.


Finalmente, é chegado momento de prosseguir com meu exemplo de ilustração de processo evolutivo. Devo agradecer mais uma vez à Dr. Márcia, pois sem a reclamação dela eu acho que tão cedo não me proporia a retomar esse importante assunto.

O que quero demonstrar aqui, é que basta hiperbolizar a situação anterior, no sentido de conceber várias situações semelhantes em sequência, para termos um resultado que os criacionistas considerariam como MACRO EVOLUÇÃO.

Usarei duas ilustrações. A primeira continuará a estória dos Grifons, desta vez num processo cumulativo que terminará em duas espécies distintas, uma primatóide, com mãos capazes de manipular objetos, e outra alada, para já demonstrar a falta de imaginação dos criacionistas em não conseguir entender como os animais alados podem ter surgido por meio da evolução.

Nesse primeiro exemplo, como partirei de um exemplo de animal fictício similar aos felinos que possuímos, o resultado final com certeza será algo um tanto exótico, no sentido de inexistente em nosso mundo atual.

Na segunda ilustração procurarei conciliar não só um exemplo de surgimento de novos órgãos como oferecer alternativas às ratoeiras de Behe, e propor que há sim modos de se conceber o surgimento de estruturas complexas e novas partindo de organismos mais simples.

Como disse Einstein certa vez, "A Imaginação é mais Importante que o Conhecimento". Afinal sem imaginação o conhecimento é inútil, ou inacessível. Por isso considero a falta de imaginação de certos teóricos bastante comprometedora.

Estarei entrando então na área da FICÇÃO CIENTÍFICA, por sinal minha especialidade, para os exemplos a seguir, e me deparo já de início com uma dificuldade análoga à do próprio processo evolutivo real.

Por incluir o acúmulo de diversas variações sucessivas ao longo de um extenso período de tempo, eu não poderia explicar uma transição extrema com o mesmo detalhismo do exemplo anterior, ou o texto ficaria no mínimo 10 vezes maior, por outro lado não posso também resumir demais os processos, sob risco dos exemplos parecem insuficientes ou mal elaborados.

Portanto espero ser capaz de atingir um bom meio termo, me conformando desde já, que boa parte da eficiência destas ilustrações dependerá da boa vontade e imaginação do leitor.

CONTINUAÇÃO DA ILUSTRAÇÃO DE PROCESSO EVOLUTIVO
- Com os Fictícios Grifons -

Eu meu exemplo anterior, expliquei como um certo animal que denominei de Grifon, por possuir espesas jubas nas costas que lembrariam asas, se especiou, devido a uma divisão geográfica da população, em Grifon Branco das Estepes, cerca de 20% maior que o original, e no Grifon Escuro da Floresta, 20% menor que o original.

Numa processo que necessitou de dezenas de milhares de anos, esses animais embora aparentados, já não mais podem cruzar entre si. Agora vamos imaginar uma série de condições que obriguem ambas as espécies a seguirem caminhos cada vez mais divergentes até haver um resultado final onde as espécies não serão sequer fisicamente parecidas.

OS GRIFONS BRANCOS

Comecemos com o Grifon Branco, que caça manadas num terreno de estepes, ou se aventura num ambiente mais arenoso. Os indivíduos mais amarelados levam vantagem na estepe por se camuflarem melhor com a vegetação do ambiente, assim como precisam ser grandes e fortes para abater as manadas de herbívoros robustos que existem no local.

Os Grifons mais claros se saem melhor nos terrenos arenosos, pois a areia é clara. Além disso neste local a uma grande incidência de animais que se refugiam em buracos no solo, de modo que um tamanho menor favorece os indivíduos que tentam capturar esses animais em suas tocas.

Uma nova situação geográfica, talvez o desvio de um rio, ou uma praga que eliminou parte da vegetação em uma certa faixa termina por isolar as duas populações, e assim os Grifons mais brancos passam a viver num ambiente cada vez mais arenoso, em alguns locais até desérticos, e a pelugem branca os favorece cada vez mais, da mesma forma que os tamanhos menores vão sendo favorecidos.

A variabilidade genética também fornece a estes indivíduos patas dianteiras mais ou menos compridas e fortes, assim como unhas mais ou menos recurvadas e resistentes, porém, como a maior oferta de alimentos está em animais que se escondem em tocas, os Grifons de patas mais eficientes vão sendo beneficiados, e após uns séculos todos os indivíduos possuem patas mais fortes, mais compridas e com garras mais eficientes, ao passo que antes tais indivíduos eram minoritários.

Novas mudanças climáticas tornam o ambiente ainda mais seco, e a oferta de água começa a escassear, assim como a de alimentos, e dessa forma os animais menores, que demandam menor quantidade de alimentos, passam a ser os sobreviventes ideais, assim como um porte mais delgado e flexível se torna cada vez mais necessário para se introduzirem em tocas e capturarem animais escondidos.

Em alguns milhares de anos, a variabilidade genética e a seleção natural terão dado origem ao Grifon Branco do deserto. Cerca de 30% menor que o Grifon Branco das Estepes, de pelugem bem mais clara, e com patas dianteiras mais delgadas, compridas, ágeis e de garras mais recurvadas e fortes. Como os hábitos de caça destes animais não mais exigem grande velocidade, e sim paciência para vigiar as tocas, as velocidade de corrida do animal passa a não ser mais importante, e as pernas traseiras passam a ser menores e mais compactas, adaptadas a se agarrarem à entrada dos buracos e puxarem o animal de volta.

Por fim, o animal passa a ter metade do tamanho e peso do Grifon original já extinto, já estando também isolados dos demais Grifons Brancos que ainda vivem nas estepes.

OS GRIFONS ESCUROS

Agora vamos voltar à população de Grifons Escuros das Florestas, que se adaptaram a viver em intrincadas selvas e assumiram coloração ainda mais escura. O mesmo fenômeno que acentuou a desertificação da outra ilha, torna a vegetação da floresta desta ilha mais seletiva, com a diminuição das chuvas, as árvores maiores, e de raízes mais profundas, são selecionadas e com o tempo parte da vegetação mais baixa deixa de existir, resultando numa floresta onde as árvores são mais altas mas a vegetação de superfície se torna mais aberta.

Com a liberação de espaço na superfície, certas espécies de animais maiores começam a surgir na floresta, reduzindo a oferta de caça na superfície, e os Grifons então necessitam cada vez mais de procurar alimento em árvores mais altas, onde os outros animais não alcançam. A derivação genética já fornecia indivíduos cerca de 20% maiores ou menores, assim como indivíduos mais ou menos flexíveis e ágeis. Os menores e mais ágeis levam vantagem na disputa pela caça nas árvores.

Alguns milhares de anos depois, a Evolução terá resultado no Grifon Escuro Trepador, com notável habilidade de subir em árvores, e saltar de árvores para árvores, bem como se introduzir por entre os ramos mais fechados, resultando em indivíduos cada vez mais esquios e ágeis.

Por processos análogos, as árvores passam a se tornar mais afastadas, pois suas raízes profundas passam a competir no subterrâneo, assim como suas frondosas folhas passam a ocupar áreas maiores.

Havia então Grifons com maior ou menor capacidade de saltar entre uma ávore e outra, assim como, e finalmente aqui entra a função já prevista das jubas nas costas, jubas mais densas auxiliam a planagem. Como ao saltar os grifons instintivamente se esticam e abrem os membros dianteiros para alcançarem as árvores, a seleção natural favorece os que possuem maior envergadura, assim como os mais leves.

Ao longo da vida, o exercício do salto faz os animais desenvolverem cada vez mais as patas dianteiras, assim como estica e fortifica a pele que liga a carne dos membros ao corpo, e onde nascem pelos espessos. Aqui entra um caráter genético que poderia ser recessivo. Alguns Grifons possuiam genes que lhes permitia maior elasticidade na pele e nos músculos estriados, e que antes não era muito relevante, mas agora, os favorecidos desenvolvem membranas entre os membros e corpo maiores.

Desse modo um animal mais magro e leve, mais comprido e delgado, com um couro mais elástico e recoberto de pelos mais espessos vai se tornando o saltador ideal, e temos então o Grifon Saltador.

OS GRIFONS DO DESERTO

Muitos milênios mais tarde, os Grifons Brancos do Deserto são animais mais esguios, para se introduzirem nas tocas, de membros dianteiros ainda mais avantajados e versáteis, assim como de tato mais sensível e dedos mais dinâmicos, os que os permitem agarrar com maior eficência os animais, ou perceberem quando devem retirar as patas. Como algumas vítimas reagem, seus dedos, se tornam mais hábeis e sensíveis. Tudo isso graças a deriva genética que fornecia características diversas e antagônicas para as patas, e cuja natureza favoreceu as patas de dedos mais ágeis e sensíveis.

Ao introduzir as garras no chão, os Grifons do Deserto podem sentir pela unhas as vibrações mecânicas do ambiente, de modo que a Seleção Natural favorece aqueles de sentidos mais aguçados, capazes de, pela vibração, detectarem onde mais provavelmente se escondem animais. Da mesma forma agora os animais são cada vez mais voltados a prestar atenção em baixo, de modo que a Evolução os força a serem mais recurvados, mais parados, pois não há animais grandes para que possam perseguir, e mais pacientes e mais atentos ao ambiente. Também as jubas nas costas já quase desapareceram, pois elas atrapalham o desempenho nas tocas.

Uma nova vegetação rasteira, muito comum nas tocas, passa a ser muito consumida pelos roedores que servem de alimento aos Grifons, como estão acostumados a ingerí-la indiretamente, os Grifons passam então a consumi-las também diretamente, não como substituto alimentar mas como um modo de alimentação complementar.

Milhares de anos depois, alguma outra espécie macro ou microscópica passa a tornar os animais das tocas cada vez mais raros, de modo que os Grifons passam a depender cada vez mais dos vegetais que aprenderam a comer.

A Seleção Natural passa então a favorecer aqueles indivíduos que mais apreciavam ou cujo organismo melhor aproveitava os vegetais, e alguns milhares de anos mais tarde, alguns passam a viver exclusivamente destes vegetais subterrâneos, muitos na forma de raízes, e suas patas passam então a ser ainda mais delicadas e sensíveis para poderem detectar com o tato esses vegetais, assim como para conseguir extraí-los com mais eficiência.

Uma característica em especial começa a ser selecionada. Como os Grifons permanecem a maior parte do tempo parados, de tocaia, ou se movendo devagar, a Seleção Natural favorece os menos agitados e mais tranquilos, assim como os mais atentos ao ambiente, e da mesma forma, favorece a coleta em grupo, pois vários Grifons em grupo tem mais chance de localizar algum alimento, e o que o fizer, chama a atenção dos outros.

Se tornam então animais cada vez mais sociais, e os indivíduos de melhor comportamento de grupo vão sendo favorecidos, de modo que mais uns vários séculos, os Grifons Brancos Cavadores se tornam animais cada vez mais grupais e menos nômades, de modo que muito da alimentação que conseguem costuma se concentrar em certos pontos.

DE VOLTA À FLORESTA

Os Grifons Saltadores são agora animais bem mais magros, esquios, de braços dianteiros longos, com uma ampla membrana elástica dos membros frontais ao abdômen, sendo estes, assim como costas e braços, recobertos com amplos e espessos pelos que lhes dão a aparência de usarem capas.

Novos fatores climáticos produzem agora ventos mais fortes que se infiltram na floresta, por algumas áreas abertas. Como os Grifons já aprenderam a planar, passam a se beneficiar também de certas correntes de ar, e aqueles indíviduos que possuem melhor perceção ambiental passam a ter sua habilidade de planagem melhorada por conseguirem aproveitar as correntes de ar.

Como a espécie tem sido muito bem sucedida, se expande, e atinge os limites da ilha em que vivem entrando em contato com a orla marítima. Com o aumento da população o alimento começa a escassear de modo que muitos indivíduos desenvolvem modos de caçar outros animais, alguns não estão nas árvores mas sim em campo aberto.

Agora temos os Grifons Planadores, capazes de subir em árvores altas e se lançar silenciosamente, inclusive rumo a campos abertos onde certos animais são mais vulneráveis, o que os obriga a saltos cada vez maiores e planagens ainda mais duradouras. Alguns indivíduos, ao perceberam que estão caindo mais rápido do que pretendiam, apresentam o hábito de abrirem e fecharem os braços, como se tentassem se agarrar no ar. Como essa atitude acaba por gerar deslocamentos de ar capazes de prolongar o vôo, os que apresentam esse comportamento passam a prolongar seu vôo com muito maior amplitute.

Digamos que mais algumas eras se passem e os Grifons das Florestas abrangem os Trepadores, que se mantém ainda nas florestas mais fechadas, os Saltadores, que habitam as florestas mais abertas, e os Planadores, que habitam florestas próximas a campos abertos.

Porém um novo período geológico traz uma seca que passa a diminuir as florestas e escassear sua diversidade, e os Trepadores e Saltadores ficam compromentidos, porém os Planadores que viviam próximos a locais com rochas elevadas, ou montanhas ao lado de florestas, conseguem sobreviver graças a aprenderem a se lançar do alto de pedras em campos abertos.

Mais umas eras e o planeta começa a esquentar, e o nível dos mares sobe, de modo que habitações da orla marítima são agora inundadas. Muitas espécies morrem nesse processo, mas os Grifons Planadores tem a habilidade de planar de uma rocha para a outra, sobrevoando a superfície coberta pela água do mar. Com o auxílio dos ventos marítimos, os Grifons que já possuíam boas habilidades de interação com o vento, passam a ser capazes de planar com ainda maior eficiência, assim como o hábito de agitar os braços para prolongar o vôo é agora muito mais reforçado e onipresente.

Finalmente, temos então, após talvez um milhão de anos, os Grifons Voadores das Praias.

Novos movimentos tectônicos e o subir e descer dos mares acabam por revelar novas ilhas, que vão sendo pouco a pouco habitadas pelos Grifons que também aprenderam a capturar pequenos animais voadores, e com isso vão se aproximando de uma outra massa de terras, bem maior, para onde alguns grupos migram e entram em contato com animais muito estranhos.

O REENCONTRO

Vejamos agora os Grifons Brancos, que outrora vivam no deserto arenoso, mas agora também aprenderam a viver próximos a rios, florestas e praias, vivendo então da coleta de raízes e frutas.

Eles não tem mais jubas nas costas, andam devagar e sempre em grupo, desenvolvendo uma forte união social. Suas patas dianteiras são agora sofisticadas, com garras flexíveis e hábeis em cavar, esgravatar e cortar alimentos, bem como segurá-los e trazê-los à boca para utilizarem os dentes.

Por estarem sempre juntos, a capacidade de comunicação entre eles se aperfeiçoou, a seleção sexual favoreceu aqueles mais empáticos com seus companheiros, de modo que a complexidade dos comportamentos desta espécie elevou-se grandemente.

Nos locais onde habitam, não há muitos grandes predadores, e os poucos que existem não representam uma ameaça sigficativa para a espécie, pois embora a evolução tenha deixado de favorecer a agressividade ou garras e dentes mais perigosos, esses Grifons Sociais ainda trazem em sua bagagem genética a ferocidade necessária para enfrentarem situações de perigo.

Com o aumento da vegetação, a alimentação é farta e fácil de se obter, e sobra muito tempo para que os Grifons Sociais brinquem uns com os outros, se acasalem e desenvolvam cada vez mais comportamentos de grupo sofisticados.

Um dia porém, os Grifons Sociais, que estão acostumados a manter sua atenção da linha do horizonte para o chão, são surpreendidos por estranhos animais que passam a atacá-los do alto. Esses predadores são diferentes de tudo o que eles já viram e poem em sério risco principalmente os filhotes dos grupos.

São os Grifons Voadores, predadores vorazes aperfeiçoados por eras de evolução e capazes de se alimentar de toda uma variedade de animais, e que devido a escassez de animais menores nesta região passam a atacar os Grifons Sociais.

Uma luta feroz pela sobrevivência se iniciará, e é difícil prever o resultado. Essas espécies um dia já foram uma só, mas hoje são tão diferentes que parecem nada mais ter em comum.

Imaginemos o velho Grifon original. Um animal de cerca de 3m de comprimento, como um leão, com uma espessa juba nas costas, amarelado, robusto, com pernas dianteiras e traseiras bem distribuídas, garras curtas e largas e membros grossos.

Imaginemos agora os delgados Grifons Sociais, que não medem mais que 1,5 metro de comprimento, membros dianteiros bem finos compridos e delgados com garras longas e finas. Brancos, sem jubas nas costas e pernas traseiras curtas, já insinuando um desequilíbrio entre membros anteriores e posteriores que poderiam vir a resultar nos princípios do bipedismo.

E o Grifons voadores, de cor escura, longas asas dianteiras e espessas capas de pelos, 1m de comprimento e muito leves.

A Evolução também se encarregou de distanciar as funções cerebrais destes animais, assim como seus sentidos e consequentemente todos os seus hábitos. Considerando que eu não idealizei nenhuma grande catástrofe durante esses período, é possível que jamais se encontrem fósseis das fases intermediárias entre essas espécies, e se um dia pesquisadores humanos achassem um fóssil do velho Grifon das Estepes, talvez estivessem se perguntando onde estão as espécies transicionais entre estes ancestrais e os atuais Grifons Voadores e os Sociais.

Ou talvez uma catástrofe venha a ocorrer agora, aumentando enormemente as chances de fossilização dos atuais Grifons e num futuro muito distante pesquisadores os localizassem e também se perguntassem onde estão os fósseis transicionais entre o Grifon das Estepes e o Grifon Voador.

Quem sabe depois alguém encontrasse um fóssil de um Grifon Saltador e o apresentasse como uma evidência do processo evolutivo, mas outro poderia contestar: É apenas uma outra espécie! Onde estão os transicionais? E se achassem o fóssil do Planador, ainda se poderia perguntar: Sim! Mas é o intermediário entre o Planador e o Voador?

Ou talvez os Grifons Sociais sobrevivam, desenvolvam meios de combater os Grifons Voadores. Essa nova situação irá selecionar uma variedade diferente, exigindo muitas habilidades novas. Isso poderá acelerar o processo evolutivo, e quem sabe centenas de milhares de anos depois os cérebros e os membros dianteiros destes animais tenham se desenvolvido o suficiente para usar ferramentas e desenvolver cultura.

Com a simplicidade de uma inteligência rudimentar mas a genialidade do potencial, muito provavelmente eles inventem uma série de visões de mundo, inclusive o mito do Grande Grifon Divino. E talvez, muito milhares de anos depois, tenham desenvolvido tecnologia suficiente para se telecomunicarem pelo planeta, e quem sabe dois deles estarão debatendo através de sistemas remotos de comunicação sobre suas origens.

Um dizendo sobre como poderia ter ocorrido o processo evolutivo que os fez ser quem são, e o outro preferindo acreditar na criação do mundo em 6 dias e na sua própria criação vindo do barro, obras do Grande Grifon Divino.


ILUSTRAÇÃO DE PROCESSO EVOLUTIVO II
- O surgimento de novos Órgãos -

Devo agora atender a uma outra requisição. Na ilustração anterior mostrei, usando a imaginação, como a Evolução baseada no Neo Darwinismo poderia ter transformado um animal original em versões finais irreconhecíveis. Não se trata apenas de uma especiação de um tipo "felino" para outros "tipos felinos", como aceitam os criacionistas. Um tipo original poderia ao longo de milhões de anos dar origem a descendentes tão diferentes que não poderiam ser agrupados na família. Não seria apenas simples variações sobre um mesmo tema, mas reformulações amplas. Dessa forma, um esquilo, um urso e um tigre podem ter o mesmo ancestral.

Porém os criacionistas irão sem dúvida querer mais, e perguntarão sobre como é possível surgir um "novo órgão".

Não que seu seja capaz de fornecer todo e qualquer tipo de explicação, mas me impressiona como pode haver tanta dificuldade paras certas pessoas, uma vez conhecendo as peculiaridades de uma teoria, imaginar seus desmenbramentos.

No exemplo anterior nem cheguei a mencionar Mutações, portanto seguirei agora um caminho diferente. Primeiro iremos mudar o enfoque do mundo macroscópico para o microscópico. Isso se justifica porque entre as espécies mais evoluídas simplesmente não existem estruturas completamente diferentes umas das outras. Nada há num lobo que um gorila não tenha similar.

Idealizemos então uma criatura simples. Similar a um espermatozóide. Possui um corpo na forma de ovo onde possui seus sistemas de manutenção principal, com uma boca na entrada, e um flagelo posterior usado para se locomover.

Sabemos que todas as características desta criatura são definidas em seu código genético, para simplificar vamos nos concentrar em algumas estruturas hipotéticas. Digamos que parte do código desta criatura, que contém seu planejamento, possa ser representado pela expressão:

C10 B4 F9

Sendo:
"C" a parte do código relativo ao tamanho potencial do CORPO ovóide, que apresente em geral 10 unidades protéicas que determinam seu tamanho máximo.
"B" relativo à BOCA.
"F" relativo ao FLAGELO.

Claro que a criatura teria vários outros parâmetros, mas nos concentremos nesses.

Esse ser se reproduz emitindo mínusculas cópias de si mesmo que contém seu código genético, mas como acontece inequivocamente entre os assexuados, muitos dessas "cópias" não são idênticas ao original, apresentando variações como:

C09 B4 F8, C10 B4 F7, C11 B3 F9, e etc. O que resultam respectivamente num indivíduo um pouco menor e de flagelo mais curto, um de tamanho normal e flagelo ainda mais curto, outro de tamanho maior, boca menor e flagelo normal.

Chamemos essas criaturas de "FLAGIS".

Notamos que já há uma diversidade entre esses seres. Embora sejam todos da mesma espécie, apresentam diferenças entre si. Como sua sobrevivência depende de conseguirem se moverem rápido e conseguirem o máximo de alimento possível, notamos que o Segundo FLAGI do exemplo acima está em desvantagem, pois seu flagelo curto lhe confere menor velocidade, o mesmo pode-se dizer do terceiro, pois sua boca menor capta menos alimento.

Continua...

Marcus Valerio XR



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